
Levantamento da Federa��o Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em ingl�s), para o Atlas do Diabetes, que acaba de ser divulgado, mostra que 537 milh�es de adultos, entre 20 e 79 anos, vivem com a doen�a em todo o mundo. Com aumento de 16% nos casos de diabetes entre 2019 e 2021, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) j� considera a situa��o uma pandemia. A previs�o � que o n�mero total de pessoas com diabetes aumente para 643 milh�es at� 2030 e, at� 2045, esse n�mero deve subir para 783 milh�es.
Ainda de acordo com o estudo, por ser uma doen�a silenciosa, 44,7% dos adultos n�o sabem que t�m o problema. E se engana quem pensa que � uma doen�a cr�nica simples - apenas em 2021, respondeu por 6,7 milh�es de mortes em todo o mundo. A edi��o 2021 do Atlas do Diabetes, a d�cima, ser� publicada em 6 de dezembro.
Especialistas consideram os dados alarmantes. Cada vez mais, doen�as cr�nicas incidem em adultos jovens e isso inclui, por exemplo, a pr�-diabetes, que � um dos principais males em pacientes com obesidade. No ranking mundial, o Brasil ocupa a quinta coloca��o em termos de pessoas com diabetes, depois da China, �ndia, dos Estados Unidos e do Paquist�o - at� 2019, eram 16,8 milh�es de brasileiros com o problema. A doen�a � mais prevalente nas mulheres do que nos homens.
O levantamento, feito a cada dois anos, revela que o n�mero de pessoas com diabetes aumentou de tal maneira que superou, proporcionalmente, a expans�o da popula��o global. A presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes - Regional do Rio de Janeiro (SBD-RJ), a endocrinologista Rosane Kupfer, diz que a diabetes est� em evolu��o crescente "e n�o foi contida, at� agora, por nenhuma tomada de a��o, de decis�o, em rela��o � doen�a".
Para a m�dica, isso significa que continua havendo falta de divulga��o, de informa��o, de acesso ao conhecimento, ao diagn�stico e a um tratamento de qualidade. Rosane ressalta que, al�m da COVID-19, outras doen�as t�m matado muito em todo o mundo. Uma delas � a diabetes. A propor��o de pessoas com o desequil�brio, que era de uma a cada 11, caiu agora para uma a cada dez pessoas, lembra a presidente da SBD-RJ. "E grande parte delas est� em pa�ses de baixa renda". O Atlas do Diabetes indica que 81% dos adultos com a doen�a vivem em pa�ses em desenvolvimento. Na Am�rica Latina e na Am�rica Central, estima-se que o n�mero de diab�ticos alcance 32 milh�es.
O endocrinologista do Hospital Vila da Serra, em Belo Horizonte, Frederico Rodrigues Anselmo, elucida que as informa��es sobre a diabetes normalmente se tratam do tipo 2, o mais recorrente. Esse tipo se associa basicamente ao que o m�dico chama de outra pandemia relacionada, a do excesso de peso, al�m de fatores gen�ticos. As caracter�sticas heredit�rias, lembra o endocrinologista, n�o podem ser controladas, mas a obesidade sim. H�bitos alimentares saud�veis e pr�tica regular de atividades f�sicas s�o medidas preventivas cruciais, diz Frederico.
"A diabetes � uma doen�a que come�a lentamente e geralmente os sintomas s�o impercept�veis. Em m�dia, quando a pessoa tem o diagn�stico, j� apresenta o problema h� cinco anos. O peso � poss�vel controlar, mas quando o fator de risco � a gen�tica, � importante fazer acompanhamento m�dico anualmente, com exames de glicemia em jejum, para ver se alguma coisa saiu do controle", ensina o endocrinologista.
A diabetes, continua o m�dico, est� muito ligada a problemas do cora��o, como infarto, insufici�ncia card�aca, e tamb�m pode atacar os rins. Al�m das quest�es cardiovasculares, principal causa de mortalidade para a doen�a, entre outras complica��es de uma diabetes mal controlada est�o problemas na retina (podendo levar at� mesmo � cegueira), problemas arteriais nos membros inferiores, com ocorr�ncia de amputa��es, e neuropatias. A diabetes n�o tem cura, e da� a import�ncia do diagn�stico precoce. Pode parecer, mas n�o � uma doen�a t�o inofensiva assim. "Por tudo isso � t�o importante chamar a aten��o da popula��o sobre a diabetes", complementa Frederico.
No pr�ximo domingo (14/11), ser� o Dia Mundial do Diabetes. Segundo Rosane Kupfer, as p�ssimas escolhas alimentares que o mundo est� fazendo s�o um gatilho importante, principalmente considerando o estilo de vida ocidental. O que se v� � a obesidade em curva crescente, muitas pessoas com sobrepeso e pr�-diabetes, uma categoria de alt�ssimo risco para manifestar a diabetes, ela alerta.
Pessoas que n�o t�m nenhum fator de risco devem fazer uma glicemia anual ap�s os 45 anos. "Tem que fazer exame de sangue porque diabetes � uma doen�a que n�o apresenta sintomas, pelo menos no in�cio. Isso n�o quer dizer que ela n�o esteja fazendo mal por dentro (do organismo)". As pessoas que fazem exames de rotina todo ano percebem quando ocorre aumento da glicose e se preocupam, salienta. O problema, diz Rosane, s�o as pessoas que n�o se cuidam, n�o fazem exame para verificar se s�o diab�ticas. Indiv�duos com alto risco para diabetes, que t�m casos da doen�a na fam�lia, que s�o hipertensos, que t�m sobrepeso ou obesidade, e mulheres que tiveram diabetes na gesta��o devem fazer exame anual acima dos 35 anos.
De acordo com a IDF, a doen�a provocou um gasto mundial com sa�de de US$ 966 bilh�es, alta de 316% nos �ltimos 15 anos. O �ltimo Atlas da entidade mostra que o Brasil gasta em torno de US$ 52,3 bilh�es por ano no tratamento de adultos de 20 a 79 anos, o que resulta em cerca de US$ 3 mil por pessoa.
* Com informa��es da Ag�ncia Brasil