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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Viajar sozinho: caminho do autoconhecimento

A experi�ncia de fazer uma viagem solo atrai cada vez mais pessoas. Viajantes contam como os passeios t�m o poder de mudar suas vidas


06/03/2022 04:00 - atualizado 02/03/2022 15:36

Homem caminha na ferrovia
Viajar sozinho � uma experi�ncia de autoconhecimento (foto: Pixabay)


Viajar � preciso. Entre muitas outras coisas, a pandemia nos tirou um dos grandes prazeres de viver em um planeta t�o diverso e cheio de novos lugares e culturas para conhecer. Mas o avan�o da vacina��o permitiu que certos sonhos se tornassem realidade. Entre eles, fazer a mala e seguir, muitas vezes, ao encontro de si mesmo.
 
Esse � o caso da dona de casa Maria Arlete Pimentel de Lima, de 55 anos. Foi somente no fim do ano passado que ela conseguiu realizar um de seus antigos desejos: fazer a Romaria para Aparecida, em S�o Paulo. A aventura de Arlete, sua primeira viagem sozinha, sem a companhia de nenhum dos filhos ou do marido, estava programada para acontecer no in�cio de 2020, mas teve que ser adiada em virtude da pandemia.
 
"Sempre tive vontade de fazer essa viagem, mas n�o tinha condi��es. Foi uma pena que, quando finalmente pude ir, tivemos que esperar. Al�m disso, est�vamos todos com medo, sem saber direito o que ia acontecer. Rezei muito", conta Arlete.
 
Gustavo Emmanuel de Castro
Gustavo Emmanuel de Castro sempre teve o h�bito de viajar sozinho e quando terminou a faculdade fez um interc�mbio de um ano que mudou sua vida (foto: Ed Alves/CB/D.A Press - 29/11/21)
 
 
N�o foi f�cil para a dona de casa lidar com a frustra��o da viagem, adiada indefinidamente. E, apesar de todo o medo trazido pelo novo coronav�rus, Arlete conta que tudo correu bem em sua fam�lia. Respeitando o isolamento e se vacinando assim que podiam, todos ficaram com sa�de.
 
Com o grupo de amigas da igreja, duplamente vacinada, ela, finalmente, p�de realizar o sonho. Em novembro, embarcou em um �nibus e acrescentou novas b�n��os em suas preces de agradecimento � santa. "Eu queria agradecer � Nossa Senhora pelas b�n��os alcan�adas e, agora, tamb�m posso ser grata por ningu�m da minha fam�lia ter pego essa doen�a horr�vel. Todas estamos felizes, contentes por, finalmente, viver esse momento especial."
 
Al�m de ser a primeira viagem solo de Arlete e a realiza��o de um sonho de juventude, o passeio foi a primeira vez em que ela se afastou da fam�lia desde o in�cio da pandemia. "O sentimento principal � de felicidade e al�vio por, finalmente, viver esse momento."
 

"Eu queria agradecer � Nossa Senhora pelas b�n��os alcan�adas e, agora, posso ser grata por ningu�m da minha fam�lia ter pego essa doen�a horr�vel. Todas estamos felizes, contentes por, finalmente, viver esse momento especial"

Maria Arlete Pimentel de Lima, de 55 anos, dona de casa

 
 
Maria Arlete Pimentel de Lima
(foto: Arquivo pessoal)
 
 
Al�m da igreja e do roteiro religioso, Arlete conta, aos risos, que estava muito ansiosa para conhecer o shopping da cidade. Ficar no �nibus com as amigas e conhecer outras pessoas tamb�m foi importante para a aposentada. O isolamento a fez valorizar ainda mais as novas amizades. "Depois de afastar, acho que a pandemia reuniu as pessoas, fazendo a gente ser mais caridoso e humilde, valorizando o nosso pr�ximo e as rela��es uns com os outros", acredita a dona de casa.

MOMENTOS EM FAM�LIA Diferentemente de Arlete, o consultor pol�tico Gustavo Emmanuel de Castro, de 27, sempre viajou sozinho e at� deixava de embarcar com a fam�lia para viver uma aventura particular. Tudo come�ou em 2017, quando ele fez um interc�mbio para a Irlanda.

Rec�m-formado na faculdade, Gustavo queria aperfei�oar seu conhecimento da l�ngua inglesa para o futuro profissional e descobrir o que queria fazer da vida. "Um amigo sugeriu essa viagem, eu estava bem perdido e curti a ideia. No fim, ele desistiu e eu acabei indo s�", lembra.
 
Ao entrar no avi�o e se deparar com os comiss�rios falando outra l�ngua, assim como os passageiros, o frio na barriga aumentou, e o mix de medo e anima��o tomou conta de Gustavo. Foi a primeira vez que ele saiu de casa e, apesar das dificuldades que surgiram no caminho, o rapaz define a experi�ncia como libertadora. "Tinha que me virar e, por ser uma pessoa muito ansiosa, ser for�ado a viver tudo no presente me ajudou a me conhecer e entender melhor a vida", afirma.
 
Al�m de n�o ter muito tempo para se preocupar com as incertezas do futuro, Gustavo acredita que estar longe de casa e de todos que conhecia permitiu que ele se desligasse tamb�m do passado e pudesse entender melhor quem ele era no presente, sem interfer�ncias.

"Vivi tudo de maneira muito amplificada, foquei no presente, em mim mesmo e acho que pude me entender melhor, o que me permitiu voltar e ser uma pessoa melhor para minha fam�lia e meus amigos tamb�m. Al�m de ter uma no��o do que eu queria da vida", conta.

LIBERDADE ZERO Por�m, pouco tempo depois de voltar para o Brasil, Gustavo se viu trocando a liberdade total pela liberdade zero. O isolamento com os pais e a irm� fez com que a readapta��o de Gustavo � conviv�ncia familiar 24 horas por dia acontecesse intensamente.

Em home office durante todo o ano, depois da vacina��o, surgiu a oportunidade da primeira viagem ap�s o isolamento. Foi a primeira vez, desde a inf�ncia, que Gustavo viajou com a fam�lia. Em Fortaleza, al�m de estar com os pais e a irm�, ele p�de reencontrar toda a fam�lia do pai, que n�o via havia mais de 10 anos.
 
"Sempre fui mais na minha, n�o viajava tanto com eles, mas acho que a pandemia me fez entender o quanto vale a pena a gente valorizar esses momentos com quem amamos. Vale a pena me esfor�ar para estar com eles, em vez de priorizar outra viagem sozinho, por exemplo."
 
Mas a experi�ncia positiva n�o tirou o esp�rito aventureiro de Gustavo. Ele j� se prepara para viver algo novo assim que tirar suas primeiras f�rias com carteira assinada. Sempre pensando para onde vai depois, ele planeja conhecer a Am�rica Latina, e a Patag�nia est� em primeiro lugar na lista. "Vou sozinho e l� reencontro alguns amigos que fiz pelo mundo. As grandes viagens que mudaram a minha vida eu fiz sozinho e estou ansioso e animado para descobrir o que me aguarda", diz.
 
Para Gustavo, a liberdade � um dos grandes atrativos desses passeios. Quando est� acompanhado, ele acha que fica mais cauteloso; sozinho, permite-se um pouco mais. Sem precisar combinar e considerar a vontade de outras pessoas, pode viver experi�ncias �nicas e inesperadas.


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