(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Consequ�ncias do aquecimento global devem ser ainda piores em 2020

2019 foi considerado o segundo mais quente da hist�ria desde 1880. Para especialistas, fen�menos ligados ao aquecimento da Terra, como calor extremo e preju�zos � vida marinha, v�o se intensificar


21/01/2020 04:00

Pesquisas mostram ligação entre aumento da temperatura e o crescimento da gravidade e da frequência de incêndios florestais, como o que assola a Austrália(foto: KIRAN RIDLEY/AFP)
Pesquisas mostram liga��o entre aumento da temperatura e o crescimento da gravidade e da frequ�ncia de inc�ndios florestais, como o que assola a Austr�lia (foto: KIRAN RIDLEY/AFP)

 

 O ano passado acabou colecionando recordes negativos para o planeta. Na semana passada, um estudo independente da Ag�ncia Espacial Norte-Americana (Nasa) demonstrou que aquele foi o segundo ano mais quente da hist�ria desde 1880, quando come�aram os registros modernos de temperatura. A mesma pesquisa indicou que essa � uma tend�ncia crescente, iniciada em 1960 e acentuada no �ltimo quinqu�nio, sem data para acabar. O artigo da Nasa e outros trabalhos publicados nas primeiras semanas deste ano indicam que, se nada for feito para reverter o padr�o, 2020 dever� ser ainda pior.

 

De acordo com Gavin Schimdt, cientista do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, ao contr�rio do que os negacionistas das mudan�as clim�ticas defendem, o aumento de temperatura n�o est� associado a fen�menos clim�ticos naturais e espor�dicos. “A d�cada que acabou de terminar � claramente a mais quente j� registrada. Todas as d�cadas desde os anos 1960 foram mais quentes do que a anterior.” No ano passado, os term�metros marcaram 0,88ºC acima que a m�dia de 1951 a 1980.

 

“Em 2015, passamos para um territ�rio 1ºC mais quente (comparado ao s�culo anterior). � improv�vel que voltemos atr�s”, aponta Schimdt. “Isso mostra que o que est� acontecendo � persistente, n�o um golpe de sorte devido a algum fen�meno clim�tico: sabemos que as tend�ncias de longo prazo est�o sendo impulsionadas pelos n�veis crescentes de gases de efeito estufa na atmosfera”.

 

Para o estudo, a Nasa usou dados de mais de 20 mil esta��es meteorol�gicas e informa��es produzidas pelos polos de pesquisa da Ant�rtica, al�m das medi��es feitas por navios e boias das temperaturas da superf�cie oce�nica. Os registros marinhos, ali�s, s�o uma das principais ferramentas para avaliar as mudan�as clim�ticas globais, afirma John Abraham, professor de engenharia mec�nica na Universidade de St. Thomas e coautor de um estudo publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences. As not�cias trazidas pelas ondas n�o s�o boas. “O aquecimento global � real e est� piorando. E essa � apenas a ponta do iceberg do que est� por vir”, diz o cientista.

 

A an�lise mostrou que todos os oceanos do mundo estiveram mais quentes em 2019 do que em qualquer outro momento da hist�ria humana registrada, especialmente entre a superf�cie e uma profundidade de 2 mil metros. O estudo tamb�m concluiu que os �ltimos 10 anos tiveram as temperaturas oce�nicas mais altas, sendo o recorde atingido entre 2014-2019. Isso significa que elas n�o s� est�o aumentando, mas que o fen�meno est� acelerado.

 

Os pesquisadores compararam os registros de 1987 a 2019 ao per�odo de 1955 a 1986. Eles descobriram que, nas �ltimas seis d�cadas, o aquecimento oce�nico foi aproximadamente 450% maior que nos anos anteriores, o que reflete, segundo os cientistas, o aumento significativo na taxa das mudan�as clim�ticas globais. “� fundamental entender a rapidez com que as coisas est�o mudando”, afirma Abraham. “A chave para responder a essa pergunta est� nos oceanos — � a� que a grande maioria do calor acaba. Se voc� quer entender o aquecimento global, precisa medir o aquecimento do oceano.” As consequ�ncias, aponta, s�o o clima mais extremo, o aumento do n�vel do mar e as amea�as aos animais marinhos, entre outras.

 

HIROSHIMA De acordo com o estudo, a temperatura do oceano em 2019 foi cerca de 0,075oC acima da m�dia de 1981-2010. Para atingir essa temperatura, o oceano teria absorvido 228 sextilh�es de Joules de calor. “Para facilitar a compreens�o, fiz um c�lculo. A bomba at�mica de Hiroshima explodiu com uma energia de cerca de 63 quintilh�es Joules. A quantidade de calor que colocamos nos oceanos do mundo nos �ltimos 25 anos � igual a 3,6 bilh�es de explos�es de bombas at�micas em Hiroshima”, explicou Lijing Cheng, principal autor do artigo e professor do Centro Internacional de Ci�ncias Clim�ticas e Ambientais do Instituto de F�sica Atmosf�rica (IAP) da Academia Chinesa de Ci�ncias (CAS). “Esse aquecimento medido nos oceanos � irrefut�vel e � mais uma prova do aquecimento global. N�o h� alternativas razo�veis, al�m das emiss�es humanas de gases de efeito estufa, para explicar esse aquecimento”.

 

Segundo os pesquisadores, � poss�vel trabalhar para reverter os efeitos das mudan�as clim�ticas, mas o oceano levar� mais tempo para responder do que os ambientes atmosf�rico e terrestre. Desde 1970, mais de 90% do calor do aquecimento global foi para o mar, enquanto menos de 4% aqueceu a atmosfera e a terra firme. “Mesmo com essa pequena fra��o afetando a atmosfera e a terra, o aquecimento global levou a um aumento de inc�ndios catastr�ficos na Amaz�nia, na Calif�rnia e na Austr�lia em 2019, e estamos vendo isso continuar em 2020”, aponta Cheng. “O pre�o que pagamos � a redu��o do oxig�nio dissolvido no oceano, a vida marinha prejudicada, o aumento das tempestades e a redu��o da pesca e das economias relacionadas ao oceano”.

 

INC�NDIOS Diante do inc�ndio florestal australiano que consumiu 100 mil quil�metros quadrados, resultando na morte de 29 pessoas e um bilh�o de animais at� agora, pesquisadores da Universidade de East Anglia (UEA), do Met Office Hadley Center, da Universidade de Exeter e do Imperial College de Londres realizaram uma revis�o de 57 artigos para verificar a associa��o da severidade do fen�meno e as mudan�as clim�ticas. Todos os estudos mostraram liga��es entre o aumento da temperatura e o crescimento da frequ�ncia ou da gravidade dos inc�ndios.

 

“Os 57 artigos analisados mostram claramente que o aquecimento induzido por humanos j� levou a um aumento global na frequ�ncia e na severidade dos extremos clim�ticos, aumentando os riscos de inc�ndio”, diz Matthew Jones, pesquisador do Tyndall Center da UEA e principal autor da revis�o. “Isso foi observado em muitas regi�es, incluindo a Amaz�nia, a Austr�lia, a Sib�ria, o Oeste dos Estados Unidos, o Canad�, o Sul da Europa e a Escandin�via”.

 

Para um dos coautores, Richard Betts, chefe de pesquisa de impactos clim�ticos do Met Office Hadley Center e da Universidade de Exeter, por�m, a tend�ncia de agravamento poder� ser revertida, caso as metas do Acordo de Paris, assinado em 2015 na capital francesa, sejam cumpridas. “A temporada de inc�ndios ocorre naturalmente, mas est� se tornando mais severa e generalizada devido �s mudan�as clim�ticas. Limitar o aquecimento global a um n�vel bem abaixo de 2oC (como prev� o acordo) ajudaria a evitar novos aumentos nesse risco”.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)