
Nas bancas de jornal, portas de col�gio, salas de aula, camel�s da 25 de mar�o e na internet, o pop it � a nova febre das crian�as e se espalha com a velocidade de todas as manias nessa faixa et�ria. Com variedade de pre�os, cores e tamanhos, a procura pelas bolinhas de silicone apert�veis atingiu o pico de popularidade no Google na 1.ª quinzena de agosto, quando col�gios retomavam aulas presenciais. J� est�o dispon�veis em capinhas de celular, mochilas, estojos e s�o at� tema de festa infantil.
Alice, de 10 anos, foi apresentada ao pop it na escola por uma colega, que por sua vez descobriu o brinquedo na internet. Isso foi por volta de fevereiro e, hoje, ela j� tem seis modelos diferentes, que ganhou da m�e, do pai, da av� e do tio. Costuma passar cerca de cinco horas apertando as bolinhas.
"Antes, ela gostava muito de paper squish, que ela mesma fazia em casa com pel�cia, papel e fita adesiva . Eu gostava mais dele, porque � ela quem cria. O pop it � comprado pronto e � caro", conta Bruna Murrins, de 37 anos, empres�ria e m�e de Alice.
O paper squish � um objeto molinho que pode ser feito com uma s�rie de materiais e formatos, a depender do gosto da crian�a. Assim como o pop it pode fazer adultos se lembrarem da fun��o do tradicional pl�stico-bolha (com a diferen�a que a nova vers�o n�o "acaba"), o paper squish remete aos antigos bonequinhos feitos com bal�o e farinha.
O pop it e o paper squish t�m uma fun��o que ajuda a explicar por que ficaram t�o populares. Eles s�o "fidget toys", uma categoria ampla de brinquedos que podem ser apertados ou puxados e ajudam a aliviar o estresse, aumentar o foco e at� relaxar. Esses itens tamb�m podem ser �timas ferramentas auxiliares na educa��o.
A artista pl�stica Sabrina Neublum, de 43 anos, conta que a filha Maju, de 10, descobriu o pop it por v�deos do TikTok. Em semanas, ela j� tinha superado a onda do paper squish, ao mesmo tempo em que seus colegas no 5.º ano tamb�m aderiram � novidade. O que era para ser apenas passatempo se tornou um modo de a crian�a lidar com a ansiedade, que havia aumentado na pandemia, e ajudou at� a diminuir o h�bito rec�m-adquirido de roer unhas.
"Quando a gente comprou, n�o foi com esse intuito, mas percebemos que foi uma consequ�ncia", conta Sabrina. "Ela piorou demais na pandemia. Muito, muito. Ficou mais ansiosa. Ela faz uns brinquedos de papel com durex, que parecem almofadinhas, e isso aliviou, assim como o pop it", afirma.
Apesar de ser unanimidade entre as crian�as, o pop it enfrenta resist�ncia de alguns pais, principalmente pelo pre�o, que varia de R$ 20 a R$ 150.
A designer gr�fica Bruna Bruner, de 39 anos, diz que tentou se esquivar dos pedidos da filha por algumas semanas, mas cedeu e comprou um pop it, em formato de falc�o. "Achei muito caro. Era R$ 40, do tamanho da palma da minha m�o", conta.
A longevidade do interesse tamb�m n�o foi muito animadora. "Ela brinca, mas agora j� est� no meio de outras coisas. Por uma semana, virou a coisa preferida da vida."
Benef�cios e riscos
Fidget toys e at� atividades mais tradicionais, como o quebra-cabe�as e o desenho, podem ajudar no al�vio de quadros e sintomas leves da ansiedade em crian�as, mas alguns casos merecem aten��o especial. "S�o eficientes para aliviar a tens�o, o t�dio e a agita��o de crian�as, al�m de proporcionar autocontrole e regulamenta��o das emo��es, mas devem ser usados com modera��o", diz Ana M�rcia Guimar�es Alves, do Departamento Cient�fico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Ela explica que o uso dos pop its tamb�m precisa ter tempos estabelecidos e seguir regras, como ser evitado na hora das refei��es, na aula online ou em dias em que ele n�o � permitido nas escolas.
"O brinquedo em si n�o oferece nenhum risco porque n�o cont�m partes pequenas que podem ser ingeridas, causar asfixia ou ser introduzidas em algum orif�cio, al�m de que a tinta n�o � t�xica", diz a m�dica. "Mas quando h� um transtorno instalado e a crian�a apresenta muito sofrimento ou algum preju�zo pessoal ou escolar, � preciso avalia��o m�dica."