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Estado de Minas

Chance de mudar a idade biol�gica

Pesquisas indicam cuidados capazes de reverter danos acumulados. Resultados podem ajudar na cria��o de abordagens que evitem doen�as ligadas ao envelhecimento


03/10/2021 04:00

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. (foto: pixabay)

 

A idade biol�gica de um ser humano � contabilizada com base em mudan�as identificadas em seu organismo – como altera��es no DNA e inflama��es – e n�o apenas pelo passar dos anos, o que ocorre com a idade cronol�gica. Esse desgaste do corpo se tornou um tema bastante estudado por cientistas, que buscam formas de contorn�-lo e, dessa forma, impedir o surgimento de algumas enfermidades relacionadas ao envelhecimento.

 

Pesquisas recentes mostram que mudan�as na alimenta��o, melhora do sono, realiza��o de exerc�cios f�sicos, al�m de altera��es na microbiota do intestino, podem ajudar nessa tarefa. H� ainda ind�cios de que se achar mais velho pode estar relacionado a ter um organismo mais abatido fisiologicamente.

 

“A idade avan�ada � o maior fator de risco para a defici�ncia mental e a f�sica e para muitas doen�as n�o transmiss�veis, incluindo c�ncer, neurodegenera��o, diabetes tipo 2 e enfermidades cardiovasculares. Estudar o envelhecimento biol�gico, que chamamos tamb�m de epigen�tico, pode nos ajudar a lutar melhor contra esses problemas de sa�de”, enfatiza, em comunicado, Kara Fitzgerald, pesquisadora do Instituto de Medicina Funcional, nos EUA, e l�der do estudo, divulgado na revista Aging.

 

Fitzgerald e sua equipe selecionaram um grupo de 43 homens adultos saud�veis, com idade entre 50 e 72 anos, que foram inclu�dos em um programa de tratamento de oito semanas. Todos os participantes fizeram atividades para melhorias na dieta (uso de probi�ticos e fitonutrientes) e na qualidade do sono, al�m da pr�tica de exerc�cios f�sicos e relaxamento. Antes e depois do experimento, os cientistas contabilizaram a idade biol�gica dos participantes por meio da an�lise da saliva.

 

"Defendemos essas medidas. Elas parecem ser o caminho mais correto a ser seguido para reduzir os danos biol�gicos acumulados pelo corpo ao longo do tempo"

Kara Fitzgerald, pesquisadora do Instituto de Medicina Funcional, nos EUA e l�der do estudo

 

Ao comparar os dados, constatou-se que os participantes apresentaram redu��o da idade biol�gica em 3,23 anos quando comparados ao grupo de controle, que n�o foi submetido �s interven��es. Os cientistas adiantam que mais pesquisas precisam ser feitas, em um n�mero maior de pacientes, mas acreditam que as mudan�as de dieta e de estilo de vida podem ser uma boa alternativa para reverter o envelhecimento epigen�tico. “Defendemos essas medidas. Elas parecem ser o caminho mais correto a ser seguido para reduzir os danos biol�gicos acumulados pelo corpo ao longo do tempo”, afirma Fitzgerald.

 

Para Agostinho Moreira, ginecologista com atua��o em ci�ncias da longevidade humana da cl�nica Viva Mais, em Bras�lia, os dados do trabalho americano s�o interessantes, pois mostram como um fator que passa despercebido durante o cotidiano pode ser extremamente prejudicial � sa�de. “� interessante observar que os ganhos observados nesse estudo est�o relacionados ao controle do estresse, pois � algo que obtemos com a melhora do sono, a realiza��o de exerc�cios f�sicos e a reposi��o de nutrientes importantes”, pontua.

 

ESTRAT�GIA O especialista lembra que a influ�ncia do estilo de vida na gen�tica tem se mostrado a melhor estrat�gia para prevenir problemas de sa�de.  “Ap�s o estudo do genoma humano, as investiga��es nessa �rea cresceram bastante. Temos buscado conhecimento relacionado ao envelhecimento para que os seres humanos vivam mais e de forma mais saud�vel”, diz.

 

“Esses resultados nos mostram como esses fatores externos interagem com os nossos genes. � o que reflete a redu��o da idade biol�gica vista pelos cientistas e o que tamb�m temos refor�ado para nossos pacientes. Mudar a forma como voc� vive pode alterar o seu DNA e provocar outras atividades ben�ficas ao organismo, como a produ��o regular de horm�nios importantes.”

 

FATOR PSICOL�GICO O envelhecimento biol�gico tamb�m pode ser influenciado pela idade que uma pessoa acredita ter, segundo cientistas da Fran�a e dos EUA. “Em v�rios estudos, mostramos que uma idade subjetiva mais avan�ada est� associada ao sedentarismo, obesidade, risco de dem�ncia, hospitaliza��o e mortalidade. Resolvemos, agora, avaliar se essa rela��o existe tamb�m com o envelhecimento epigen�tico”, conta Antonio Terracciano, pesquisador da Universidade da Fl�rida, nos Estados Unidos, e um dos autores do artigo, publicado na revista Psychology and Aging.

 

Para a investiga��o, feita em parceria com especialistas da Universidade de MontPellier, na Fran�a, foram recrutados 2.253 adultos, com 30 a 70 anos, que responderam a um question�rio com perguntas relacionadas � idade que eles acreditavam ter. Em seguida, os cientistas realizaram testes de an�lise do DNA e do perfil inflamat�rio, a fim de avaliar a idade biol�gica dos participantes. A compara��o dos dados mostrou que os indiv�duos que se sentiam mais velhos do que a idade cronol�gica que tinham eram biologicamente mais velhos.

 

Antonio Terraciano pondera que mais pesquisas precisam ser conduzidas para entender os fatores relacionados � rela��o observada no estudo. Ele acredita que os dados atuais devem ser considerados por outros investigadores do tema. “Essa percep��o pessoal de envelhecimento pode ter uma influ�ncia na idade biol�gica junto com fatores como condi��es socioecon�micas, comportamentos de sa�de, caracter�sticas psicol�gicas e vulnerabilidades gen�ticas. Seria interessante incluir uma pergunta sobre a idade subjetiva em encontros m�dicos e observar o efeito das respostas dos pacientes com seus perfis cl�nicos”, sugere.

 

Vladimir Melo, psic�logo, avalia que a pesquisa internacional � interessante, apesar de n�o apontar para a raiz da liga��o entre a percep��o da idade e o envelhecimento epigen�tico. “O estudo confirma teorias antigas que associam o que pensamos e sentimos com manifesta��es som�ticas, propondo uma intera��o entre esses fatores. Contudo, n�o afirma que um causa o outro”, considera.

 

O psic�logo tamb�m acredita que os dados podem ser aprofundados em estudos futuros. “� interessante observar essa subjetividade influenciando processos f�sicos e vice-versa. � um tema relevante. Sendo assim, seria algo muito v�lido verificar mais a fundo essa rela��o entre aspectos subjetivos e epigen�ticos do envelhecimento.”

 

Flora intestinal vai se tornando exclusiva com o passar dos anos

 

Pesquisas recentes t�m mostrado que o microbioma intestinal � um dos sistemas mais relevantes do corpo humano, mas sua import�ncia no processo de envelhecimento ainda n�o � totalmente clara. Para entender melhor esse tema, cientistas dos Estados Unidos decidiram analisar a microbiota de indiv�duos com idades distintas. Os dados revelam diferen�as importantes, como a presen�a de bact�rias espec�ficas apenas em participantes mais velhos e saud�veis. Para os autores do estudo, divulgado na revista especializada Nature Metabolism, ele podem ajudar no desenvolvimento de abordagens que evitem problemas de sa�de.

 

Os cientistas avaliaram a composi��o da microbiota intestinal de mais de 9 mil pessoas, com idade entre 18 e 101 anos. Observaram que as floras se tornaram cada vez mais �nicas, ou seja, mais divergentes das outras, � medida que os indiv�duos envelheciam. Esse processo come�ou na meia-idade, entre 40 e 50 anos.

 

A an�lise tamb�m mostrou que os participantes mais saud�veis apresentavam esp�cies de bact�rias n�o existentes nos considerados n�o saud�veis. “Essa assinatura �nica pode prever a sobrevida do paciente nas �ltimas d�cadas de vida”, acredita Tomas Wilmanski, l�der do estudo e pesquisador do Institute for Systems Biology.

 

Os pesquisadores alertam para a necessidade de um maior monitoramento da microbiota humana durante o in�cio do envelhecimento para que os d�ficits de determinadas bact�rias possam ser corrigidos antes do surgimento de danos mais graves. “Indiv�duos saud�veis por volta dos 80 anos mostraram uma composi��o microbiana �nica, com micro-organismos que estavam ausentes em indiv�duos menos saud�veis. Esse tipo de informa��o pode nos indicar um caminho de interven��o m�dica”, diz Wilmanski.

 

Segundo Daniela Carvalho Louro, gastroenterologista da cl�nica GastroCentro, em Bras�lia, o estudo refor�a a import�ncia dos micro-organismos intestinais para o equil�brio da sa�de. “Sabemos que a microbiota interfere na regula��o do sistema imunol�gico e na absor��o de nutrientes. Mant�-la saud�vel evita o aparecimento de doen�as”, enfatiza. A especialista tamb�m acredita que os dados vistos pelos cientistas podem contribuir para o combate a enfermidades que surgem durante o envelhecimento. “A desregula��o da microbiota intestinal pode levar � produ��o de citocinas inflamat�rias e alterar a absor��o de nutrientes e vitaminas. Conhecer os diversos perfis de micr�bios e sua rela��o com doen�as e envelhecimento pode ajudar a determinar o caminho para desenvolvimento de uma microbiota saud�vel, evitando o aparecimento de diversas doen�as’’, detalha. (VS) 


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