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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Desafios da maternidade

Rotina de trabalho, de cuidados dom�sticos e com os filhos se intensificou na pandemia, impactando a sa�de f�sica e mental


04/07/2021 04:00 - atualizado 02/07/2021 15:01

A pandemia impactou profundamente a vida dos trabalhadores, e em particular a da mulher, que sempre teve jornada maior
A pandemia impactou profundamente a vida dos trabalhadores, e em particular a da mulher, que sempre teve jornada maior (foto: PublicDomainPictures/Pixabay )


“A pandemia impactou profundamente a vida dos trabalhadores, e em particular a da mulher, porque historicamente ela j� � respons�vel, al�m do trabalho externo, pelos afazeres dom�sticos e a educa��o dos filhos. Hoje, isso vem mudando, muitos maridos e companheiros t�m ajudado nessa miss�o de cuidar da casa, mas, ainda assim, elas sofrem um impacto muito grande da sobrecarga de trabalho.”

� o que afirma Gisele Guilhermino, professora de psicologia do UniBH. Segundo ela, de todas as maneiras, a pandemia impactou a sa�de emocional e f�sica da mulher.

E isso tem um impacto grande na perda da qualidade de vida. Em alguns casos, pode haver benef�cios, porque as mulheres est�o mais pr�ximas dos seus filhos, mas isso depende muito da estrutura familiar que essa m�e vivencia.

“Se ela tiver uma estrutura familiar colaborativa, isso vai impactar de uma maneira me- lhor. Mas se ela n�o tiver uma estrutura colaborativa em casa, certamente h� um impacto bem forte na quest�o emocional”, afirma.
 
E tudo isso em um contexto em que n�o houve op��o. Ou seja, as m�es n�o optaram pelo isolamento social, pelo home office ou por educar seus filhos em casa. Foram consequ�ncias de uma cat�strofe sanit�ria mundial. Sem escolha e somente com consequ�ncias.

“Os impactos mais sentidos pelas mulheres s�o o esgotamento mental e f�sico. O estresse traz muitas consequ�ncias. H� queda de cabelo, ins�nia, irritabilidade, entre outros. Tudo isso faz parte do estresse, do esgotamento mental e do esgotamento f�sico.”

Andreia Barreto, professora e coordenadora do Centro Universit�rio UNA, destaca que, neste contexto, o apoio familiar, o acolhimento e o afeto s�o imprescind�veis para que a mulher m�e consiga passar por esse momento sem muitos danos.

“A divis�o de tarefas em casa de forma justa, para mulheres que t�m companheiro, � uma �tima dica. Uma recomenda��o tamb�m � a pr�tica do mindfulness, um conjunto de t�cnicas que ajudam a focar no momento presente, sem deixar o passado ou o futuro afetarem, tornando a mente mais desperta e saud�vel.”

Professora Gisele Guilhermino com o filho Davi, de 10 anos: ela recomenda que a mãe tire um tempo para também cuidar de si
Professora Gisele Guilhermino com o filho Davi, de 10 anos: ela recomenda que a m�e tire um tempo para tamb�m cuidar de si (foto: Arquivo Pessoal)
Gisele Guilhermino recomenda, ainda, que a m�e abra um espa�o na agenda para si, nem que seja de uma hora. “Que esse momento seja s� dela para fazer uma caminhada ao ar livre ou outras atividades de que goste, mas que ela esteja refletindo sobre a vida e em contato com ela mesmo. Outra coisa que eu acho importante � que a mulher se conhe�a e entenda os seus limites, sem cobran�as e culpas”, afirma.

Afinal, a m�e � um ser humano, que erra, acerta, mas que principalmente precisa se reconectar e cuidar de si tamb�m.

APROXIMA��O 


Se por um lado a maternidade se tornou cansativa e, em alguns casos, sin�nimo de esgotamento mental e f�sico, durante o isolamento social, algumas m�es puderam se reconectar com seus filhos de forma mais harm�nica.

“Isso � importante, temos visto m�es que apontam que agora conseguem estar mais pr�ximas dos filhos, acompanhar o crescimento e criar la�os de afetos. A quarentena proporcionou a oportunidade de pais e m�es passarem um outro tipo de tempo em fam�lia, conhecendo-se melhor, aprendendo novas formas de conviver, de brincar, de se amparar e de ser resiliente em um per�odo dif�cil.”

� o que explica Andreia Barreto. Foi assim com a bab� Maria Luciana Fernandes Gon�alves, de 41 anos. M�e de tr�s filhos, ela cursa odontologia com uma de suas filhas, Sara Ketelyn, de 23. Para a m�e, estudar junto com a filha foi um crescimento pessoal muito significativo. No in�cio, houve momentos de diverg�ncias, nos quais Maria ach

ava que deveria se impor, por�m, ap�s conversa sincera, elas estreitaram os la�os de uma rela��o que j� era boa, mas que ganhou mais espa�o para intera��o, companheirismo e amizade. “Quando n�o concordamos com alguma opini�o, vamos logo procurar a resposta nos livros, n�o tem por que discutir, a gente agora se ajuda a todo tempo”, conta.


GRATA SURPRESA 


Apesar dos desafios e da sobrecarga, ser m�e em meio � pandemia vai al�m de aproxima��o e uma hist�ria de companheirismo. “� um momento t�o m�gico na vida das mulheres que o isolamento pode trazer ainda mais conex�o com o beb�. Rela��o essa t�o importante para m�e e filho”, pontua Andreia Barreto.

Para Renata Canabrava, a quarentena permitiu uma vivência maior com o pequeno Gabriel
Para Renata Canabrava, a quarentena permitiu uma viv�ncia maior com o pequeno Gabriel (foto: Arquivo pessoal)
E essa foi a grata surpresa de Renata Canabrava, de 44, professora de moda da Una Cidade Universit�ria e agora m�e adotiva de Gabriel Canabrava Peixoto, de 1 ano e 6 meses.

 “Era uma quinta-feira, 5 de mar�o de 2020. Meu telefone tocou, estava no trabalho. Chamada n�o identificada, voz desconhecida. Eu esperava por aquele telefonema h� seis anos e dois meses. Aquela voz suave e cheia de cuidados falava formalidades. Ca� em prantos. Estava anestesiada e a �nica coisa que me separava dele era a dist�ncia de poucos quil�metros”, conta.

“No dia seguinte, fui conhec�-lo. A boca seca. A sala pequena. Pouco mais de quatro meses, chegou pelos bra�os de um anjo. Finalmente, os pequenos olhos castanhos me encontraram e sorrimos. O sorriso se misturou com as l�grimas. Ganhou meu colo e ali minha vida mudou. Na sexta-feira, 13 de mar�o, o levamos para casa, que nunca mais foi a mesma. Ali�s, nada nunca mais foi como j� tinha sido. Os efeitos da pandemia, que havia dado suas caras em fevereiro, nos levaram ao confinamento naquela segunda-feira (16/03). Tudo novo de novo, em apenas 10 dias”, relembra Renata.

Segundo ela, a quarentena imp�s uma rotina intensa de companheirismo com o pequeno Gabriel, mas com alguns de- safios. “Ter me tornado m�e na pandemia trouxe por acr�scimo a intensidade da presen�a. No per�odo da licen�a, passamos a maior parte do tempo juntos e sozinhos, aprendendo a confiar um no outro em um processo sem m�gicas, com riso, choro, inseguran�a e amor. A intensidade da presen�a me permitiu ver cada descoberta de pertinho, ao mesmo tempo em que a exaust�o me fez sentir m�sculos do corpo que eu desconhecia.”

Para Renata Canabrava, os desafios diante da realidade do trabalho remoto, somados aos cuidados com a casa, com o filho e toda a carga mental que tudo isso exige, fortaleceram os la�os de fam�lia. Tarefas e responsabilidades compartilhadas com o marido e um bom planejamento semanal t�m sido fundamentais para que a rotina da casa e o trabalho fluam. “A maternidade foi e tem sido minha bolha de aprendizado nesta pandemia.”

*Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram



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