
Quem convive com a fibromialgia tem grande sensibilidade ao toque, mesmo que se trate de uma leve compress�o. Embora suave, o movimento j� ser� suficiente para provocar grande desconforto. Ainda assim, devido aos sintomas semelhantes aos de outras enfermidades, muitas pessoas descobrem a s�ndrome tardiamente. A conscientiza��o para que o diagn�stico seja precoce significa ganho em qualidade de vida.
Cerca de 5% da popula��o mundial convive com a condi��o cr�nica dolorosa da fribromialgia. No Brasil, esse grupo � formado por mais de 4 milh�es de brasileiros. A reumatologista cooperada da Unimed-BH Celeste Magna de Ara�jo Dantas explica que, se uma pessoa tem uma dor persistente por mais de tr�s meses, pode ser ind�cio de fibromialgia. “Essa doen�a causa uma amplifica��o dos impulsos dolorosos, comprometendo o bem-estar e a rotina de quem sofre com a s�ndrome. A fibromialgia n�o tem cura, mas tem tratamento. Por isso a import�ncia do diagn�stico precoce para minimizar os sintomas e evitar poss�veis sequelas.”
O transtorno acomete, principalmente, mulheres com idades entre 20 e 55 anos, mas isso n�o significa que jovens e idosos n�o possam ser acometidos pela doen�a. Estudos estimam propor��o de um caso de fibromialgia em homens para cada nove ocorr�ncias entre mulheres.
A queixa central � dor musculoesquel�tica cr�nica em v�rias partes do corpo, mas a s�ndrome pode se manifestar de outras formas. “Uma pessoa que convive com a fibromialgia tamb�m pode ser acometida de sonos n�o reparadores, fadiga constante, dist�rbios de humor (ansiedade e depress�o), incontin�ncia intestinal e/ou urin�ria e altera��es da concentra��o e de mem�ria”, afirma Celeste Dantas.
A professora aposentada Regina Coeli Toledo de Vasconcelos, de 62 anos, conta que desde jovem sentia muita dor na regi�o lombar do corpo. Ela foi submetida a exames ortop�dicos, de raios X e resson�ncia. Foram diagnosticados problemas em articula��es. A artrose na coluna lombar era o motivo que ligava as dores a esse diagn�stico. Ap�s sess�es de fisioterapia, percebeu que se tratava de dor difusa e foi a uma reumatologista, que, finalmente, diagnosticou a s�ndrome.
“Tinha muita fadiga, um sono n�o restaurador, ficava muito cansada, sofria dist�rbios de ansiedade, dificuldade de concentra��o, dores em v�rios pontos”, recorda. Regina Coeli testou medicamentos antidepressivos que provocavam rea��es como sonol�ncia, mas conseguiu se adaptar � medica��o, que incluiu relaxante muscular. Passou a dormir melhor e a acordar mais bem-disposta.
Os sintomas n�o espec�ficos da fibromialgia podem ser confundidos com doen�as psicossom�ticas. “S� com o passar do tempo fui entendendo isso. E passei a seguir todas as indica��es m�dicas”, observa a professora. Al�m das consultas peri�dicas e exames laboratoriais de rotina, Regina Coeli recorre � acupuntura uma vez por semana, ao RPG e ao pilates dois dias na semana, faz caminhada e terapia cognitiva comportamental, “que ajuda muito ao mostrar a import�ncia de externar sentimentos, de n�o ficar guardando coisas sem pedir ajuda”. Ela recomenda que deixar de reclamar e passar a fazer tarefas prazeirosas, como atividades manuais, assistir a palestras de autoajuda, e contar com apoio de nutricionista auxiliam no tratamento.
Misteriosa A causa da fibromialgia ainda � pouco conhecida. H� estudos mostrando que a principal hip�tese � uma altera��o da percep��o da sensa��o da dor. A doen�a � silenciosa e n�o detectada em exames laboratoriais. Nos locais onde as pessoas reclamam de sentir dor, n�o ocorre inflama��o. A reumatologia � a especialidade m�dica respons�vel pelo atendimento de pessoas que apresentem alguma doen�a que afete o aparelho locomotor, como � o caso da s�ndrome.
O tratamento � individualizado, podendo ser medicamentoso ou n�o, e variando de acordo com a intensidade dos sintomas e as necessidades de cada paciente. A fibromialgia tem sido caracterizada como s�ndrome dolorosa cr�nica, sem causa definida. Na ocorr�ncia dela, as pessoas t�m dificuldade de produzir horm�nios e neurotransmissores relacionados ao al�vio da dor.
O QUE �
A fibromialgia (FM) � uma condi��o que se caracteriza por dor muscular generalizada, cr�nica, com dura��o de mais de tr�s meses, mas que n�o apresenta evid�ncia de inflama��o nos locais de dor. Ela � acompanhada de sintomas t�picos, como sono n�o reparador (sono que n�o restaura a pessoa) e cansa�o. Pode haver tamb�m dist�rbios do humor como ansiedade e depress�o, e muitos pacientes se queixam de altera��es da concentra��o e de mem�ria.
CAUSA
Ainda n�o totalmente esclarecida. Pode ocorrer devido � altera��o da percep��o da sensa��o de dor. A tese � apoiada em estudos que visualizam o c�rebro dos pacientes em funcionamento, e tamb�m em outras evid�ncias de sensibilidade do corpo, como no intestino ou na bexiga. Sono alterado, problemas de humor e concentra��o parecem ser causados pela dor cr�nica, e n�o o contr�rio.
IMPACTO
A FM � bastante comum, afetando 2,5% da popula��o mundial, sem diferen�as entre nacionalidades ou condi��es socioecon�micas. Em geral, afeta mais mulheres do que
homens e surge em pessoas na faixa
et�ria entre 30 e 50 anos
ASSOCIA��ES
Exames de imagem devem ser interpretados com muito cuidado, pois nem sempre os achados da radiologia s�o a causa da dor do paciente. A FM pode aparecer em pacientes que apresentam outras doen�as reum�ticas, como artrite reumatoide e l�pus eritematoso sist�mico, e muitas vezes dificulta uma completa melhora desses pacientes.
CUIDADOS
A meta no tratamento da FM � aliviar os sintomas com melhora na qualidade de vida. A FM n�o traz deformidades ou sequelas nas articula��es e m�sculos. O principal tratamento � n�o medicamentoso, ou seja, os cuidados do paciente consigo mesmo s�o mais importantes do que as medica��es, embora essas tamb�m tenham seu papel. Exerc�cios aer�bicos, aquele que mexem o corpo todo e aceleram os batimentos card�acos, s�o essenciais. Essa parece ser a melhor a maneira de reverter a sensibilidade aumentada � dor na FM.
GRANDES ALIADOS
» Atividades f�sicas regulares
» Fisioterapia
» Analg�sicos e anti-inflamat�rios, al�m de
outros medicamentos para auxiliar
no humor e no sono
» Acompanhamento psicol�gico
Fonte: Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)