
A combina��o entre as duas doen�as n�o se trata de um novo v�rus ou resulta numa muta��o para um s� agente infeccioso, alertam especialistas. Casos assim, muitas vezes envolvendo a Influenza, j� foram registrados h� tempos. Nas �ltimas semanas, o fato ganhou notoriedade ap�s o governo de Israel notificar uma ocorr�ncia em dezembro de 2021. Nos �ltimos dias, v�rios pa�ses j� oficializaram esse tipo de caso e o n�mero de ocorr�ncias da dupla infec��o por gripe e COVID vem aumentando.
No Brasil, j� foram registrados casos da 'Flurona' em pelo menos 15 estados e no Distrito Federal. Mas, afinal, quais os sintomas de cada doen�a? S�o os mesmos quando h� co-infec��o? E quando eu devo procurar um hospital ou unidades de sa�de? Para que voc� n�o corra riscos de novas infec��es ao ter que esperar horas por atendimento m�dico e para evitar a sobrecarga no sistema de sa�de, confira os detalhes explicados por infectologistas.
Existem diferen�as entre sintomas de Influenza e COVID?
Especialistas explicam que os sintomas das duas infec��es s�o muito parecidos. Os dois v�rus afetam o trato respirat�rio e causam tosse, coriza, espirros e dor de garganta, que s�o mais comuns a essas doen�as, al�m de febre, dores de cabe�a e no corpo, fadiga e mal estar, espec�ficos de quadros virais. Existem, sim, pequenas diferen�as que, embora possam ocorrer nos dois casos, s�o mais recorrentes em um que em outro.
"Os dois v�rus t�m mais sintomas em comum que diferen�as, s�o muito parecidos. No caso da COVID, � comum o paciente apresentar mais perda de olfato e de paladar e ocorrer febre �s vezes, em cerca de 30%, 35% dos casos. J� no da Influenza, a febre � mais comum e mais alta no princ�pio da infec��o", aponta o infectologista Carlos Starling, membro do Comit� Municipal de Enfrentamento � COVID-19 em Belo Horizonte.
Starling lembra tamb�m que ainda n�o � poss�vel dizer se uma infec��o � mais grave que a ocorr�ncia dupla. Os dados dispon�veis sobre a co-infec��o entre COVID e a Influenza H3N2, que surgiu na Austr�lia no fim do ano passado, ainda est�o sendo analisados e avaliados pela comunidade m�dica. Pesquisadores acompanham relatos dos casos de infec��o mista para apresentar seus efeitos no corpo humano.
Como identificar se fui infectado por COVID ou Influenza?
Como os sintomas s�o muito parecidos, mesmo as poucas diferen�as ainda podem ser tanto de uma infec��o quanto da outra. Segundo especialistas, n�o h� como apontar se a tosse � causada por uma doen�a e a dor de cabe�a pela outra. Somente com testes e exames laboratoriais � poss�vel detectar os v�rus.
Existem testes r�pidos, que podem ser encontrados em farm�cias. Os testes mais seguros, no entanto, s�o os de tipo PCR, feitos em laborat�rios, hospitais e centros de pesquisa. Esses s�o capazes de detectar e especificar uma gama maior de v�rus respirat�rios.
Quando procurar atendimento m�dico? Presencial ou on-line?
"Na maioria dos casos, ocorrem quadros leves e n�o s�o necess�rias interna��o ou mesmo atendimento presencial. Podem ser feitas teleconsultas sem nenhuma perda na avalia��o. Em casos com sintomas mais graves, como falta de ar, prostra��o intensa, febre que n�o cessa com rem�dios, a� justifica avalia��o presencial e, na consulta on-line, j� pode fazer o encaminhamento para um hospital ou uma unidade de sa�de", relata Adelino de Melo Freire J�nior, infectologista cooperado da Unimed-BH.
Os especialistas ressaltam que � preciso mais aten��o aos pacientes de grupos de risco, como diab�ticos, hipertensos, pessoas obesas e com outras doen�as pr�-existentes. Isso, al�m claro, de casos com sintomas mais agudos como febre alta e intermitente e maior dificuldade para respirar.
"Quando a febre ficar persistente � uma das raz�es para procurar (atendimento m�dico). Febre alta que desaparece e depois volta, aparece no princ�pio, desaparece e volta: � um sinal de poss�vel complica��o por infec��o bacteriana. Dificuldade respirat�ria, cansa�o e altera��o de estado de consci�ncia no caso de pacientes mais idosos. Ou a piora de doen�as preexistentes. Essas complica��es s�o mais frequentes e preocupantes em pessoas obesas, hipertensas, diabetes, acima de 60 anos ou imunossuprimidos", comenta Starling, complementando ser "a coincid�ncia dessas epidemias � fato novo. Se vai ter gravidade maior, � mais prov�vel nos grupos de maior risco."
Alta de infec��es e tempo de espera para atendimento
A eleva��o r�pida de novas infec��es por COVID, juntamente com casos de gripe, nas �ltimas semanas, tem feito v�rias cidades readequarem o atendimento e os leitos de unidades hospitalares. Minas Gerais registrou um aumento de 1.052% no n�mero de casos de COVID-19 adicionados a cada 24 horas em 10 dias, saltando de 398 em 27 de dezembro para 4.585 novas confirma��es no dia 7 de janeiro.
A maioria dos hospitais particulares de 10 estados do Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Sul e do Distrito Federal registraram aumento expressivo de casos de COVID-19 e da s�ndrome gripal provocada pelo v�rus Influenza. Pesquisa da Associa��o Nacional de Hospitais Privados (Anahp) junto a 33 empresas aponta que 88% verificaram eleva��o das ocorr�ncias da doen�a respirat�ria e da gripe.
A eleva��o do n�mero de casos de contamina��o pelo coronav�rus foi, em m�dia, de 655% desde dezembro de 2021, e algumas unidades de sa�de relataram propor��o superior a 1.000%. O crescimento dos diagn�sticos de infec��o pelo Influenza foi, em m�dia, de 270%.
Nos �ltimos dias, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) abriu 95 novos leitos p�blicos de enfermaria na capital. Por�m, mesmo com a maior oferta, a ocupa��o de enfermarias em BH em raz�o da COVID-19 voltou a crescer ap�s a queda dessa quinta-feira (6/1). Segundo o boletim epidemiol�gico desta sexta-feira (7/1) da PBH, o �ndice voltou a atingir o patamar vermelho, ao registrar 72,2%.
A Prefeitura de Belo Horizonte reativou o servi�o de consulta on-line para casos de s�ndrome gripal na �ltima quinta-feira (6/1). O sistema j� est� funcionando, e o acesso � feito pelo portal da PBH ou pelo aplicativo para celulares. O servi�o j� havia sido criado na capital mineira durante os per�odos mais cr�ticos da pandemia, e foi encerrado em novembro do ano passado.
Em nota, a Unimed-BH informou que os atendimentos para COVID, gripe e outras doen�as respirat�rias aumentaram 37% em BH e regi�o metropolitana nos seis primeiros dias de janeiro, em compara��o com o mesmo per�odo do ano passado. A 'alta demanda, com mais de 18 mil atendimentos presenciais', causa aumento do tempo de espera.
A cooperativa afirma que est� realizando 'medidas emergenciais' para aumentar sua capacidade de atendimento, refor�ando equipes de servi�os online e presencial. "Em fun��o da alta demanda de pacientes com sintomas gripais, a capacidade de consultas online tem sido expandida dia a dia, inclusive com novas frentes de atendimento e amplia��o do hor�rio das consultas, agora realizadas 24 horas por dia", explica.
"Nas �ltimas semanas tivemos um aumento expressivo do atendimento em ambulat�rios de pronto socorro e pronto atendimentos. Desde um pouco antes do natal, houve n�meros muito altos e que est�o subindo", relata Freire J�nior, que cita a vacina��o como diferencial para n�o vivermos o caos na sa�de como no in�cio do ano passado. "Quem tomou duas ou tr�s doses da vacina tem baixas chances de desenvolver quadro grave da doen�a. Tivemos aumento de interna��o, mas n�o t�o expressivo quanto o atendimento do PS. O CTI tamb�m aumentou necessidade de ampliar vaga, mas muito diferente do PA", aponta.
"A assist�ncia ambulatorial est� pressionada, tanto p�blica quanto privada. A vacina��o foi fundamental para evitar formas graves que superlotaram o sistema de sa�de", corrobora Starling.
Vacina��o e formas de preven��o
Os infectologistas lembram que as formas de se prevenir de infec��es por esses v�rus s�o as mesmas em ambos os casos. Uso de m�scaras, higieniza��o das m�os, objetos e locais de contato f�sico, distanciamento social e evitar aglomera��es.
A vacina��o tanto para COVID quanto para gripe est� dispon�vel de maneira gratuita para a popula��o. No caso da Influenza H3N2, a vacina j� deve ser distribu�da para a campanha deste ano, que deve come�ar em mar�o. Ainda assim, a que est� sendo utilizada protege contra outros v�rus que j� circulam no pa�s.