
O Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - Food Research Center), da Universidade de S�o Paulo (USP), est� conduzindo um estudo para avaliar o potencial da suplementa��o de �cidos graxos �mega 3 contra a inflama��o na COVID-19. A engenheira agr�noma Inar Castro, coordenadora do estudo, apresentou o projeto em outubro no 18th Euro Fed Lipid Congress and Expo.
Em revis�o publicada na Free Radical Biology and Medicine em agosto de 2020, o grupo j� havia verificado que casos graves da doen�a est�o associados a uma inflama��o exacerbada provocada pelo sistema imune - uma resposta natural � infec��o -, e que a presen�a de �mega 3 nas c�lulas � capaz de mitigar essa inflama��o.
O grupo coletou amostras de sangue de 180 pacientes do Hospital das Cl�nicas da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (FMUSP), no momento da interna��o, para analisar a quantidade de �mega 3 e �mega 6. A hip�tese � que pacientes com mais �mega 3 teriam um melhor progn�stico devido � redu��o da inflama��o.
"N�s utilizamos uma t�cnica muito sens�vel e identificamos uma diferen�a na rela��o �mega 3/�mega 6 nos pacientes. Agora, aguardamos os �ltimos resultados de nossos parceiros para confirmar a hip�tese", afirma Inar. A pesquisa � feita em colabora��o com a Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos.
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Mecanismos da inflama��o
Segundo a pesquisadora, durante uma infec��o viral, a presen�a do RNA do v�rus nas c�lulas faz com que o fator de transcri��o NF-κB migre do citoplasma para o n�cleo. L�, esse fator de transcri��o promove a express�o de genes que codificam citocinas pr�-inflamat�rias. Isso resulta em uma cascata de ativa��o de enzimas que levam � produ��o de mais citocinas, aumentando a inflama��o. "Trata-se de um processo natural do sistema imune para atrair as c�lulas que combatem o pat�geno para o local da infec��o. No entanto, quando essa inflama��o ocorre de forma exagerada, isso pode prejudicar o paciente".
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Uma das enzimas ativadas, a fosfolipase A2, promove a libera��o do �cido graxo �mega 6 presente nas membranas das c�lulas. Uma vez liberado no citoplasma, o �mega 6 � oxidado e eleva a produ��o de prostaglandinas da s�rie 2, mediadores lip�dicos da inflama��o, resultando em mais citocinas pr�-inflamat�rias. "Quando h� uma maior concentra��o de �mega 3 nas membranas, ele � capaz de reduzir a s�ntese de prostaglandinas da s�rie 2 e, consequentemente, reduzir a inflama��o", explica a pesquisadora.
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Al�m disso, o �mega 3 promove a s�ntese de mol�culas associadas � resolu��o da inflama��o, ajudando o organismo a interromper a inflama��o quando esta n�o � mais necess�ria - ou seja, quando o pat�geno j� est� sendo eliminado.
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A pesquisadora lembra que os �megas 6 s�o considerados ben�ficos quando comparados � gordura saturada. Entretanto, n�o � o que ocorre em rela��o � inflama��o. Qualquer dos casos, recomenda-se que a ingest�o desses �cidos graxos, na dieta ou suplementa��o, seja feita preferencialmente sob supervis�o m�dica.
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Perspectivas
O grupo pretende nos pr�ximos projetos tamb�m analisar qual seria o momento ideal de administrar os suplementos, j� que os �megas 3 aumentam a s�ntese de mediadores que ajudam a cessar a inflama��o - o que pode n�o ter um efeito positivo se a infec��o est� no come�o, j� que a inflama��o � necess�ria para combat�-la.
"Buscamos responder o que seria melhor: ter a suplementa��o antes de ser infectado e assim melhorar o progn�stico; ou suplementar durante a interna��o - nesse caso, o organismo j� teve tempo para fazer a sinaliza��o necess�ria de inflama��o para o sistema imune." -->
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Inar ressalta a necessidade de mais pesquisas e ensaios cl�nicos para comprovar os benef�cios da suplementa��o de �mega 3 durante a COVID-19, apontando que, embora sejam m�nimos, existem riscos.
"Os �cidos graxos �mega 3, por terem uma cadeia mais longa e serem mais insaturados, t�m potencial para aumentar o estresse oxidativo - eles s�o mais f�ceis de serem oxidados. Por outro lado, os produtos de sua oxida��o s�o menos citot�xicos do que os produtos do �mega 6, ent�o a consequ�ncia para o organismo seria mais moderada."