
Avan�os modernos na tecnologia gen�mica aceleraram o processo de desenvolvimento de vacinas. No passado, os pesquisadores precisavam ter acesso ao v�rus real. Atualmente, apenas a obten��o da sequ�ncia gen�tica do micro-organismo pode ser suficiente para se chegar a um imunizante, como foi o caso das vacinas contra covid-19 aprovadas para uso emergencial e da subst�ncia descrita para a zika por Verardi e Japerse. A dupla j� entrou com pedido de patente provis�ria para a nova tecnologia.
Usando a sequ�ncia gen�tica do Zika, Verardi e Jasperse desenvolveram e testaram v�rias vacinas candidatas, que criariam part�culas semelhantes a v�rus (VLPs). Trata-se de uma abordagem atraente porque os fragmentos se assemelham aos virais nativos e, portanto, acionam o sistema imunol�gico para montar uma defesa compar�vel ao que ocorreria durante uma infec��o natural. O importante � que as VLPs n�o t�m material gen�tico e s�o incapazes de se replicar, ou seja, s�o seguras.
A vacina desenvolvida pelos dois cientistas � baseada em um vetor viral, o v�rus vaccinia, que eles modificaram para expressar uma parte da sequ�ncia gen�tica do Zika e, assim, produzir as part�culas semelhantes a ele. O imunizante tem uma caracter�stica de seguran�a adicional: embora, no organismo, seja capaz de se replicar, o que seria perigoso, esse processo ocorre normalmente em cultura de c�lulas no laborat�rio. “Essencialmente, inclu�mos um bot�o liga/desliga”, sintetiza Jasperse. “Podemos ligar o vetor viral no laborat�rio quando o estamos produzindo, simplesmente adicionando um indutor qu�mico, e podemos deslig�-lo quando ele estiver sendo administrado como uma vacina, para aumentar a seguran�a.”
A equipe desenvolveu cinco vacinas candidatas em laborat�rio com diferentes muta��es em uma sequ�ncia gen�tica que atua como um sinal para secretar prote�nas. Os cientistas avaliaram como essas muta��es afetaram a express�o e a forma��o de VLPs do Zika e, em seguida, selecionaram a subst�ncia candidata que tinha a maior express�o de part�culas para testar em um modelo de camundongo da patog�nese do v�rus Zika.
Resposta
Verardi e Jasperse descobriram que os ratos que receberam uma �nica dose da vacina desenvolveram uma forte resposta imunol�gica e ficaram completamente protegidos da infec��o pelo Zika. Os cientistas n�o encontraram nenhuma evid�ncia do v�rus no sangue dos camundongos infectados, que foram expostos ao v�rus ap�s a imuniza��o.
O Zika faz parte de um grupo viral conhecido como flaviv�rus, que inclui os causadores de dengue, febre amarela e febre do Nilo Ocidental. As descobertas de Verardi e Jasperse — particularmente, as muta��es que identificaram que aumentam a express�o de VLPs do Zika —, podem ser �teis para melhorar a produ��o de vacinas contra essas doen�as, afirmaram os cientistas.
O trabalho em andamento no laborat�rio Verardi incorpora essas novas muta��es em vacinas candidatas contra outros v�rus, incluindo o Powassan, um flaviv�rus transmitido por carrapatos que pode causar encefalite fatal. O brasileiro enfatiza que o desenvolvimento de imunizantes virais — nesse caso, para o Zika — ajuda o mundo a se preparar melhor para surtos novos e emergentes, por meio da implementa��o de estruturas de desenvolvimento vacinal. “Os v�rus emergentes n�o v�o parar de aparecer t�o cedo, ent�o, precisamos estar preparados”, diz Verardi. “Parte da prepara��o � continuar o desenvolvimento dessas plataformas.”