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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Autopuni��o e amor-pr�prio: � poss�vel ressignificar a autopercep��o

� importante entender que a autoestima n�o � produto que se pega na prateleira da sa�de mental e tudo se resolve


11/07/2021 04:00 - atualizado 08/07/2021 13:04

Assuma o compromisso de evitar julgamentos nocivos ou desvalorizar-se infligindo punição a si (foto: Ava Sol/Unsplash)
Assuma o compromisso de evitar julgamentos nocivos ou desvalorizar-se infligindo puni��o a si (foto: Ava Sol/Unsplash)


Assuma o compromisso de evitar julgamentos nocivos ou desvalorizar-se infligindo puni��o a si. H� como viver de maneira mais leve, mesmo lidando com todos os obst�culos destinados a cada um. Do contr�rio, correr� o risco de paralisar, estagnar e de perder a capacidade de se amar e, consequentemente, o pr�ximo.

Cynthia Dias Pinto Coelho, psic�loga c�nica e sex�loga, explica que a autoagress�o psicol�gica pode ser definida como um comportamento cujo padr�o de julgamento � severo ao extremo, marcado pela autodesvaloriza��o, cr�ticas excessivas a si mesmo, desqualifica��o de suas caracter�sticas f�sicas, pessoais ou profissionais.

S�o situa��es em que ocorrem di�logos internos pejorativos, feitos de forma dura diante dos pensamentos ou a��es cotidianas, puxando o sujeito para baixo, colocando-o como algu�m insuficiente ou incapaz de lidar com as situa��es do dia a dia.

“Normalmente, a autoagress�o est� ligada a sentimentos inadequados ou distorcidos sobre si mesmo, de baixa autoestima, da sensa��o de insufici�ncia ou falta de amor-pr�prio. Esses sentimentos podem ter origem na inf�ncia, marcada por cr�ticas e julgamentos frequentes vindos dos pais e da fam�lia, mas tamb�m podem ser fruto de uma autopercep��o equivocada acerca de si mesmo ou em consequ�ncia de alguma frustra��o diante de objetivos n�o alcan�ados, sem a devida persist�ncia ou capacita��o.”
  
A psic�loga lembra que, em algum momento da vida, todo mundo j� se chamou de lerdo, burro, incapaz ou feio, por exemplo, em situa��es em que o resultado fora diferente do planejado, e isso n�o � patol�gico. Conforme Cynthia Dias, a patologia ocorre quando a pessoa sempre se desqualifica, n�o se satisfaz com seus resultados e conquistas, deixando de ver seus pontos fortes para exaltar suas fraquezas numa postura autopunitiva. 

Cynthia Dias Pinto Coelho, psicóloga cínica e sexóloga, explica que a autoagressão psicológica pode ser definida como um comportamento cujo padrão de julgamento é severo ao extremo(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )
Cynthia Dias Pinto Coelho, psic�loga c�nica e sex�loga, explica que a autoagress�o psicol�gica pode ser definida como um comportamento cujo padr�o de julgamento � severo ao extremo (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press )
Cynthia Dias enfatiza que esse comportamento � bem comum nas pessoas perfeccionistas e extremamente exigentes, que tendem a querer a��es e atitudes de perfei��o, esquecendo-se de que o erro e a imperfei��o fazem parte do car�ter humano e que s�o essas as atitudes que os impulsionam para conquistas, aprendizados e mudan�as.

“Para elas, a situa��o sempre poderia ter sido melhor, diferente do que foi, e assim deixam de vibrar com alegria pelas suas realiza��es. H� um toque de insatisfa��o e pessimismo em tudo e corre-se o risco de elas se apresentarem como aquelas pessoas que sempre reclamam ou criticam, aquelas que p�em um defeito em si e tamb�m nos outros, tornando-se rabugentas, reclamonas e insatisfeitas.”

Segundo Cynthia Dias, elas s�o diferentes das pessoas que usam a autocr�tica como base para o desenvolvimento pessoal, crescimento e melhoria, pois o objetivo da queixa passa pelo julgamento duro de seu comportamento, atitude ou personalidade pela simples autoflagela��o.


MEDO DE FALHAR : A AUTODESVALORIZA��O


Conforme a psic�loga, esse comportamento � encontrado tanto em homens quanto em mulheres, mas, em geral, a mulher se cobra e se critica pouco mais, j� que acaba por assumir m�ltiplas fun��es e jornadas, dentro e fora de casa. Pela quest�o da estrutura��o da sociedade, ela  � mais cobrada a “provar” sua capacidade e, com isso, pode se tornar cr�tica severa de si mesma. 

Normalmente, a autoagress�o est� ligada a sentimentos inadequados ou distorcidos sobre si mesmo, de baixa autoestima, da sensa��o de insufici�ncia ou falta de amor-pr�prio

Cynthia Dias Pinto Coelho, psic�loga c�nica e sex�loga



Para Cynthia Dias, ainda que alguns convivam desde sempre com a autodeprecia��o, � poss�vel mudar esse padr�o de comportamento por meio de um processo terap�utico que aborde a ressignifica��o de autopercep��o, a reconstru��o do amor-pr�prio e uma leitura n�o idealizada de si mesmo.

Ela explica que existem psicopatologias, como a depress�o ou o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), que podem ter em seus sintomas, entre outros, o sentimento de constante desvaloriza��o de si mesmo, uma sensa��o de insufici�ncia diante dos desafios ou at� das tarefas cotidianas. As pessoas ansiosas podem ter baixo autoconceito, criticando-se previamente antes que algu�m o fa�a, num mecanismo de defesa.

J� as impulsivas, que acabam por ter atitudes impensadas ou inconsequentes, tamb�m acabam por se autodesvalorizar, j� que suas a��es podem ter consequ�ncias desastrosas, corroborando com o autoconceito ruim de que ela sempre faz tudo errado. Num grau de patologia mais profunda, algumas pessoas chegam a se punir por meio da automutila��o e at� mesmo do suic�dio. “Nesses casos, deve-se procurar um m�dico psiquiatra e psic�logo para o devido tratamento, que pode incluir o uso de medica��o e sess�es de psicoterapia.”

De qualquer forma, a autodesvaloriza��o traz muito sofrimento e ang�stia, fazendo com que, al�m de se sentir mal e sempre se sentir insatisfeita consigo, a pessoa se limita, evitando a��es que considera ousadas para si, como, por exemplo, tentar disputar uma vaga de promo��o no trabalho, desistir de tentar se aproximar amorosamente de algu�m a quem muito admira, por se sentir “feia, inferior ou desinteressante”, n�o se reconhecendo como merecedora daquele amor ou daquele emprego.

“Vale ressaltar que uma pessoa pode ser totalmente segura de si em um setor de sua vida e totalmente autodepreciativa em outro. Ela pode se sentir segura e competente no �mbito profissional, estabelecendo uma carreira de sucesso, mas se sentir insuficiente na vida amorosa, fugindo de relacionamentos construtivos e de boa qualidade por se ver incapaz de sustent�-los, acabando por dizer que 'tem o dedo podre no amor'. Na verdade, a sua inseguran�a n�o lhe permite confiar no amor do outro. E assim o preju�zo para sua vida � grande, pois ela acaba por abandonar seus sonhos, desistindo seja daquela rela��o, carreira ou estudos. 

Cynthia Dias alerta sobre os sinais que indicam que voc� est� se maltratando, para que possa logo pegar outro caminho: “Voc� percebe que est� sendo t�xico e abusivo consigo mesmo quando se desqualifica e se critica com frequ�ncia, quando n�o consegue rir dos pr�prios erros e trope�os, perdoando-se generosamente por suas falhas, quando cuida de todos, mas n�o cuida de si mesmo, quando se desdobra para atender � vontade alheia, mas n�o move uma palha para a realiza��o da sua felicidade ou nem sequer sabe reconhecer quais s�o as suas necessidades para ser feliz”.

Para a psic�loga, talvez o primeiro passo seja parar de olhar a grama do vizinho e passar a olhar amorosamente para si e para as suas conquistas. “Depois, � preciso ser paciente e tolerante com seus erros e medos, entendendo que eles fazem parte da jornada. Por fim, ter orgulho de si mesmo, independentemente das circunst�ncias, pois ainda que n�o se consiga alcan�ar o objetivo final, tentar melhorar e evoluir, sem desistir, � um passo e tanto para se chegar � felicidade. Voc� � a �nica pessoa que estar� sempre com voc� mesmo; portanto, ame-se.”

"ESPELHO, ESPELHO MEU..."


Psicóloga Renata Feldman garante ser possível desenvolver o autoamor, mudando o olhar, ressignificando o passado e as crenças negativas carregadas vida afora(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Psic�loga Renata Feldman garante ser poss�vel desenvolver o autoamor, mudando o olhar, ressignificando o passado e as cren�as negativas carregadas vida afora (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)


A autodeprecia��o mina a autoestima e abala profundamente as rela��es afetivas e interpessoais, a come�ar pela rela��o mais importante que existe: a do sujeito consigo mesmo. A afirma��o � de Renata Feldman, psic�loga cl�nica, escritora e psicoterapeuta humanista com foco nas rela��es afetivas.

“Em primeiro lugar, � preciso reconhecer o quanto essa postura de vida faz mal: � danosa, capaz de gerar sofrimento e fragilidade diante de todos os setores da vida: familiar, amoroso, social e profissional. A deprecia��o envolve um processo de compara��o com o outro e consequentemente diminui��o de si. � preciso buscar ajuda psicoter�pica para ressignificar as cren�as negativas acerca de sua singularidade, seu modo de existir no mundo, e fortalecer assim a autoestima.”

Qual seria a origem de algumas pessoas terem a cobran�a e a autocr�tica interna t�o fortes e presentes? Para Renata Feldman, a inf�ncia � um importante lugar para revisitarmos no intuito de buscar compreender as fontes de uma autoestima fragilizada. � “l�”, nesse precioso espa�o de intera��o com os pais, educadores, amigos, vizinhos, que a crian�a escuta mensagens negativas a seu pr�prio respeito: “Voc� � burro!”; “Voc� faz tudo errado!”; “Desse jeito voc� n�o vai dar em nada!”; “Voc� s� me d� tristeza!”; “Voc� n�o presta!”.

Seja por inabilidade emocional, dificuldade de se conectar afetivamente ou mesmo por uma baixa autoestima, esses “mensageiros” muitas vezes n�o t�m no��o do estrago que podem gerar na autoestima daqueles que os escutam.

A deprecia��o envolve um processo de compara��o com o outro e consequentemente diminui��o de si. � preciso buscar ajuda psicoter�pica para ressignificar as cren�as negativas acerca de sua singularidade, seu modo de existir no mundo, e fortalecer assim a autoestima

Renata Feldman, psic�loga cl�nica



“E a� gera-se um ciclo vicioso: a crian�a n�o � vista como uma pessoa boa, capaz, inteligente, vitoriosa... e segue vida afora vivenciando a autodeprecia��o. Se n�o recebeu palavras amorosas em rela��o ao seu modo de existir no mundo, dificilmente vai receber essa importante carga afetiva de si pr�prio. Mas isso pode ser ressignificado, reconstru�do em um processo psicoter�pico. � l�, diante do terapeuta, que o sujeito ir� chorar seu passado, se ouvir, se libertar de seus fantasmas e mem�rias mais do�das.”
 

AUTOAFIRMA��O: DESENVOLVER O AUTOAMOR

 
Renata Feldman, portanto, garante que � poss�vel desenvolver o autoamor. E de que forma? “Mudando o olhar, ressignificando o passado e as cren�as negativas que foram carregadas vida afora, causando sofrimento e dor. Ao passo que a autodeprecia��o vai sendo desconstru�da, a autovaloriza��o ganha espa�o por meio do autocuidado, seja ele f�sico ou emocional. Acima de tudo, se priorizar, como bem nos lembra a cl�ssica fala da aeromo�a: 'Em caso de despressuriza��o, m�scaras de oxig�nio cair�o automaticamente. Puxe uma delas, coloque-a sobre o nariz e a boca, e somente depois ajude quem estiver ao seu lado, mesmo que crian�as ou idosos'. � isso. Quest�o de sobreviv�ncia: aprender a se colocar em primeiro lugar.”

A psic�loga enfatiza que ao se autoafirmar uma pessoa ruim em diversos sentidos, o sujeito cria paradoxalmente uma esp�cie de escudo protetor em rela��o ao olhar do outro. � como se, ao se rotular de forma t�o negativa, o outro n�o precise fazer isso (e se fizer, n�o ser� uma surpresa, um susto, uma quebra violenta de expectativa).

“S� que esse reconhecimento negativo e na maioria das vezes desproporcional, equivocado, distorcido de si mesmo, acaba desprotegendo o indiv�duo, que entra num ciclo emocional vicioso de enfraquecimento e fragilidade ps�quica, afetando a sua vida de forma global.”

AUMENTE O SOM


Quem canta seus males espanta: aumenta o som(foto: Bernd Everding/Pixabay )
Quem canta seus males espanta: aumenta o som (foto: Bernd Everding/Pixabay )


Uma lista com sugest�es de m�sicas para se soltar, ver que todos podem se sentir para baixo em algum momento, que est� tudo bem, mas o quanto � importante se aceitar, se amar...
  1.  “Beautiful”, de Christina Aguilera: a cantora fala sobre baixa autoestima, inseguran�a e supera��o, uma can��o inspiradora.
  2.  “Flawless”, de Beyonc� e Nicki Minaj: m�sica para a mulher se sentir empoderada e poderosa.
  3.  “Who you are”, de Jessie J: can��o chama a reflex�o: vale a pena trair quem voc� �?
  4. “Felicidade”, de Marcelo Jeneci: o compositor lembra que n�o somos felizes sempre, e est� tudo bem, e que � poss�vel encontrar a felicidade na forma de ser.
  5. “In my blood”, de Shawn Mendes: a m�sica fala sobre superar momentos dif�ceis e que n�o devemos ter medo de pedir ajuda � queles que amamos.
  6.  “Born this way”, de Lady Gaga: a estrela diz que n�o h� nada de errado em amar quem voc� �.
  7.  “Firework”, de Katy Perry: a letra ensina que todos s�o importantes e especiais e que � preciso lembrar disse sempre que ficar� para baixo.
  8. “Man! I feel like a woman”, de Shania Twain: cl�ssica, hino da liberdade de poder fazer o que quiser, sem medo de ser julgada.
  9. “All About that bass”, de Meghan Trainor: o refr�o diz: “Eu vejo as revistas abusando daquele Photoshop /Sabemos que essa porcaria � uma ilus�o /Fala s�rio, fa�a isso parar / (...)”
  10. “This is me”, de Demi Lovato: a cantora pop canta: “Isso � real, essa sou eu / Estou exatamente onde eu deveria estar, agora /(...)”


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