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Estado de Minas

O que � 'espaguetiza��o', fen�meno pelo qual cientistas observaram buraco negro devorar estrela

Astrof�sicos detectaram no melhor momento um evento de rompimento da mar� que gera o fen�meno da 'espaguetiza��o'; por que uma estrela se transforma em uma esp�cie de 'macarr�o'?


14/10/2020 09:20

A espaguetização é o resultado de um evento catastrófico para uma estrela(foto: ESO/M. Kornmesser)
A espaguetiza��o � o resultado de um evento catastr�fico para uma estrela (foto: ESO/M. Kornmesser)

A receita c�smica que gera a chamada "espaguetiza��o" � algo que vem intrigando os astr�nomos nos �ltimos anos, mas em 2020 est� mais claro do que nunca.

Os ingredientes se juntaram diante dos olhos dos cientistas isto �, diante de uma cadeia de observat�rios astron�micos, que detectou um evento de interrup��o de mar� (TDE, na sigla em ingl�s) que ocorreu a "apenas" 215 milh�es de anos-luz da Terra. O TDE � um fen�meno que ocorre quando uma estrela acaba sendo desmontada ap�s passar perto demais de um buraco negro. O resultado final fica visualmente parecido a um espaguete.

"� o flash mais pr�ximo desse tipo j� registrado", disseram cientistas da British Royal Astronomical Society, que anunciaram os resultados de suas pesquisas na segunda-feira (12/10).

O TDE fornece os ingredientes pelos quais um objeto c�smico, como uma estrela, "sofre" um processo de espaguetiza��o (e, por "sofrimento", queremos dizer algo realmente catastr�fico).

"A ideia de um buraco negro 'sugando' uma estrela pr�xima parece fic��o cient�fica. Mas isso � exatamente o que acontece em um evento de interrup��o de mar�", disse o autor principal do estudo, Matt Nicholl.

"Fomos capazes de investigar em detalhes o que acontece quando um monstro como esse come uma estrela", acrescenta.

Esta é a primeira foto de um buraco negro(foto: EHT Collaboration)
Esta � a primeira foto de um buraco negro (foto: EHT Collaboration)

O estudo lan�a uma nova luz sobre a pesquisa a respeito dos TDE e como a mat�ria reage a ambientes do universo como esse.

"� relevante porque ainda temos muitas d�vidas sobre como a mat�ria se comporta nas proximidades de um buraco negro e especialmente em um campo gravitacional t�o intenso", disse o astrof�sico Ezequiel Treister � BBC News Mundo, servi�o em espanhol da BBC. "Este se torna um excelente laborat�rio para estudar esse comportamento."

Como se explica a espaguetiza��o?

Treister diz que a espaguetiza��o come�a quando uma estrela fica muito perto de um buraco negro supermassivo.

"A atra��o gravitacional produzida pelo buraco negro faz com que a estrela perca sua forma, sua estrutura, acabe sendo destru�da e absorvida pelo buraco negro. Isso gera o fen�meno de um evento de interrup��o de mar�", afirma.

A mat�ria � esticada por for�as gravitacionais de modo que acaba ficando semelhante a um macarr�o. Come�a a esticar e esticar, parecendo um espaguete.

Os raios X (no gráfico inferior) fornecem a primeira indicação de que está ocorrendo um TDE(foto: NASA)
Os raios X (no gr�fico inferior) fornecem a primeira indica��o de que est� ocorrendo um TDE (foto: NASA)

"Quando a estrela acaba de cair no buraco negro, h� muitos efeitos. Uma grande quantidade de energia pode impactar a gal�xia e o ambiente ao redor do buraco", acrescenta Treister, que � professor do Instituto de Astrof�sica da Pontif�cia Universidade Cat�lica do Chile.

Da Terra, o fen�meno pode ser detectado pela "explos�o de energia" que ocorre quando uma estrela � destru�da. E geralmente s�o raros e dif�ceis de estudar, pois uma "cortina" de poeira e detritos � gerada e torna a observa��o dif�cil.

Mas o que os cientistas liderados por Nicholl viram foi diferente.

No tempo certo

No caso do evento TDE identificado como AT2019qiz, os ingredientes para a espaguetiza��o se encontraram em um momento muito oportuno.

Al�m do fato de que o evento visto pelos pesquisadores ocorreu a cerca de 200 milh�es de anos-luz da Terra, ele p�de ser estudado com detalhes "sem precedentes" porque foi detectado logo depois que a estrela que o gerou foi destru�da.

Uma rede de observatórios mundiais, da qual o Chile é um país líder, permitiu o avistamento(foto: ESO)
Uma rede de observat�rios mundiais, da qual o Chile � um pa�s l�der, permitiu o avistamento (foto: ESO)

Para isso, eles usaram uma cadeia de observat�rios em todo o mundo durante seis meses: o Very Large Telescop do Observat�rio Europeu do Sul, o Telescopio de Nueva Tecnolog�a do Observat�rio Las Cumbres e o observat�rio espacial Swift.

"V�rias an�lises do c�u descobriram emiss�es do novo evento de interrup��o da mar� muito rapidamente depois que a estrela foi destru�da", explicou Thomas Wevers ao divulgar o estudo na Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

"N�s imediatamente apontamos um conjunto de telesc�pios terrestres e espaciais naquela dire��o para ver como a luz era produzida", acrescenta o membro do Observat�rio Europeu do Sul.

A matéria se estende tanto que cria o efeito espaguetização, explicam os astrofísicos(foto: Getty Images)
A mat�ria se estende tanto que cria o efeito espaguetiza��o, explicam os astrof�sicos (foto: Getty Images)

A estrela tinha massa semelhante � do Sol. Nicholl explica que ela perdeu metade dessa massa ao interagir com o buraco negro, que � "um milh�o de vezes mais massivo".

"Como detectamos isso cedo, pudemos ver a cortina de poeira e detritos que se ergueu quando o buraco negro lan�ou um poderoso fluxo de material com velocidades de at� 10.000 quil�metros por segundo", disse Kate Alexander, que colaborou no estudo.

O caso raro do AT2019qiz poderia ser uma "Pedra de Roseta" para interpretar observa��es futuras de eventos de TDE.

Treister explica que o desenvolvimento de uma rede global de observat�rios, tanto em terra (com o caso not�vel dos localizados no Chile), quanto no espa�o, permitiu aos cientistas dar um salto "exponencial" na investiga��o desses fen�menos.

"Isso � fundamental e relativamente novo no sentido de que para realmente entender tudo o que acontece nesse processo � necess�rio combinar diferentes observa��es e, portanto, usar v�rios observat�rios", diz. "A capacidade de coordenar e usar v�rios observat�rios para acompanhar esses eventos quando o alerta � dado � essencial."


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