(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas LITERATURA

Gera��o do quarto. Entenda esse fen�meno

Livro do educador Hugo Monteiro traz um diagn�stico da sa�de mental de crian�as e adolescentes e alerta para a urg�ncia da escuta qualificada


24/04/2022 04:00 - atualizado 24/04/2022 08:45

Hugo Monteiro Ferreira
O educador Hugo Monteiro Ferreira reuniu 123 depoimentos em seu livro (foto: Sempre Um Papo/Divulga��o)
Em seu livro “A gera��o do quarto – Quando crian�as e adolescentes nos ensinam a amar”, o educador da Universidade Federal Rural de Pernambuco Hugo Monteiro Ferreira re�ne 123 depoimentos, fortes e sinceros, para apresentar sua tese da gera��o quarto.

“O termo denomina aqueles jovens que passam muito tempo dentro desse c�modo, com quase nenhuma interlocu��o com as pessoas que moram na mesma casa, com muita dificuldade de dizer o que sentem e um potencial de viol�ncia contra si ou contra o outro muito intenso, muito forte”, explica o autor.

Resultado de uma pesquisa com 3.115 meninos e meninas entre 11 e 18 anos, dos quais 238 relataram ter sido v�timas de bullying ou cyberbullying, o livro faz um alerta para a urg�ncia de escuta qualificada, atenta a sinais n�o verbais e �s emo��es, e desconstr�i mitos de que as gera��es atuais seriam mais fracas que as anteriores.
 
A gera��o do quarto, explica o autor, apresenta um diagn�stico de adultos negligentes com o bem-estar e a sa�de mental de meninos e meninas na fase de transi��o para a vida adulta, incapazes de se colocar no lugar do outro.

A aus�ncia deste afeto agrava as consequ�ncias do bullying, o que pode resultar, nos casos em que as queixas das v�timas n�o s�o devidamente acolhidas – seja pelos pais ou pela escola – em sentimentos de vingan�a contra o outro ou contra si pr�prio na forma de autoles�es, idea��o suicida ou suic�dio.
 
Segundo Hugo, o termo “quarto” � uma met�fora � atitude de se isolar para aquela viol�ncia, de n�o saber expressar essa dor e pedir ajuda.

“Na adolesc�ncia, h� uma tend�ncia ao isolamento, isso � natural. O que ocorre agora � que a gera��o quarto se isola em sofrimento profundo, porque h� sofrimento, n�o sabe se comunicar verbalmente, face a face. Seguindo a met�fora, o quarto � o exemplo de um lugar de ref�gio para os adolescentes das gera��es nascidas at� o s�culo 20, mas que com o advento das redes sociais e dos dispositivos m�veis, se transformou em portais para um mundo de possibilidades, distante do controle parental”, completa.
 
“Eu me liguei num grupo de caras que, como eu, pensa que � melhor n�o ficar perdendo tempo com serm�o. Eu ponho o fone de ouvido e, quando eles v�m com aquela conversa, finjo ouvir, mas n�o escuto, quer dizer, escuto a m�sica, o som, o barulho que der”, revelou R., de 14 anos, natural do Rio de Janeiro, em relato que est� no livro.
 
Portanto, estabelecer um di�logo baseado na confian�a torna-se imprescind�vel, como recomenda o autor a uma das m�es que entrevistou. “N�o ou�a julgando, simplesmente ou�a, n�o ou�a comparando, simplesmente ou�a, n�o ou�a aconselhando, simplesmente ou�a, n�o ou�a se antecipando � resposta, respire e ou�a”, esclarece Hugo.
 
“Escutar, nesse caso, n�o implica orientar simplesmente, mas se dar conta de que aquela menina, aquele menino, a nossa filha, o nosso filho, a nossa aluna, o nosso aluno, a nossa enteada, o nosso enteado s�o pessoas repletas de emo��es e que por alguma raz�o, muitas vezes alheia a n�s, � nossa vontade, elas e eles n�o est�o confort�veis, mas vulner�veis, e querem nos pedir ajuda ainda que n�o consigam, n�o saibam, n�o falem.” Hugo recomenda que os pais que se sintam incapazes de administrar esse suporte busquem ajuda.

AUTOCONHECIMENTO


O comportamento dos adolescentes e jovens, defende o autor, � uma consequ�ncia do que a popula��o fez e n�o fez com os projetos civilizat�rios. E, ap�s apresentar e analisar in�meros casos ao longo da obra, Ferreira elencou caminhos para acabar com essa neglig�ncia por parte dos pais e da escola, que passa por 5 pilares: cuidado, autoconhecimento, conviv�ncia, dialogicidade e amorosidade.
 
Hugo diz ser fundamental que as escolas trabalhem a consci�ncia emocional de seus alunos e que as fam�lias continuem esse processo em casa, pois “as crian�as precisam saber lidar com elas”. Ele refor�a ainda que o autoconhecimento tem uma rela��o direta com a ancestralidade. “A crian�a deve saber de onde veio, quem s�o seus familiares, qual a sua matriz. Quando a crian�a conhece sua hist�ria, sua capacidade de se defender e n�o ofender � potencializada. A pessoa que tem consci�ncia de si raramente � v�tima de bullying”, salienta. 
 
O pilar da conviv�ncia, esclarece Ferreira, tem como objetivo disseminar o respeito pelas diferen�as, ainda mais no ambiente escolar, onde coexistem v�rios grupos diferentes. J� a dialogicidade relaciona-se com o exerc�cio da escuta e a aprender a ouvir. Por �ltimo, mas n�o menos importante, a amorosidade s�o as emo��es essenciais de serem trabalhadas, como a compaix�o. “Sem ela, o indiv�duo n�o consegue entender que todo mundo sofre assim como ele sofre, logo, sem essa compreens�o, vem a vontade de fazer todo mundo sofrer igual ele sofre”, finaliza o autor. 
 
Livro
(foto: Sempre Um Papo/Divulga��o)
“A Gera��o do quarto”

Autor: Hugo Monteiro 
Ferreira
Editoria: Record
154 p�ginas
Pre�o: R$ 44,90 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)