
A morte do cineasta Arnaldo Jabor, de 81 anos, na manh� desta ter�a-feira (15/2), traz um sinal de alerta para os brasileiros acerca dos riscos e complica��es decorrentes do Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo especialistas, a doen�a se manifesta de forma silenciosa – na maioria dos casos – e vem deixando um n�mero cada vez maior de pessoas com incapacidade permanente.
Dados do Portal da Transpar�ncia do Registro Civil mostram que o total de v�timas pelo AVC vem crescendo a cada ano no Brasil. Em 2019, por exemplo, mais de 102 mil pessoas perderam a vida pela doen�a. No ano seguinte, o n�mero cresceu para mais de 103 mil v�timas, e, em 2021, o total de mortes foi de 106,3 mil em todo o pa�s. Somente em janeiro e nos primeiros dias de fevereiro de 2022, o AVC matou 12,7 mil pessoas.
Os idosos s�o o grupo com maior preval�ncia, mas nota-se que o percentual de v�timas vem crescendo entre pessoas entre 19 e 59 anos. Houve um aumento de 3% desde 2019 – antes o percentual era de 17% e, agora, representa 20%.
“Temos dois tipo de AVC, o isqu�mico e o hemorr�gico, que se manifestam de formas diferentes. No caso do Arnaldo Jabor, ele teve um AVC isqu�mico. A forma mais comum de ele se manifestar � o paciente perder a for�a de um lado do corpo e a vis�o, perder a sensibilidade e um lado do rosto n�o mexer quando ele sorri, al�m de a pessoa ficar um pouco confusa”, explica o neurocirurgi�o da Santa Casa BH, Marcos Dellaretti.
“Ele ocorre por causa da obstru��o de um vaso. Certa regi�o do c�rebro n�o ser� irrigada pelo sangue e ela vai morrer pela falta dele. Na maioria das vezes, o paciente n�o sente dor. Muitas vezes, ele n�o procura assist�ncia m�dica por achar que � outra coisa”, acrescenta o m�dico.
Especialistas dizem que as causas da doen�a est�o ligadas ao hist�rico familiar, mas que h� forte associa��o aos diversos fatores de risco, que aceleram as complica��es e levam o paciente a ter de submeter a um tratamento intensivo.
“As doen�as cardiovasculares e cerebrovascular t�m praticamente a mesma origem. O tratamento � muito parecido. A maioria dos casos de AVC s�o isqu�micos e s�o mais comuns em pacientes idosos, mas independentemente disso, voc� tem os fatores de risco, que aumentam e aceleram a progress�o da doen�a. Tabagismo, colesterol alto, hipertens�o descontrolada, diabetes podem aumentar a incid�ncia nos pacientes, podendo levar ao infarto ou ao AVC, que atinge o c�rebro”, ressalta o cardiologista do Hospital Semper, Rodrigo Lanna.
De acordo com Marcos Dellaretti, a forma mais eficaz de tratamento � a preven��o. “� preciso que os pacientes, especialmente aqueles hipertensos, controlem bem a press�o arterial e tenham uma vida saud�vel, fazendo atividades f�sicas. O tabagismo est� associado tanto ao AVC isqu�mico quanto o hemorr�gico. Ent�o, a pessoa deve parar de fumar e evitar abusar do uso de �lcool. Aqueles que t�m colesterol alto devem fazer acompanhamento”, diz.
“� importante detectar os fatores no in�cio. Control�-los j� um grande passo � frente. Quando o paciente para de fumar, controla a diabetes, colesterol e a glicemia, a chance de a doen�a evoluir � muito menor”, complementa Rodrigo Lanna.
Urg�ncia
Os tratamentos dos dois tipos de AVC s�o distintos. “O AVC sempre envolve um tratamento de urg�ncia. A maneira que usamos para tratar o AVC isqu�mico � tentar desobstruir a art�ria com medicamentos administrados na veia ou por meio de um cateterismo, onde voc� coloca um cateter at� tentar abrir essa art�ria. J� o AVC hemorr�gico vai depender muito do tipo, mas � certo que o paciente deva ir para o hospital para ser acompanhado”, afirma o neurocirurgi�o da Santa Casa BH.
“A doen�a est� muito associada aos h�bitos di�rios. O AVC � uma das principais causas de morte e se tornou tamb�m a principal causa de incapacidade, deixando a pessoa dependente, em que ela precisa de cuidados, fisioterapia e n�o consegue voltar ao trabalho e �s atividades normais”, argumenta.
Lanna diz que v�rios medicamentos espec�ficos come�am a fazer parte do tratamento di�rio: "A pessoa com AVC envolve v�rias medica��es. Temos as estatinas e os antiagregantes para evitar novos eventos. �s vezes, � preciso anticoagular, mas depende de cada caso. Todos que tiveram AVC, se n�o possu�rem contraindica��o, tem de tomar um antiagregante plaquet�rio, como os AAS”, afirma.