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Estado de Minas

C�lulas-tronco para tratamento de autismo


18/01/2021 04:00

J�ssica Mayara*

Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), uma em cada 160 crian�as apresentam o transtorno do espectro autista (TEA) ou autismo, como � popularmente conhecido, no mundo. Diretamente relacionado ao neurodesenvolvimento cognitivo – ato de processar informa��es com a finalidade de perceber, integrar, compreender e responder adequadamente aos est�mulos do ambiente –, os autistas t�m como principais sintomas o comprometimento da comunica��o social, letargia, irritabilidade e repeti��o de comportamentos.

Por�m, uma pesquisa realizada no Shandong Jiaotong Hospital, na China, com 37 crian�as com idades entre 3 e 12 anos, todas com autismo, indica uma “ponta” de esperan�a a mais para os pacientes com o dist�rbio. Isso porque os resultados apresentados pelo estudo mostram que aqueles que foram submetidos � terapia celular apresentaram um avan�o consider�vel em rela��o � consci�ncia corporal, fala e hiperatividade 24 semanas ap�s a infus�o das c�lulas-tronco.

“Na grande maioria dos protocolos cl�nicos, embora ainda com poucos pacientes, ap�s a inje��o de c�lulas-tronco mesenquimais no territ�rio neurol�gico, foram observados em controles cl�nicos a m�dio e longo prazos melhorias nas rela��es sociais e reciprocidade, capacidade de resposta emocional, comunica��o e comportamento. � o benef�cio esperado pela comunidade m�dica e sobretudo pelos pais, dentro de uma situa��o de dif�cil controle mesmo quando utilizadas as melhores terapias.”

� o que diz Nelson Tatsui, diretor t�cnico do Grupo Criog�nesis e hematologista do HC-FMUSP. Segundo ele, esses s�o resultados promissores, mas que exigem cautela, haja vista que o uso das c�lulas-tronco como terapia para pacientes autistas ainda est� no campo experimental. Portanto, nas palavras de Nelson Tatsui, embora seja encorajador, nunca deve se substituir totalmente o tratamento tradicional. Assim sendo, o especialista explica que os protocolos internacionais visam, neste momento, verificar a seguran�a e a��o do m�todo como terapia suplementar.

Mas como esse tratamento pode, de fato, auxiliar o tratamento tradicional? Segundo o diretor t�cnico do Grupo Criog�nesis, apesar de n�o haver uma causa evidente para o transtorno do espectro autista, em algum momento � deflagrado uma perda da regula��o imunol�gica e in�cio de uma inflama��o neurol�gica no aparecimento cl�nico do autismo. Portanto, � a� que as c�lulas-tronco do tipo mesenquimal, presente no sangue e no tecido do cord�o umbilical, medula �ssea e polpa de dente entram em a��o.

“Elas t�m propriedades imunomoduladoras que regulam o sistema imune e promovem a desinflama��o tecidual associada a um potencial efeito regenerativo, resultando em menor dano tecidual e uma melhora cl�nica do paciente autista. Na pr�tica, na sua forma mais simples, a c�lula-tronco mesenquimal � injetada na regi�o do tecido afetado e as subst�ncias liberadas por ela efetuam as a��es mencionadas. Obviamente, uma quantidade m�nima de c�lulas deve ser injetada, de modo que ela sofra previamente um processamento de expans�o num�rica laboratorial”, explica.

Ainda, de acordo com Nelson Tatsui, essas c�lulas precisam estar devidamente purificadas e identificadas antes de haver a “transfus�o”, podendo ela ser do pr�prio paciente ou de um doador alog�nico. Para que tudo ocorra bem, o especialista pontua que s�o feitas avalia��es peri�dicas seguindo o protocolo apresentado aos comit�s sanit�rias e �ticos. “S�o protocolos de longo prazo que podem durar um ano ou mais. Isso dificulta muito as fam�lias brasileiras, pois s�o habitualmente realizados no exterior, sobretudo nos EUA e em pa�ses asi�ticos.”

NO BRASIL Embora os resultados sejam favor�veis, os protocolos atuais, conforme Nelson Tatsui, trataram poucos pacientes e t�m muitas cr�ticas em rela��o ao desempenho real da c�lula-tronco. Portanto, � mandat�rio que outros protocolos incluam mais pacientes e sejam mais r�gidos aos protocolos cient�ficos comparativos para que a real a��o seja reconhecida. � o que pode dificultar e atrasar a aplica��o do m�todo no Brasil. No entanto, os �rg�os fiscalizadores brasileiros j� est�o cuidando disso.

“No in�cio deste ano, a Anvisa publicou a RDC 338 que tem por objetivo estabelecer requisitos m�nimos para o registro de produto de terapia avan�ada, incluindo a terapia celular e gen�tica, com vistas � comprova��o de sua efic�cia, seguran�a e qualidade para uso e comercializa��o no pa�s. Ou seja, impulsionou as cl�nicas de terapia celular a estabelecer protocolos para uso cl�nico. Com isso, um n�mero menor de fam�lias buscar� este tratamento em pa�ses nos quais a fiscaliza��o sanit�ria e os conceitos de �tica em pesquisa s�o fracos”, diz.

SEGURAN�A Quanto ao uso e quem, de fato, pode fazer se beneficiar da terapia, Nelson Tatsui explica que, a princ�pio, � crucial que o protocolo experimental seja analisado e aprovado por ag�ncias controladoras federais sanit�rias e de cunho �tico. Assim sendo, neste protocolo devem estar claramente informados os potenciais benef�cios, mas sobretudo os riscos do procedimento, bem como os crit�rios de inclus�o e exclus�o de pacientes.

“Resumidamente, � necess�rio incluir pacientes com autismo bem definido, sem outras doen�as ou altera��es gen�ticas. Al�m disso, os tratamentos tradicionais t�m trazido resultados muito satisfat�rios, portanto, pacientes com autismo mais grave e com resposta insatisfat�ria aos tratamentos convencionais devem ser os mais beneficiados. A grande maioria dos protocolos inclu�ram crian�as e os resultados foram bons. Entretanto, ainda faltam melhores dados sobre a efic�cia. Quanto aos ‘malef�cios’, o protocolo experimental com c�lulas-tronco n�o pode provocar riscos aos pacientes.”

Ainda, Nelson Tatsi afirma que, embora n�o exista uma cura concreta, o objetivo � que esses protocolos com c�lulas-tronco sejam utilizados mais frequentemente. “Por isso, � muito importante termos a consci�ncia do qu�o valioso � esse material. Al�m disso, uma vez coletadas, as c�lulas ficam armazenadas em tanques com temperaturas ultrabaixas, aproximadamente -180°C, por tempo indeterminado sem que percam suas propriedades e qualidade”, diz.

Dentro do mesmo conceito racional do uso de material biol�gico como terapia para pacientes com autismo, o uso de c�lulas-tronco est� sendo utilizado e avaliado, tamb�m, no tratamento de diabetes, artrose, paralisia cerebral, artrite reumatoide, esclerose m�ltipla e outras doen�as autoimunes.

*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram


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