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Estado de Minas

Como deve ser introdu��o alimentar de beb�s e os riscos de dar comida antes do 6� m�s

BBC News Brasil conversou com especialistas para esclarecer principais d�vidas sobre introdu��o alimentar dos beb�s.


01/06/2022 15:30

Mãe amamenta
OMS recomenda aleitamento materno at� os 2 anos ou mais e exclusivo at� os primeiros seis meses de vida (foto: Getty Images)

"Cara, um beb� de 2m (2 meses) morreu pq a m�e dava caldinho de feij�o com angu e necrosou o intestino (nem cirurgia adiantou), a "pediatra" mandando m�e tirar o peito e dar ninho + mucilon para beb� de 1m (1 m�s) para engordar, vcs n�o t�m no��o como � um hospital infantil por conta de v�rios casos."

A declara��o acima, publicada no Twitter h� algumas semanas, viralizou, desencadeando uma onda de coment�rios e d�vidas sobre introdu��o alimentar dos beb�s.

A BBC News Brasil conversou com especialistas para esclarecer alguns dos principais questionamentos das m�es at� quando a amamenta��o deve ser feita? Quando o primeiro alimento diferente do leite deve ser dado e como? A complementa��o com f�rmula � necess�ria? Mamadeira deve ser usada ou n�o?

Riscos

Segundo a pediatra Ros�ngela Gomes dos Santos, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de S�o Paulo (SPSP), o "aleitamento materno deve ser exclusivo at� o sexto m�s e deve continuar at� os dois anos ou mais".

Isso � o que recomenda a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), explica a especialista. A orienta��o � seguida pelo Minist�rio da Sa�de e consta da cartilha da pasta �s m�es.

No Brasil, por�m, menos da metade (45,7%) dos beb�s menores de seis meses se alimenta exclusivamente de leite materno, segundo uma pesquisa financiada pelo pr�prio �rg�o (Estudo Nacional de Alimenta��o e Nutri��o Infantil, 2020).

"O aleitamento materno deve ser exclusivo at� o sexto m�s e, a partir desse per�odo, se pode fazer a introdu��o alimentar", diz Santos � BBC News Brasil, refor�ando que n�o se deve dar "�gua ou ch�" ao rec�m-nascido.

Segundo a pediatra, a introdu��o de alimentos antes do sexto m�s, que n�o seja leite materno ou f�rmula prescrita pelo pediatra (para as m�es que n�o puderem amamentar nesse per�odo), pode causar problemas de sa�de para o beb�.

"O intestino do rec�m-nascido n�o est� desenvolvido o suficiente. Em situa��es extremas, ele pode ter uma infec��o intestinal e isso pode gerar complica��es generalizadas, levando-o � morte", diz.

Mas, normalmente, o que acontece, diz a pediatra intensivista Cinara Carneiro, � que a introdu��o de alimentos antes do tempo recomendado gera um quadro de desnutri��o no beb�.

"A crian�a pode ser gordinha, fofinha, mas ela � desnutrida. Porque, na verdade, n�o tem a propor��o adequada dos nutrientes ofertados. Ela pode ter anemia ou sobrecarga da fun��o renal, levando a uma les�o", explica.

"O que temos que estar atentos � que, quando se faz oferta de alimentos num momento inadequado do desenvolvimento da crian�a, ela vai ter defici�ncia nutricional. Isso, consequentemente, leva a atraso em seu desenvolvimento", acrescenta.

Santos, da SPSP, acrescenta que o uso de f�rmulas l�cteas por m�es que n�o conseguem amamentar deve ser parcimonioso e elas devem ser feitas seguindo as recomenda��es m�dicas.

"A m�e, mesmo aquela que tenha dificuldade em amamentar, deve tentar faz�-lo o maior tempo poss�vel. E, quanto �s f�rmulas l�cteas, elas t�m que ser feitas seguindo as dosagens corretas", ressalta a especialista.

Carneiro faz uma ressalva, no entanto, sobre os neonatos (at� 28 dias de vida).

"Como h� maior risco de eles, principalmente os prematuros, desenvolverem uma condi��o chamada enterocolite necrosante (les�o na superf�cie interna do intestino), se prioriza o leite materno e se evita dar a f�rmula. Da� a import�ncia dos bancos de doa��o de leite", explica.

Segundo o Minist�rio da Sa�de, "o aleitamento materno reduz em 13% a mortalidade at� os cinco anos, evita diarreia e infec��es respirat�rias, diminui o risco de alergias, diabetes, colesterol alto e hipertens�o, leva a uma melhor nutri��o e reduz a chance de obesidade. Al�m disso, o ato contribui para o desenvolvimento da cavidade bucal do pequeno e promove o v�nculo afetivo entre a m�e e o beb�".

'Introdu��o alimentar'

A partir do sexto e at� o nono m�s, "a crian�a deve conhecer todos os alimentos", diz Santos.

Mulher negra amamenta
A partir do sexto e at� o nono m�s, "a crian�a deve conhecer todos os alimentos", diz pediatra Ros�ngela Gomes dos Santos, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de S�o Paulo (SPSP) (foto: Getty Images)

"� uma forma do organismo n�o criar resist�ncia contra nenhum alimento, para evitar o desenvolvimento de alergias", acrescenta a pediatra.

"A partir dos seis meses, j� se recomenda a introdu��o de outros alimentos porque a pr�pria mama n�o vai nutrir a crian�a diante do desenvolvimento dela e de tudo o que ela precisa", completa Carneiro.

Mas como o alimento deve ser introduzido?

"A comida deve ser amassada ou em peda�os (o chamado m�todo BLW, do ingl�s "Baby-led weaning", ou "desmame guiado pelo beb�"), n�o pode ser batida no liquidificador ou passada em peneira", assinala Santos.

"Uma prote�na, um vegetal, um gr�o. Tem que ser uma comida saud�vel, n�o deve ter conter sal at� um ano. Tamb�m se deve evitar doces at� dois anos".

"A m�e pode come�ar a ver se o beb� tem aptid�o para comer em peda�os. Dar algo na m�e dele para ele levar � boca. � um processo de aprendizado. Mas � preciso ensin�-la", completa.

O objetivo, segundo a pediatra, � estimular a mastiga��o do rec�m-nascido.

"O problema � que, muitas vezes, a m�e introduz a mamadeira muito precocemente e a crian�a perde o h�bito da mastiga��o. Quando o rec�m-nascido usa o peito, na su��o do leite materno, tem uma movimenta��o da musculatura da face mais completa do que quando suga a mamadeira. Portanto, acabamos vendo muita crian�a acima de seis meses que tem muita dificuldade para mastigar, mas � importante essa estimula��o".

Santos lembra que a crian�a deve experimentar "de tudo".

"A comida pode ser em peda�os bem pequenos desde que a crian�a esteja sob supervis�o. Ou seja, ela pega com a m�o e leva � boca. �s vezes, a m�e d� essas f�rmulas mais engrossadas e a crian�a s� deglute, sem mastigar".

Mulher branca amamenta
Bater comida no liquidificador ou pass�-la na peneira acaba atrasando desenvolvimento da musculatura da face e, por isso, devem ser evitados (foto: Getty Images)

Por isso, bater a comida no liquidificador ou pass�-la na peneira acaba atrasando o desenvolvimento da musculatura da face, segundo a pediatra.

"O ideal � passar do peito para o copo. Sem mamadeira. Orientamos as m�es a n�o usar mamadeira e chupeta".

Em rela��o � postura, acrescenta Santos, a crian�a deve estar sentada.

"A partir dos seis meses, ela j� tem capacidade de sentar. Com exce��o dos prematuros que tenham atraso no desenvolvimento."

Andreza Prado com paciente e bebê
Andreza Prado (de rosa, � esq.), consultora de lacta��o e educadora perinatal, assinala que muitas m�es bem como sua rede de apoio, av�s, por exemplo ainda acreditam que o leite materno n�o supre nutricionalmente as necessidades do beb� (foto: Andreza Prado/Arquivo pessoal)

Desinforma��o

Andreza Prado, consultora de lacta��o e educadora perinatal, assinala que muitas m�es bem como sua rede de apoio, av�s, por exemplo ainda acreditam que o leite materno n�o supre nutricionalmente as necessidades do beb�.

"Isso � um mito. O insucesso do aleitamento materno n�o est� ligado � qualidade do leite. Precisamos urgentemente conscientizar as m�es de que o leite materno, na sua composi��o nutricional, � suficiente para o rec�m-nascido", diz ela, que � m�e de duas crian�as, Caio e Elis.

"Infelizmente, muitas m�es ainda acreditam que, se o beb� n�o ganha peso, � porque seu leite � fraco", lamenta.

"N�o se deve oferecer ao beb� nenhum l�quido sen�o o leite materno e, nos casos em que isso n�o � poss�vel, a f�rmula l�ctea prescrita pelo pediatra", refor�a.

Em sua conta no Instagram (@manasdopeitoamamentacao), Prado orienta as m�es sobre amamenta��o isso �, segundo a especialista, vital para derrubar mitos comuns e evitar a desinforma��o.

Por isso, ela defende que as m�es busquem orienta��o de profissionais especializados desde a gesta��o.

Andreza Prado com paciente e bebê
Prado (de rosa, � dir.) defende que m�es sejam orientadas sobre boas pr�ticas de amamenta��o durante gesta��o; 'mamada efetiva' � um dos aprendizados (foto: Andreza Prado/Arquivo pessoal)

Entre os erros mais comuns, cita, est�o a falta de informa��o sobre a chamada "mamada efetiva" (quando a crian�a abocanha toda a ar�ola ou a maior parte dela e n�o apenas o mamilo), o uso de bicos artificiais e a imposi��o de hor�rios para a amamenta��o.

"A pega correta do beb� � muito importante. Como ele est� sugando leite? Ele est� sugando e se alimentando? Muitas m�es acreditam que a dor na amamenta��o � normal. Mas essa dor acaba aniquilando a amamenta��o e � um dos principais motivos do desmame precoce. N�o deve ser assim e n�o � para ser assim", diz ela, ressalvando que as m�es devem "saber posicionar o beb� no peito".

"J� o uso de bicos artificiais, como chupeta e mamadeira, interfere na suc��o. Deve-se evit�-los ao m�ximo", lembra.

"Por fim, a amamenta��o tem que ser em livre demanda, ou seja, sempre que o beb� quiser, seja noite ou dia. E o quanto quiser, at� se sentir satisfeito. A m�e n�o deve impor hor�rios para amamentar", conclui.

*Este texto foi originalmente publicado na BBC News Brasil.


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