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Estado de Minas

Droga focada em muta��es gen�ticas mostra resultado in�dito contra c�ncer

Droga focada em muta��es gen�ticas aumenta em 30% a longevidade de pacientes com tumor grave nos pulm�es ou j� em est�gio metast�tico, e dever� alterar protocolos terap�uticos


13/10/2019 04:00

Barcelona – Apesar de avan�os significativos no tratamento do c�ncer de pulm�o de n�o pequenas c�lulas desde a chegada das primeiras terapias-alvo, at� hoje nenhum procedimento conseguiu aumentar a sobrevida global dos pacientes. Agora, pela primeira vez, uma subst�ncia foi capaz de n�o apenas prolongar o tempo em que a doen�a se mant�m controlada, mas estendeu em 30% a longevidade de pessoas com o tumor localmente avan�ado ou j� em est�gio metast�tico.
 
Apresentado no congresso Esmo 2019, da Sociedade Europeia de Oncologia Cl�nica, o estudo Flaura mostrou que o risco de progress�o do tumor ou de morte foi 54% menor no grupo de pacientes tratados com o osimertinibe, a terceira gera��o de uma classe de medicamentos orais que miram muta��es no gene EGFR. No Brasil, entre 20% e 25% dos pacientes de c�ncer de pulm�o de n�o pequenas c�lulas t�m esse tipo de erro no DNA e poderiam se beneficiar da nova terapia-alvo. A subst�ncia j� est� aprovada no pa�s como tratamento de primeira linha (a primeira op��o), mas ainda n�o foi inclu�da no rol da Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS), o que desobriga os planos de sa�de de custearem a interven��o e deixa a op��o de fora do Sistema �nico de Sa�de (SUS).
 
A expectativa da comunidade m�dica para a apresenta��o dos novos dados do Flaura era positiva, baseada no artigo com resultados preliminares – de sobrevida livre de progress�o e de redu��o de met�stases cerebrais – publicado em 2017. Agora, os autores do estudo, liderados por Suresh S. Ramalingam, do Instituto de C�ncer Winship, da Universidade de Emory, relataram, de forma in�dita, o aumento de sobrevida global, algo n�o alcan�ado em pesquisas anteriores, com as terapias-alvo de primeira e segunda gera��es.
 
O estudo foi realizado com 556 pacientes com a muta��o EGFR e a doen�a localmente avan�ada ou j� em estado metast�tico, quando se espalha por outros �rg�os, incluindo o c�rebro. Eles foram divididos aleatoriamente em dois grupos: 279 receberam o tratamento com osimertinibe e 277 com erlotinibe ou gefitinibe, as terapias-alvo de primeira gera��o que ainda s�o o tratamento-padr�o em boa parte do mundo. Passados 12 meses do in�cio da pesquisa, 89% dos participantes do bra�o osimertinibe continuavam vivos, contra 83% do outro grupo. Aos 24 meses, os percentuais foram 74% e 59%, respectivamente, e, 36 meses depois, 28% faziam o tratamento com a droga de terceira gera��o, comparados a 9% que seguiam a terapia-padr�o.
 
Enquanto em alguns pa�ses, como no Brasil e nos Estados Unidos, os resultados apresentados em 2017 foram suficientes para as ag�ncias regulat�rias aprovarem o osimertinibe como primeira op��o de tratamento, a terapia-padr�o come�a com os medicamentos mais antigos, passando para a subst�ncia de terceira gera��o apenas quando os pacientes desenvolvem uma muta��o, a T790M, que deixa o tumor resistente �s interven��es. Com isso, a doen�a avan�a e leva � morte. O c�ncer de pulm�o � a principal causa de �bito no mundo.

PRIMEIRA OP��O Em uma coletiva de imprensa, Suresh S. Ramalingam defendeu que o osimertinibe seja adotado como a primeira op��o de tratamento. Para ele, n�o faz sentido esperar que os pacientes se tornem resistentes, o que reduz o tempo de remiss�o da doen�a e, como mostrou o estudo, a sobrevida global. Ele observou que muitos pacientes do grupo de controle, que, inicialmente, seria tratado com a terapia-alvo de primeira gera��o, foram autorizados a receber o osimertinibe quando o c�ncer progrediu.
 
A medida, segundo Ramalingam, explicaria uma sobrevida significativa mesmo entre esses participantes. “A sobrevida global que voc� v� no grupo de controle nesse estudo est� entre as maiores relatadas para pacientes com muta��es no gene EGFR. Mesmo com muitos pacientes sendo passados para o grupo do osimertinibe quando a doen�a avan�ou, vemos um incremento de 6,8 meses na sobrevida global com o osmiertinibe”, afirmou.
 
A droga, assim como as terapias-alvo das gera��es anteriores, � um inibidor de tirosina-quinase, mol�cula que previne a produ��o de fatores de crescimento, que s�o subst�ncias no interior das c�lulas capazes de estimular a prolifera��o n�o s� delas, mas de outras pr�ximas. Evitando esse processo, os inibidores impedem a reprodu��o das c�lulas doentes, que, no caso do osimertinibe, t�m defeitos no gene EGFR.
 
Convidada a comentar o resultado do estudo Flaura, a oncologista Pilar Garrido, do grupo de experts do Esmo e pesquisadora do Hospital Universit�rio Ramon y Cajal, na Espanha, ponderou que pacientes devem discutir com o m�dico antes de aderir ao osmiertinibe como primeira linha. De acordo com ela, enquanto no caso dos inibidores de tirosina-quinase de primeira e segunda gera��es h� a possibilidade de migrar para o de terceira em caso de falha,  quando j� se come�a por ele, a �nica op��o diante de resist�ncias � a quimioterapia. “Se quisermos saber qual a sequ�ncia mais efetiva de medicamentos, precisamos de estudos desenhados especificamente para isso.”
 
J� Pasi A. J�nne, pesquisador do Centro de C�ncer Dana-Farber, nos Estados Unidos, defende o osmiertinibe como tratamento de primeira linha. O oncologista, que n�o participou do estudo e tamb�m foi convidado a coment�-lo em uma coletiva de imprensa, destacou que come�ar por drogas menos eficazes n�o � “o tratamento cl�nico �timo”. Segundo o m�dico, ainda n�o se sabe quais pacientes desenvolver�o a muta��o T790M, que torna o EGFR resistente aos rem�dios de primeira e segunda gera��es. Por isso, ele acredita que � melhor come�ar a terapia evitando que a doen�a progrida rapidamente, o que diminui a qualidade de vida e a sobrevida global dos pacientes.

* A rep�rter viajou a convite da AstraZeneca


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