
Esses sentimentos e sensa��es definem o languishing, definhando, o mais novo transtorno da sa�de mental aflorado com a instala��o da pandemia, em 2020.
Em alguns momentos da vida, todos lutamos contra a desmotiva��o, mas o que preocupa � quando ela se instala, quando a apatia toma conta do dia a dia e perde-se for�a e energia para se mobilizar por algo e por si mesmo, muitas vezes nem sequer tendo no��o do que est� vivendo, j� que, aparentemente, tudo est� bem com a sa�de f�sica/cl�nica, h� trabalho, alimenta��o correta, casa, seguran�a, boletos em dia. � um adoecimento novo e, por isso, ainda h� dificuldade para identificar esse fen�meno psicol�gico.
Uma parcela da popula��o mundial j� lida com as consequ�ncias da apatia persistente, marcada, substancialmente, pela sensa��o de vazio que determina o languishing. Sensa��o que n�o passa, perdura dia ap�s dia. � como se a pessoa estivesse no limbo, num estado de indecis�o, incerteza, indefini��o e nada a movesse para sair desse lugar. � viver o desalento e o desamparo.Coment�rios do tipo 'mas voc� tem sa�de f�sica, tem emprego, tem tudo' podem fazer efeito contr�rio e a pessoa se sentir mal e ingrata. O languishing ainda n�o � classificado pelos manuais diagn�sticos de psiquiatria como um transtorno. Ele � caracterizado por sintomas pontuais de v�rios transtornos, como o burnout, depress�o, estresse agudo, como a desmotiva��o, a falta de foco e concentra��o, a sensa��o de apatia
Christiane Ribeiro, m�dica psiquiatra e membro da Comiss�o de Estudos e Pesquisa em Sa�de Mental da Mulher da Associa��o Brasileira de Psiquiatria
O termo foi cunhado pelo psic�logo e soci�logo americano Corey Keyes, que ficou impressionado com o fato de que muitas pessoas que n�o estavam deprimidas tamb�m n�o estavam prosperando.
Na pesquisa que conduziu, ele constatou que as pessoas com maior probabilidade de sofrer grandes transtornos de depress�o e ansiedade na pr�xima d�cada n�o s�o as que apresentam esses sintomas hoje, mas aquelas que est�o definhando agora.
Na pesquisa que conduziu, ele constatou que as pessoas com maior probabilidade de sofrer grandes transtornos de depress�o e ansiedade na pr�xima d�cada n�o s�o as que apresentam esses sintomas hoje, mas aquelas que est�o definhando agora.
Adam Grant, psic�logo organizacional da Wharton, escreveu a respeito na vers�o digital do The New York Times e afirmou: “Na psicologia, pensamos em sa�de mental em um espectro que vai da depress�o ao florescimento. O florescimento � o pico do bem-estar: voc� tem um forte senso de significado, dom�nio e import�ncia para os outros. A depress�o � o vale do mal-estar: voc� se sente desanimado, esgotado e sem valor. O definhamento � o filho do meio negligenciado da sa�de mental. � o vazio entre a depress�o e o florescimento – a aus�ncia de bem-estar. Voc� n�o tem sintomas de doen�a mental, mas tamb�m n�o � a imagem da sa�de mental. Voc� n�o est� funcionando em plena capacidade. O definhamento entorpece sua motiva��o, interrompe sua capacidade de se concentrar e triplica as chances de voc� reduzir o trabalho. Parece ser mais comum do que a depress�o maior – e, de certa forma, pode ser um fator de risco maior para doen�as mentais.”
O languishing � como se entorpecesse a pessoa de qualquer motiva��o, prop�sito, foco. E n�o o confunda com esgotamento ou falta de esperan�a, as pessoas ainda t�m energia, mas se sentem sem alegria, sem objetivo, estagnadas e essas emo��es as dominam.
Como tratar, curar, reverter e lutar diante das consequ�ncias emocionais e mentais que a pandemia desencadeou, que tendem a perdurar e n�o podem ser negligenciadas, postas debaixo do tapete, menosprezadas ou apontadas como mimimi?
Como tratar, curar, reverter e lutar diante das consequ�ncias emocionais e mentais que a pandemia desencadeou, que tendem a perdurar e n�o podem ser negligenciadas, postas debaixo do tapete, menosprezadas ou apontadas como mimimi?
Respostas buscadas de especialistas ao longo desta reportagem. Para Adam Grant, o definhamento n�o est� apenas em nossas cabe�as – est� em nossas circunst�ncias. Voc� n�o pode curar uma cultura doente com bandagens pessoais.
“Ainda vivemos em um mundo que normaliza os desafios da sa�de f�sica, mas estigmatiza os desafios da sa�de mental. � medida que nos aproximamos de uma nova realidade p�s-pandemia, � hora de repensar nossa compreens�o de sa�de mental e bem-estar. 'N�o deprimido' n�o significa que voc� n�o est� lutando. 'N�o triste' n�o significa que voc� est� empolgado. Ao reconhecer que muitos de n�s est�o definhando, podemos come�ar a dar voz ao desespero silencioso e iluminar um caminho para sair do vazio.”
“Ainda vivemos em um mundo que normaliza os desafios da sa�de f�sica, mas estigmatiza os desafios da sa�de mental. � medida que nos aproximamos de uma nova realidade p�s-pandemia, � hora de repensar nossa compreens�o de sa�de mental e bem-estar. 'N�o deprimido' n�o significa que voc� n�o est� lutando. 'N�o triste' n�o significa que voc� est� empolgado. Ao reconhecer que muitos de n�s est�o definhando, podemos come�ar a dar voz ao desespero silencioso e iluminar um caminho para sair do vazio.”
PRAZERES DA VIDA

Segundo ela, � importante tentar recome�ar as tarefas que foram paralisadas nesse contexto de definhamento aos poucos, e fazer um exerc�cio de tentar se lembrar dos prazeres e do que o movia no passado. Exercitar-se, mesmo com uma frequ�ncia menor do que a realizada anteriormente.
Manter contato com as pessoas queridas e pr�ximas, mesmo que no on-line e, se poss�vel e em seguran�a, caso n�o seja grupo de risco, permitir-se alguns encontros com os mais pr�ximos, em local aberto, tomando todos os cuidados diante da COVID-19. “A pandemia j� vem se arrastando e, infelizmente, � imposs�vel manter a sanidade mental isolados, sem nenhum contato social, o que seria vi�vel caso ela durasse apenas alguns dias.”
Manter contato com as pessoas queridas e pr�ximas, mesmo que no on-line e, se poss�vel e em seguran�a, caso n�o seja grupo de risco, permitir-se alguns encontros com os mais pr�ximos, em local aberto, tomando todos os cuidados diante da COVID-19. “A pandemia j� vem se arrastando e, infelizmente, � imposs�vel manter a sanidade mental isolados, sem nenhum contato social, o que seria vi�vel caso ela durasse apenas alguns dias.”
A psiquiatra destaca que fatores como resili�ncia, tra�os de personalidade e tend�ncia gen�tica influenciam o impacto que a pessoa sofrer� com as mudan�as na rotina e o maior estresse. Um bom suporte social e familiar tamb�m � importante.
A pessoa que j� teve um hist�rico de transtorno de ansiedade e depress�o seria considerada mais predisposta. “Percebo na pr�tica que as pessoas mais sociais e extrovertidas apresentam mais os sintomas de languishing, uma vez necess�rio o isolamento e a diminui��o dos encontros sociais.”
A pessoa que j� teve um hist�rico de transtorno de ansiedade e depress�o seria considerada mais predisposta. “Percebo na pr�tica que as pessoas mais sociais e extrovertidas apresentam mais os sintomas de languishing, uma vez necess�rio o isolamento e a diminui��o dos encontros sociais.”
“Coment�rios do tipo 'mas voc� tem sa�de f�sica, tem emprego, tem tudo' podem fazer efeito contr�rio e a pessoa se sentir mal e ingrata. O languishing ainda n�o � classificado pelos manuais diagn�sticos de psiquiatria como um transtorno. Ele � caracterizado por sintomas pontuais de v�rios transtornos, como o burnout, depress�o, estresse agudo, como a desmotiva��o, a falta de foco e concentra��o, a sensa��o de apatia. Embora a depress�o e o languishing possam se apresentar de maneira semelhante, existem diferen�as distintas.
QUARTA ONDA DA PANDEMIA: O DA S�UDE MENTAL
Ainda que tenha ganho luz agora, no meio da pandemia, Christiane Ribeiro enfatiza que os sintomas do languishing, o principal deles a sensa��o de vazio, com certeza j� existia antes da COVID-19, mas com as consequ�ncias negativas na sa�de mental nesse per�odo houve uma piora.
As pessoas se isolaram mais, e o clima de tens�o e ansiedade gerou preocupa��es constantes. Al�m disso muitas formas de al�vio utilizadas anteriormente, como sair e estar em fam�lia, viajar, ir � academia e at� mesmo encontrar os colegas de trabalho em um happy hour, j� n�o seriam poss�veis.
As pessoas se isolaram mais, e o clima de tens�o e ansiedade gerou preocupa��es constantes. Al�m disso muitas formas de al�vio utilizadas anteriormente, como sair e estar em fam�lia, viajar, ir � academia e at� mesmo encontrar os colegas de trabalho em um happy hour, j� n�o seriam poss�veis.
Christiane Ribeiro faz um alerta, que j� est�o de sobreaviso toda a classe m�dica e profissionais da sa�de, n�o s� em BH como no mundo: “Acredito que n�o s� a nossa cidade, mas o mundo n�o est� preparado para esta nova onda da pandemia, que alguns autores inclusive classificaram como a 'quarta onda', que seria considerada a das consequ�ncias e impactos negativos na sa�de mental das pessoas durante o longo per�odo de pandemia. Temos �timos locais de atendimento pelo SUS em Belo Horizonte, principalmente na urg�ncia, mas infelizmente a distribui��o � heterog�nea e os locais est�o cada vez mais lotados”.
Na pr�tica, segundo a especialista, conseguir realizar o acompanhamento ambulatorial ainda � um desafio: muitas unidades b�sicas de sa�de n�o t�m profissional de psicologia e se encontram superlotadas, n�o sendo poss�vel a realiza��o de retornos pr�ximos. O teletrabalho tamb�m poderia contribuir para a piora dos sintomas do languishing uma vez que restringe mais ainda o contato social, al�m de aumentar a sensa��o de t�dio e “falta de lugar”.
SINTOMAS DISTINTOS
- Depress�o: tristeza constante, humor deprimido, choro f�cil, altera��es no apetite, sentimentos de inutilidade e pensamentos de morte ou suic�dio.
- Languishing: a pessoa passa a se sentir estagnada, vazia e mon�tona, alguns pacientes o descrevem como “n�o me sinto bem, e nem muito mal”, ou “n�o consigo sentir mais prazer e nem me sinto triste”.
Fonte: Christiane Ribeiro, m�dica psiquiatra

AS DUAS FONTES PRINCIPAIS DE MOTIVA��O
- Interna: que vem do nosso prop�sito de vida, das nossas cren�as e valores.
- Externa: vem do ambiente em que vivemos e do poss�vel reconhecimento social. A motiva��o externa pode ser dinheiro, fama, aprova��o dos outros, etc.
Fonte: Mundo Psic�logos.pt
POR QUE VOC� SE SENTE DESMOTIVADO?
- Falta de autoconfian�a: quando algu�m acredita que n�o � capaz de fazer algo ou est� convencido de que n�o pode tolerar o sofrimento associado a uma determinada tarefa, � muito prov�vel que seja dif�cil estabelecer metas e persistir para alcan��-las.
- Evitar algum tipo de desconforto: muitas vezes, a falta de motiva��o � uma forma de se proteger de sentimentos desconfort�veis como, por exemplo, a frustra��o. Isso ocorre principalmente quando a meta � dif�cil de alcan�ar.
- Falta de compromisso: quando tem que fazer uma tarefa porque � obrigado ou por causa da press�o social. Se n�o h� um desejo real de alcan�ar um objetivo, � imposs�vel haver motiva��o.
- Estar sobrecarregado: se est� numa fase em que tem de resolver muitos problemas ao mesmo tempo, � natural que se sinta estressado e este sentimento pode matar a motiva��o.
- Problemas de sa�de mental: a falta de motiva��o � um sintoma comum de depress�o (e no languishing). Pode tamb�m estar relacionada com outros transtornos psicol�gicos, como a ansiedade.
Fonte: Mundo Psic�logos.pt
COMO AGIR PARA SE MOTIVAR?
- Haja como se estivesse motivado: enganar o c�rebro pode mudar as emo��es e consequentemente aumentar a motiva��o. Em vez de ficar sentada no sof� � espera de motiva��o, pergunte-te: o que eu estaria fazendo se estivesse motivado? Depois, tente fazer cada uma dessas tarefas. Embora no in�cio a motiva��o n�o seja genu�na, sair da in�rcia o far� bem e este sentimento pode te levar a encontrar uma verdadeira motiva��o para mudar o seu estado de esp�rito.
- Pensa positivo: quando se est� desmotivado, � natural que os pensamentos negativos dominem a mente. Isso n�o o deixa avan�ar. Assim, presta aten��o no que pensa e tenta substituir cada pensamento negativo por um positivo. Se pensa que vai falhar em uma tarefa, fa�a uma lista mental com as raz�es pelas quais tudo pode dar certo. Ter uma vis�o mais equilibrada do que pode acontecer vai te ajudar a estar mais motivada para tentar.
- Use a regra dos 10 minutos: se tiver uma tend�ncia para procrastinar, essa estrat�gia simples pode ser �til. D� a si pr�pria permiss�o para deixar uma tarefa ap�s 10 minutos. Quando chegar a esta marca, se pergunta se quer continuar ou parar. � prov�vel que continue. Se n�o tiver motiva��o para come�ara fazer um relat�rio chato do trabalho ou se n�o conseguir sair do sof� para ir ao gin�sio, use essa regra para se motivar. Ver� que come�ar � muitas vezes a parte mais dif�cil.
- Estabele�a uma recompensa por cada dever conclu�do: crie pequenas recompensas pelo trabalho realizado. Essa estrat�gia ir� te ajudar a estar motivado para atingir as suas metas. Por exemplo, se estiver desenvolvendo um projeto de trabalho importante, mas n�o tiver motiva��o para conclu�-lo, trabalha durante uma hora e depois te permita olhar as redes sociais durante cinco minutos. No entanto, tenha certeza de que as recompensas n�o sabotam os teus esfor�os. Recompensar o trabalho �rduo no gin�sio com um donut � contraproducente. E ir� diminuir a tua motiva��o a longo prazo.
- Acrescenta pequenos prazeres nas tarefas chatas: acrescenta um pouco de divers�o a algo que n�o est�s motivada a fazer: ou�a m�sica enquanto corre, telefona para um amigo enquanto limpa a casa, acenda uma vela perfumada durante o trabalho, saia para comer num bom restaurante numa viagem de neg�cios. Certifique-se apenas que a divers�o n�o afeta seu desempenho. Por exemplo, ver televis�o enquanto estuda pode lhe distrair e at� te levar a parar de estudar.
- Cuida-te: uma dieta pobre em nutrientes, a falta de sono e de tempo livre s�o alguns dos fatores que podem prejudicar a motiva��o. Portanto, cria um plano de autocuidado e n�o se esque�a de: fazer exerc�cio f�sico regularmente, dormir a quantidade de horas necess�rias para um sono reparador, beber �gua e manter uma dieta saud�vel. ter tempo para o lazer e a divers�o e passar um tempo com pessoas queridas.
- Busca ajuda de um psic�logo: se mesmo ap�s seguir esses passos a desmotiva��o persistir, procura a ajuda de um m�dico e de um psic�logo. O m�dico ir� verificar se n�o h� nenhuma condi��o f�sica que est� afeta seu estado de esp�rito. E o psic�logo ser� capaz de avaliar se a apatia e o des�nimo est�o relacionados com quaisquer problemas de comportamento e as quest�es que perpassam a vida do ser humano, visa compreender os sentimentos, as emo��es, as impress�es e outras quest�es inerentes a uma pessoa.
Fonte: Mundo Psic�logos.pt