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Novas regras para o WhatsApp: 4 perguntas sobre as mudan�as no aplicativo

O WhatsApp passou a obrigar seus usu�rios a compartilhar dados pessoais com o Facebook - empresa que � dona do servi�o de mensagens desde 2014


13/01/2021 06:32 - atualizado 13/01/2021 07:56

O WhatsApp passou a obrigar seus usuários a compartilhar dados pessoais com o Facebook(foto: Getty Images)
O WhatsApp passou a obrigar seus usu�rios a compartilhar dados pessoais com o Facebook (foto: Getty Images)

A divulga��o de que o WhatsApp passou a obrigar seus usu�rios a compartilhar dados pessoais com o Facebook — empresa que � dona do servi�o de mensagens desde 2014 — levou milh�es de pessoas no mundo a buscar outras alternativas de aplicativos de conversas, como Signal e Telegram, nos �ltimos dias.

Com a rea��o negativa, o WhatsApp se manifestou refor�ando que o teor das mensagens e liga��es trocadas dentro do aplicativo continua sendo criptografado, ou seja, o conte�do n�o pode ser acessado pelo pr�prio WhatsApp.


A empresa tamb�m disse em posicionamento � imprensa que "esta atualiza��o n�o muda as pr�ticas de compartilhamento de dados entre o WhatsApp e o Facebook, e n�o impacta como as pessoas se comunicam de forma privada com seus amigos e familiares em qualquer lugar do mundo".

Mas se nada muda, por que a pol�tica de privacidade foi atualizada? A BBC News Brasil conversou com especialistas em seguran�a de dados para explicar essas e outras d�vidas sobre a nova pol�tica de privacidade.

Por tr�s das altera��es est� o lan�amento de um novo servi�o pelo Facebook para gerenciar conversas de empresas com consumidores pelo WhatsApp, mensagens que tem sua transmiss�o criptografadas, mas cuja privacidade n�o tem prote��o absoluta como em uma conversa privada com amigos.

Entenda melhor a seguir e saiba tamb�m quais podem ser as vantagens e desvantagens em migrar para outro aplicativo de conversa.

1. Qual o impacto de fato da nova pol�tica de privacidade?

O WhatsApp passou a notificar seus usu�rios na semana passada que a atualiza��o dos seus termos de servi�o e de sua pol�tica de privacidade entrar� em vigor dia 8 de fevereiro e que s� poder� continuar usando o aplicativo quem aceitar s mudan�as. A notifica��o indica como o usu�rio pode deletar sua conta, caso discorde da atualiza��o.

Essa mensagem diz ainda que as mudan�as envolvem atualiza��es importantes sobre "como tratamos seus dados", "como as empresas podem usar os servi�os de hospedagem do Facebook para armazenar e gerenciar suas conversas no WhatsApp" e "como a nossa (do WhatsApp) parceria com o Facebook possibilita a oferta de integra��es entre os Produtos das Empresas do Facebook".

Segundo a especialista em seguran�a de dados Mariana Rielli, l�der de projeto do Data Privacy Brasil, a mudan�a de fato n�o significa uma grande atualiza��o na pol�tica de privacidade do WhatsApp. Ela explica que, na verdade, boa parte dos usu�rios do WhatsApp j� compartilham seus dados com as outras empresas do Facebook, mas possivelmente n�o est�o conscientes disso.

Em sua plataforma, o WhatsApp detalha a gama de informa��es que podem ser disponibilizadas a outras empresas do grupo, como n�mero de telefone e outros dados que constem no registro (como o nome); informa��es sobre o telefone, incluindo a marca, modelo e a empresa de telefonia m�vel; o n�mero de IP, que indica a localiza��o da conex�o � internet; qualquer pagamento ou transa��o financeira realizada atrav�s do WhatsApp.

Ap�s ser comprado em 2014 pelo Facebook, lembra Mariana Rielli, o WhatsApp fez em agosto de 2016 uma atualiza��o global de sua pol�tica de privacidade que permitia ao usu�rio escolher se aceitava ou n�o compartilhar seus dados com a rede social fundada por Mark Zuckerberg e outras empresas do grupo, como o Instagram.


(foto: Reprodução)
(foto: Reprodu��o)

Naquela ocasi�o, por�m, foi dado um per�odo de apenas 30 dias para o usu�rio tomar essa decis�o e fazer a mudan�a nas suas configura��es de conta. Quem n�o fez a altera��o naquela "janela de oportunidade" ou entrou depois de 2016 no WhatsApp n�o teve mais a op��o de decidir entre compartilhar ou n�o seus dados.

O que aconteceu agora � que o Facebook quer intensificar sua integra��o com o WhatsApp para que empresas que vendem servi�os e produtos em suas redes sociais possam cada vez mais usar suas contas comerciais no aplicativo de conversa para interagir e fazer neg�cios com os usu�rios, inclusive viabilizando pagamentos e compras diretamente nesse canal. Al�m disso, a rede social vai passar a vender um servi�o para empresas com grande volume de mensagens gerenciarem as conversas realizadas com os consumidores pelo WhatsApp.

Com isso, foi pedido um novo consentimento dos usu�rios para permitir que seus dados sejam compartilhados tamb�m nesses novos modos de uso do WhatsApp, por meio de contas comerciais (WhatsApp Business).

"Essa atualiza��o da pol�tica de privacidade n�o chega a ser uma mudan�a de fato (nas regras de compartilhamento de dados). O que muda, na verdade, agora � que as pessoas perceberam que elas n�o tinham o direito de se opor ao compartilhamento dos seus dados enquanto elas estavam usando os servi�os de WhatsApp", afirma Rielli.

"Houve apenas essa janela de 30 dias em 2016 e depois n�o houve mais nenhuma oportunidade para os usu�rios novos, ou mesmo os antigos, se manifestarem e se oporem ao compartilhamento de dados do WhatsApp com as empresas do Facebook. A �nica grande diferen�a com a atualiza��o � que eles explicitaram a quest�o do WhatsApp Business porque eles querem integrar as contas comerciais (do WhatsApp) com as funcionalidades do Facebook", refor�a.

Questionada pela BBC News Brasil, a assessoria do WhatsApp confirmou a explica��o de Rielli e disse que a mudan�a atual atinge conversas de empresas que usam o Facebook para armazenar e gerenciar esse di�logo com clientes no WhatsApp. A assessoria disse ainda � reportagem que, mesmo com essa mudan�a, continua respeitando a escolha dos usu�rios que decidiram n�o compartilhar seus dados em 2016.

O comunicado � imprensa do aplicativo de mensagens disse ainda o seguinte: "Para aumentar a transpar�ncia, o WhatsApp atualizou suas Pol�ticas de Privacidade para que descrevam que, daqui para a frente, as empresas podem optar pelos servi�os seguros de hospedagem do Facebook para ajudar no gerenciamento das comunica��es com seus clientes no WhatsApp. Embora, � claro, continue sendo uma decis�o do usu�rio se ele gostaria ou n�o de se comunicar com uma empresa no WhatsApp".


Número de telefone e modelo do aparelho estão entre as informações que poderão ser divididas(foto: Getty Images)
N�mero de telefone e modelo do aparelho est�o entre as informa��es que poder�o ser divididas (foto: Getty Images)

2. Como saber qual foi sua escolha em 2016?

A assessoria do WhatsApp n�o soube informar quantas pessoas no Brasil optaram por n�o ter seus dados compartilhados em 2016 e quanto isso representa do total de usu�rios.

Se voc� j� estava no WhatsApp naquele momento e n�o se lembra da sua escolha, pode solicitar essa informa��o � empresa.

Isso � feito dentro do aplicativo, entrando na p�gina de "ajustes" ou "configura��es" (a depender do seu aparelho celular), clicando no item "conta" e, em seguida, em "solicitar dados da conta".

O relat�rio com seus dados ser� disponibilizado em tr�s dias.

3. O que o Facebook ganha com as novas regras para o WhatsApp?

O Facebook anunciou em outubro que lan�ar� no in�cio deste ano um servi�o pago para as empresas gerenciarem sua conversas com clientes pelo WhatsApp. Hoje, as companhias com contas comerciais j� podem contratar esse servi�o de outras empresas certificadas pelo Facebook.

No an�ncio do novo servi�o, o Facebook destacou que, embora as mensagens transmitidas nas contas comerciais sejam criptografadas, o WhatsApp n�o considera que nesses casos existe uma criptografia "de ponta a ponta" porque as empresas podem disponibilizar esse conte�do para terceiros, como servi�os de gerenciamento de mensagens.

"Esse tamb�m ser� o caso se o fornecedor terceirizado for o Facebook", ressaltou.

J� no texto em que explica as mudan�as na pol�tica de privacidade, o WhatsApp detalha algumas aplica��es que isso permitir�: "Oferecemos �s empresas a op��o de utilizar os servi�os seguros de hospedagem do Facebook para gerenciar as conversas com seus clientes no WhatsApp, responder a perguntas e enviar informa��es �teis, como recibos de compra".

"Por�m, o conte�do da sua conversa (seja por telefone, e-mail ou WhatsApp) pode ser visto/lido pela empresa, e algumas informa��es compartilhadas na conversa podem ser utilizadas pela pr�pria empresa para fins de marketing, inclusive para fazer publicidade no Facebook. Para ter certeza de que voc� est� ciente dessas situa��es, n�s informaremos claramente na conversa se uma empresa optou por utilizar os servi�os de hospedagem do Facebook", diz tamb�m o texto.

O comunicado destaca tamb�m como a funcionalidade "Loja" — que j� permite a empresas venderem produtos diretamente pelo Facebook e Instagram — ser� usada: "Cada vez mais pessoas querem fazer compras online. Com os recursos comerciais do Facebook como as Lojas, algumas empresas poder�o exibir seus produtos no WhatsApp para que as pessoas possam ver quais itens est�o dispon�veis para compra".

"Se voc� escolher usar as Lojas, suas atividades de compra poder�o ser usadas para personalizar sua experi�ncia nas Lojas e os an�ncios que voc� v� no Facebook e no Instagram. Esses recursos s�o opcionais e quando voc� os usa, n�s informaremos diretamente no app do WhatsApp como e por que seus dados ser�o compartilhados com o Facebook", prossegue o texto.

Outra possibilidade ser� "descobrir empresas", diz o comunicado: "Voc� poder� ver um an�ncio no Facebook com um bot�o para enviar mensagens para uma empresa por meio do WhatsApp. Se voc� tiver o WhatsApp instalado no seu celular, ser� poss�vel enviar mensagens diretamente para essa empresa. O Facebook, por sua vez, poder� utilizar os dados de como voc� interage com esses an�ncios para personalizar os an�ncios que voc� ver� no futuro".


Downldoads do concorrente Telegram disparou nos últimos dias(foto: Getty Images)
Downldoads do concorrente Telegram disparou nos �ltimos dias (foto: Getty Images)

4. Com as mudan�as, vale migrar para Signal ou Telegram?

Ap�s o an�ncio da nova pol�tica do WhatsApp, a procura por seus principais concorrentes disparou. De acordo com dados da empresa de an�lise Sensor Tower, o Signal foi baixado globalmente 246.000 vezes na semana antes do WhatsApp anunciar a mudan�a em 4 de janeiro, e 8,8 milh�es de vezes na semana seguinte.

O Telegram se mostrou ainda mais popular, com downloads crescendo globalmente de 6,5 milh�es na semana que come�ou em 28 de dezembro para 11 milh�es na semana seguinte.

Para o especialista em seguran�a de dados Marcos Simplicio, professor de Engenharia de Computa��o na USP, cada aplicativo tem vantagens e desvantagens e a escolha depender� dos interesses do usu�rio em usar os servi�os das empresas do Facebook e de qu�o ele est� disposto a abrir m�o de sua privacidade.

"Para quem j� coloca sua vida pessoal inteira no Facebook, � pouco prov�vel que fa�a alguma diferen�a significativa (a mudan�a de pol�tica do WhatsApp)", diz.

"Se voc� se preocupa com sua privacidade a ponto de n�o entregar muitos dados para o Facebook, ent�o � interessante a hip�tese de trocar de aplicativo. J� se voc� gosta da personaliza��o que o Facebook te d� (como an�ncios focados nos seus interesses), voc� vai estar ganhando em termos de servi�os fornecidos personalizados para voc� (ao disponibilizar mais dados)", ressalta.

A op��o queridinha dos especialistas em seguran�a de dados, diz o professor, � o Signal, servi�o tamb�m gr�tis dispon�vel para Android e iOS e usado pelo ex-analista da CIA Edward Snowden, que ficou famoso ap�s tornar p�blicos detalhes sobre programas de vigil�ncia do governo dos Estados Unidos.

O aplicativo foi criado por um grupo independente de desenvolvedores de software chamado Open Whisper Systems, cujo fundador � o hacker Moxie Marlinspike.

O Signal, que � sustentado por meio de doa��es, n�o coleta dados pessoais, como lista de contatos do usu�rio, nome e foto do perfil, informa��es de grupos, dados de localiza��o, entre outros. Outro grande diferencial, diz Simplicio, � a maior transpar�ncia.

"O Signal � t�o cifrado quanto os outros (em termos de mensagens criptografadas), mas o c�digo � aberto. Ent�o, d� para auditar melhor que o WhatsApp ou o Telegram", afirma.

"Isso significa que voc� tem acesso a todos os detalhes do software: uma pessoa que � da �rea de programa��o pode olhar e ver tudo que ele faz e que ele n�o faz. J� no WhatsApp, voc� n�o tem acesso aos algoritmos que ele est� utilizando", explica ainda.

Por outro lado, a grande desvantagem do Signal � que tem um universo de usu�rios muito menor, enquanto o WhatsApp tem 2 bilh�es de pessoas inscritas. Isso significa que voc� provavelmente n�o encontrar� no Signal todas os contatos com os quais quer trocar mensagens.

J� o Telegram, que tem alcance intermedi�rio entre seus dois concorrentes, � outra op��o dispon�vel sem custo, para Android e iOS, que tamb�m traz pontos positivos e negativos, diz Simplicio.

Segundo sua pol�tica de privacidade, o aplicativo n�o usa os dados dos usu�rios para gerar an�ncios e armazena apenas informa��es necess�rias para a opera��o do servi�o de troca de mensagens.

Por outro lado, sua criptografia n�o � considerada t�o segura, devido ao sistema usado pelo Telegram para realizar backup (armazenamento) das mensagens automaticamente para o usu�rio. Isso permite que, em caso de perda desse conte�do, o usu�rio o recupere totalmente, sem perder as trocas mais recentes, como ocorre no WhatsApp.

"Quando eu mando uma mensagem para voc� no WhatsApp, s� voc� v�. O servidor do WhatsApp n�o consegue enxergar, porque ele usa um protocolo (de criptografia) muito similar ao do Signal", nota o professor.

"No Telegram voc� pode fazer isso, mas tem que ativar essa funcionalidade. As mensagens que voc� manda por padr�o n�o s�o protegidas de ponta a ponta. Elas s�o protegidas entre voc� e o servidor, que salva para voc� (o conte�do), e depois ele entrega para o destinat�rio", continua.

"Ent�o, a princ�pio, o Telegram pode ler suas mensagens e d� para recuperar suas mensagens de uma forma mais f�cil, foi o que aconteceu com o caso da Vaza Jato", explica ainda, lembrando a s�rie de reportagens do site Intercept Brasil que teve acesso a mensagens trocadas no Telegram por autoridades da Opera��o Lava Jato, ap�s o procurador Deltan Dallagnol ser hackeado.


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