
Um novo estudo publicado por cientistas ligados ao IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaz�nia) mostra como as antas s�o importantes para a regenera��o de florestas degradadas na Amaz�nia. O maior herb�voro da Am�rica do Sul anda muito, come muito – e faz muito coc�, especialmente nas �reas com vegeta��o menos densa.
Numa floresta com queimadas anuais, os cientistas estimaram 11.057 sementes por hectare/ano, enquanto na �rea com queimadas a cada tr�s anos a rela��o era de 8.587 sementes por ha/ano e, na floresta intocada, de somente 2.950 sementes por ha/ano.
O grupo defende a hip�tese que as antas usam mais as florestas degradadas devido � presen�a de plantas com folhas mais palat�veis. “Mas, quando se trata de frutos consumidos, que � o que interessa para dispers�o de sementes, vimos que elas dispersam mais as esp�cies de est�gios tardios da sucess�o. Resumindo, elas t�m um papel importante tanto na dispers�o de esp�cies iniciais quanto tardias, contribuindo para o processo de regenera��o como um todo”, explica o ec�logo Lucas Paolucci, principal autor do artigo cient�fico publicado pela revista Biotropica.
O papel das antas como dispersoras de sementes fora medido previamente em outras regi�es, como na mata atl�ntica, mas nunca numa �rea degradada. “Muitos animais cumprem esse papel, e por isso � importante proteg�-los e permitir seu tr�nsito”, diz Paolucci. “Os macacos dispersam at� mais esp�cies e em maior quantidade. Mas as antas conseguem dispersar sementes maiores e em florestas degradadas, al�m de passar por �reas com pasto e planta��es, o que os macacos n�o fazem. Isso permite o fluxo de esp�cies entre florestas fragmentadas.”
Apetite
As antas podem chegar a 300 quilos e s�o os �ltimos representantes da megafauna na Amaz�nia, grupo de grandes animais cuja maioria foi extinta no fim do Pleistoceno (�poca geol�gica que se estendeu de 1,8 milh�o a 11 mil anos atr�s), como o mamute e a pregui�a-gigante.
Al�m de um apetite voraz, a boca avantajada tamb�m permite dispersar sementes maiores do que outros animais – ainda que, na coleta feita em Mato Grosso, elas tenham demonstrado especial apre�o pela Bellucia grossularioides, conhecida como goiaba-de-anta, cujas sementes t�m meio cent�metro, ou menos.
A B. grossularioides � uma �rvore pequena, por�m de cl�max, quando a floresta atinge seu est�gio mais maduro, assim como o jatob� (Hymenaea courbaril), a mamorana-de-terra-firme (Eritheca globosa), a murici-da-mata (Bysonima crispa), a fava-orelha (Enterolobium schomburgkii), al�m de outras esp�cies encontradas nas fezes das antas.
Quatro das esp�cies catalogadas pelos cientistas n�o foram encontradas nos 150 hectares onde trabalharam, o que mostra outra caracter�stica das antas: sua imensa capacidade de deslocamento. As antas se movimentam at� 20 quil�metros em linha reta, e ocupam uma �rea grande, entre 220 a 470 hectare. “Independentemente de onde vieram, essas sementes contribuem para o aumento da diversidade das �reas degradadas”, diz Paolucci.