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Estado de Minas BOA NOT�CIA

Plasma de paciente curado reduz mortes por covid-19, diz estudo americano

Estudo mostra redu��o da mortalidade e do tempo de interna��o daqueles tratados com a abordagem centen�ria


postado em 26/05/2020 10:18

(foto: Lucas Pacífico/CB/D.A Press)
(foto: Lucas Pac�fico/CB/D.A Press)
Em 1890, uma publica��o cient�fica descreveu, pela primeira vez, uma abordagem que j� vinha sendo observada por cientistas. O microbi�logo alem�o Emil Behring relatou, na revista Deutsche Medicinishce Wochenschrift, que animais infectados com difteria e t�tano poderiam ser curados pelo sangue de outros, saud�veis, que haviam se recuperado da mesma doen�a. Al�m de ajudar a estabelecer as bases da vacina, o pesquisador apresentou evid�ncias de uma terapia que, mais de 100 anos depois, est� sendo testada para enfrentar a pandemia da covid-19.

Sem vacina nem medicamentos espec�ficos dispon�veis at� agora, m�dicos experimentam o tratamento com sangue convalescente para fazer com que os pacientes desenvolvam anticorpos para o Sars-CoV-2, a partir do plasma purificado de pessoas curadas da doen�a. Pequenos estudos de casos t�m demonstrado que a abordagem ajuda a eliminar o v�rus mais rapidamente do organismo, reduzindo o tempo de interna��o e a gravidade da covid-19.

Agora, cientistas da Faculdade de Medicina Icahn do Monte Sinai, em Nova York, divulgaram os resultados de uma pesquisa na qual compararam a efic�cia do tratamento de pessoas submetidas � abordagem a de pacientes que n�o receberam o plasma. � a primeira vez que, na pandemia atual, usa-se um grupo de controle para avaliar essa terapia.

De acordo com o artigo, divulgado na plataforma online de pr�-publica��o cient�fica medRxiv, os pacientes internados no Hospital Universit�rio Monte Sinai que receberam plasma convalescente tiveram sobrevida maior e apresentaram melhora na oxigena��o comparados a um grupo de hospitalizados n�o submetidos ao tratamento. Contudo, mesmo que o estudo tenha usado a metodologia considerada padr�o-ouro das pesquisas cient�ficas — isto �, pacientes em grupos pass�veis para compara��o —, os autores observam que, no caso daqueles que n�o receberam o plasma, os dados foram obtidos retrospectivamente — eles n�o foram acompanhados ao mesmo tempo das pessoas que passaram pelo tratamento experimental.

Os dados do estudo norte-americano — primeiro pa�s, depois da China, a testar o plasma convalescente em pacientes de covid-19 —, referem-se a 78 infectados pelo Sars-CoV-2. Trinta e nove deles receberam cerca de 500ml de sangue. Os relatos s�o preliminares, pois os testes continuar�o a ser feitos, com n�meros maiores de participantes.

Sele��o

Nicole Bouvier, professora da Faculdade de Medicina Ichan e coautora do artigo, explica que as informa��es do grupo de controle foram obtidas por um algoritmo que fez a sele��o dos pacientes nos prontu�rios dispon�veis pelo Sistema de Sa�de da cidade de Nova York, uma das primeiras e mais atingidas pela epidemia nos Estados Unidos. De acordo com ela, o programa buscou pessoas infectadas pela covid-19 com caracter�sticas semelhantes �s das que participaram ativamente do estudo, como idade, comorbidades, necessidade de oxigena��o suplementar e etc.

Todos os participantes, inclusive os do grupo controle, precisaram de oxigena��o no primeiro dia de interna��o. Sessenta e nove por cento receberam o oxig�nio de baixo fluxo (por m�scara ou cateter no nariz) e o restante por ventila��o mec�nica invasiva (respirador).

No 14º dia, as condi��es cl�nicas pioraram em 18% dos pacientes com plasma e 24,3% dos controles. Nos dias 1 e 7, o grupo plasm�tico tamb�m mostrou uma redu��o na propor��o de internos com piora do estado de oxigena��o, mas essa diferen�a n�o foi estatisticamente significativa. Em 1º de maio, ao fim de duas semanas de estudo, 12,8% dos receptores de plasma e 24,4% dos pacientes controle haviam morrido; e 71,8% e 66,7%, respectivamente, recebido alta.

“Estamos confiantes de que nossa avalia��o inicial tenha fornecido evid�ncias em apoio ao plasma convalescente como uma interven��o eficaz”, afirma Nicole Bouvier. De acordo com ela, aparentemente os pacientes menos graves tendem a se beneficiar mais do tratamento, algo que deve ser confirmado em estudos futuros. “S�o necess�rias pesquisas adicionais para confirmar esses dados, para tirarmos conclus�es mais definitivas em diferentes popula��es”, destaca.

Embora centen�ria, essa terapia ainda n�o foi testada em um grande n�mero de pacientes, seguindo a metologia padr�o ouro dos estudos cient�ficos. Uma dificuldade para isso, segundo especialistas, � a alta mortalidade em tempos de epidemias de doen�as infecciosas, quando, para salvar vidas, os m�dicos t�m de lan�ar m�o dos tratamentos com efic�cia conhecida, em detrimento de randomizar pacientes em grupos comparativos.

Influenza

Um dos maiores trabalhos cient�ficos sobre o plasma convalescente em termos num�ricos foi realizado no ano passado por uma equipe de pesquisadores norte-americanos, financiada pelo Instituto Nacional de Alergias e Doen�as Infecciosas dos EUA, o Niaid.

Cento e quarenta crian�as e adultos com influenza foram divididos aleatoriamente em dois grupos, sendo que metade recebeu plasma convalescente com altos n�veis de anticorpos virais, e metade o placebo, que consistiu em sangue sem anticorpos. O estudo foi duplo-cego: nem m�dicos nem pacientes sabiam quem era receptor do tratamento verdadeiro.

O artigo, publicado na revista m�dica The Lancet, concluiu que n�o houve benef�cios para aqueles que receberam o plasma convalescente. O v�rus testado, por�m, foi o influenza A, que n�o pertence � mesma fam�lia do Sars-CoV-2.

Na �poca das epidemias de Sars e Mers, coronav�rus semelhantes ao causador da covid-19, pequenos estudos indicaram melhora dos receptores de sangue convalescente, com presen�a comprovada por testes de anticorpos circulantes no organismo. Recentemente, um estudo com macacos rhesus mostrou que os animais tratados com essa abordagem eliminaram o micro-organismo mais rapidamente e, quando colocados em contato novamente com o Sars-CoV-2, n�o foram reinfectados.

H� poucos trabalhos sobre os efeitos dessa terapia em humanos durante a pandemia atual. Geralmente, as publica��es s�o estudos de casos. No in�cio do m�s, pesquisadores indianos fizeram uma compila��o da literatura dispon�vel e encontraram bons resultados. O artigo foi publicado no Journal of Medical Virology.

Para a pesquisa, os autores buscaram nos indexadores de estudos cient�ficos artigos sobre o uso do plasma convalescente na pandemia da covid-19. Eles encontraram cinco artigos que, juntos, envolveram 27 pacientes. Quatro foram realizados na China e um na Coreia do Sul. Vinte e um hospitalizados eram considerados cr�ticos quando admitidos nas Unidades de Terapia Intensiva, e 14 dependiam de respiradores. Dezessete foram diagnosticados com a s�ndrome do estresse respirat�rio agudo, a fase mais grave da covid-19.

“Todos os cinco estudos constataram que a terapia com plasma convalescente reduziu, significativamente, a carga viral e aumentou o n�vel de anticorpos neutralizadores ao longo tempo”, escreveram os autores. “Depois de receberem a transfus�o, quase todos os pacientes mostraram melhoras nos sintomas, incluindo normaliza��o da temperatura corporal, absor��o das les�es pulmonares em graus variados, cura da s�ndrome e dispensa da ventila��o mec�nica entre um a 35 dias ap�s a transfus�o.” Os autores observaram que nenhum dos cinco estudos foram randomizados, com grupos de placebo para compara��o.

Por�m, como os efeitos colaterais do tratamento s�o basicamente nulos, alguns especialistas defendem o uso do plasma convalescente nos pacientes da covid-19. � o caso de Foad Alzoughool, pesquisador da Universidade de Hashemite, em Amsterdam. Ele estudou a imuniza��o passiva em epidemias anteriores, como de ebola, chicungunha e H1N1, e afirma que as evid�ncias da efic�cia desse tratamento s�o convincentes. “O uso de plasma dos pacientes recuperados pode ser �til na guerra mundial contra a covid-19”, acredita.

De acordo com ele, especialmente quando a transfus�o � feita logo ap�s os primeiros sintomas, o tempo de interna��o � “significativamente mais baixo” e a mortalidade � menor, comparado a pessoas com caracter�sticas semelhantes, que n�o receberam esse tratamento. “Se estamos buscando terapias para a covid-19, vamos encontr�-la no sangue dos sobreviventes. Em uma �poca na qual n�o h� nenhuma droga antiviral nem vacina para essa doen�a, a imuniza��o passiva pode ajudar a frear o v�rus letal e salvar vidas, particularmente de idosos e pacientes com comorbidades”, diz.

Pesquisas no Brasil

Atualmente, h� mais de 140 projetos mundiais para uso da terapia com plasma convalescente em pacientes de covid-19 e ao menos 60 estudos em andamento. No Brasil, o tratamento experimental est� em curso no Hemocentro do Par�, no Hemorio (RJ) e em uma parceria do Hospital Israelita Albert Einstein, do Hospital S�rio Liban�s, da Universidade de S�o Paulo e da Faculdade de Medicina de Ribeir�o Preto, todos em S�o Paulo. Ainda n�o h� resultados publicados desses estudos, que est�o sendo acompanhados pelo Minist�rio da Sa�de.


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