
Ele era o governante de uma das primeiras grandes civiliza��es da Europa h� cerca de 5 mil anos.
Mas reza a lenda que o rei Minos de Creta tinha um problema: seu s�men era venenoso.
Dizem que v�rias amantes do rei morreram depois de fazer sexo com ele, j� que ele ejaculava "serpentes e escorpi�es".
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Embora seja uma descri��o incomum para uma doen�a ven�rea, ela levou ao que agora � uma inova��o familiar. O rei Minos � a primeira pessoa de que se tem registro a usar camisinha.
O revestimento protetor era feito de bexiga de cabra, mas ajudava a manter as parceiras do rei seguras durante a rela��o sexual (embora haja algum debate sobre se o dispositivo era usado pelo rei ou por suas parceiras).
No entanto, mais de 1 milh�o de infec��es sexualmente transmiss�veis (ISTs) ainda s�o contra�das todos os dias, de acordo com a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). E cerca de 80 milh�es de gesta��es por ano n�o s�o intencionais.
Isso levou muitos especialistas em sa�de p�blica a insistir que a camisinha deveria desempenhar um papel ainda maior na preven��o da propaga��o de doen�as e no planejamento familiar.
Os preservativos masculinos modernos de l�tex oferecem pelo menos 80% de prote��o contra a maioria das infec��es sexualmente transmiss�veis.
Este dado inclui o uso incorreto e at� mesmo inconsistente da camisinha masculina.
Quando usada %u200B%u200Bcorretamente, a camisinha pode ser at� 95% eficaz na preven��o da transmiss�o do HIV, conforme mostram estudos.
Mas fazer as pessoas usarem preservativos corretamente ainda � um grande desafio, de acordo com William Yarber, diretor s�nior do Centro Rural de Preven��o da Aids/IST da Universidade de Indiana, nos EUA.
"Pela nossa pesquisa, muitos querem usar camisinha, mas tiveram experi�ncias negativas com o uso do preservativo, acreditam na 'm� reputa��o' das camisinhas ou n�o sabem muito sobre o uso correto do preservativo e como us�-lo e ao mesmo tempo sentir prazer", diz ele.
H� v�rias raz�es pelas quais as pessoas resistem ao uso de preservativos — quest�es religiosas, educa��o sexual deficiente e porque n�o gostam da sensa��o.
Rupturas ou deslizes de preservativos s�o relativamente incomuns, mas acontecem — alguns estudos estimam que ocorram entre 1% e 5% dos casos —, e isso tamb�m pode afetar a confian�a e se as pessoas usam os itens.
Isso levou os pesquisadores a buscarem maneiras de melhorar o preservativo com materiais e tecnologias inovadoras, na esperan�a de estimular mais pessoas a usarem.
Uma ideia promissora para camisinhas mais resistentes utiliza o grafeno — uma �nica camada ultrafina de �tomos de carbono que foi identificada pela primeira vez por cientistas vencedores do Pr�mio Nobel da Universidade de Manchester, no Reino Unido, em 2004.
Aravind Vijayaraghavan, cientista de materiais do Instituto Nacional de Grafeno da Universidade de Manchester, acredita que "o material mais fino, mais leve, mais forte e com melhor condutividade de calor do mundo" pode ser ideal para melhorar as propriedades dos preservativos.

A equipe dele recebeu uma bolsa da Funda��o Bill e Melinda Gates em 2013 como parte de uma campanha para desenvolver designs inovadores de camisinha.
Mas o grafeno n�o pode ser transformado em objetos aut�nomos por conta pr�pria, ent�o a equipe de Vijayaraghavan est� combinando grafeno com l�tex e poliuretano.
"O grafeno � um material em nanoescala, que tem apenas um �tomo de espessura e poucos micr�metros de largura", ele explica.
"Mas, nessa pequena escala, � o material mais forte do planeta. O desafio � transferir essa for�a da nanoescala para uma macroescala, na qual usamos objetos do mundo real. Fazemos isso combinando as part�culas fortes de grafeno com um pol�mero fraco, como l�tex de borracha natural ou poliuretano. O grafeno ent�o transmite sua for�a ao pol�mero fraco para torn�-lo mais forte, refor�ando-o na nanoescala."
Essa combina��o � capaz de aumentar a resist�ncia de uma pel�cula fina de pol�mero em 60% ou permitir que as camisinhas sejam 20% mais finas, enquanto mant�m sua resist�ncia atual, acrescenta Vijayaraghavan.
Embora os preservativos de grafeno ainda n�o estejam dispon�veis, a equipe est� atualmente trabalhando na comercializa��o de sua inovadora borracha refor�ada.
Outro grupo que trabalha para tornar o material usado nas camisinhas mais fino e resistente est� na Universidade de Queensland, na Austr�lia.
L� eles est�o desenvolvendo preservativos que combinam l�tex com fibras da grama spinifex, nativa da Austr�lia.
A resina de spinifex � usada h� muito tempo como adesivo pelas comunidades ind�genas no pa�s, como na fabrica��o de ferramentas e armas com ponta de pedra.
Os pesquisadores descobriram que eram capazes de refor�ar o l�tex com nanocelulose extra�da da grama. As pel�culas de l�tex resultantes eram at� 17% mais fortes e podiam ser mais finas.
Eles dizem que foram capazes de produzir um preservativo que poderia suportar 20% mais press�o em um teste de ruptura e poderia ser inflado at� 40% mais em compara��o com as camisinhas de l�tex comerciais.
Nasim Amiralian, engenheira de materiais da Universidade de Queensland que est� entre os l�deres do projeto, afirma que a equipe est� trabalhando agora com fabricantes de preservativos na tentativa de otimizar as formula��es e m�todos de processamento.
A expectativa deles � que sejam capazes de fabricar camisinhas que s�o mais resistentes, mas tamb�m talvez at� 30% mais finas do que os preservativos atuais, o que pode melhorar a taxa de ades�o das pessoas, fazendo com que sejam menos percept�veis durante o uso.
O material tamb�m pode ter outras utilidades, como a produ��o de luvas mais resistentes e, ao mesmo tempo, mais sens�veis para cirurgi�es.
Mas, embora o l�tex seja atualmente o material mais comum usado em camisinhas, muitas pessoas o consideram desconfort�vel %u200B%u200Bde usar e geralmente precisam de lubrificantes. O l�tex tamb�m � relativamente caro, o que pode ser uma barreira adicional ao uso dos preservativos.
Cerca de 4,3% da popula��o mundial tamb�m sofre de alergia ao l�tex, tornando o tipo mais comum de camisinha in�til para milh�es de pessoas.
Embora haja alternativas como preservativos de poliuretano ou de membrana natural, elas apresentam desvantagens.
As camisinhas de poliuretano rompem muito mais facilmente do que os preservativos de l�tex, enquanto as de membrana natural cont�m pequenos poros que n�o bloqueiam a passagem de pat�genos de ISTs, incluindo hepatite B e HIV.
Outro grupo de cientistas australianos, no entanto, quer substituir o l�tex por um novo material chamado "hidrogel resistente".
A maioria dos hidrog�is — uma rede de pol�meros capazes de absorver grande quantidade de �gua — tende a ser macio e pegajoso, mas os que est�o sendo usados por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Swinburne e da Universidade de Wollongong, na Austr�lia, s�o fortes e el�sticos como borracha.

A equipe criou uma empresa chamada Eudaemon que est� tentando desenvolver a pesquisa inicial dos "GelDoms".
Como n�o cont�m l�tex, essas camisinhas podem evitar os problemas de alergia associados aos preservativos tradicionais, mas a equipe afirma que seus hidrog�is tamb�m podem ser desenvolvidos para dar uma sensa��o mais parecida com a pele humana e, portanto, mais natural.
Como o hidrogel cont�m �gua, essas camisinhas tamb�m s�o autolubrificantes, ou podem ser criadas com medica��o contra ISTs embutida em sua estrutura que � liberada durante o uso.
Garantir que os preservativos possam ser usados %u200B%u200Bsem lubrifica��o adicional � outro desafio para o qual os cientistas voltaram sua aten��o.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, desenvolveu um revestimento que pode ser aplicado �s camisinhas, permitindo que se tornem autolubrificantes. Eles fundaram uma empresa, a HydroGlyde Coatings, para a inova��o.
A maioria dos lubrificantes usados %u200B%u200Bem preservativos de l�tex tende a ser pegajosa, repelir �gua e diminuir durante o uso.
Os pesquisadores da Universidade de Boston, no entanto, descobriram que podiam vincular uma fina camada de pol�meros hidrof�licos — que amam �gua — � superf�cie do l�tex. Quando os pol�meros entram em contato com a �gua, eles se tornam escorregadios ao toque.
Isso significa que eles podem usar a umidade dos fluidos corporais para permanecerem escorregadios e reduzir o atrito durante o uso.
"Os lubrificantes est�o atrapalhando os preservativos, pois s�o hostis ao uso de �gua. Nosso revestimento pode permanecer nas camisinhas de l�tex durante a rela��o sexual para oferecer lubrifica��o cont�nua. Resolve um dos maiores problemas [no uso de preservativos]", diz Stacy Chin, diretora-executiva e cofundadora da HydroGlyde.
O revestimento reduziu o atrito em 53% em uma pequena pesquisa realizada com 33 pessoas, em compara��o com o l�tex sem lubrifica��o — e teve um desempenho semelhante aos lubrificantes dispon�veis comercialmente.
Nos testes de toque cego em pequena escala, 70% dos participantes preferiram os preservativos com o novo revestimento �queles com lubrificante pessoal.
Como o produto est� atualmente em processo de comercializa��o, Chin diz que n�o pode revelar mais detalhes sobre quanto tempo levar� para que os novos preservativos autolubrificantes estejam dispon�veis.

O encaixe � outra quest�o que pode muitas vezes ser um problema, e um fabricante de preservativos nos EUA est� vendendo camisinhas com ajuste personalizado em 60 tamanhos.
Um estudo de 2014 da Universidade de Indiana mostrou que o comprimento ereto do p�nis de 1.661 homens sexualmente ativos nos Estados Unidos variava de 4 cm a 26 cm, enquanto sua circunfer�ncia oscilava de 3 cm a 19 cm. O comprimento m�dio de um preservativo masculino � de 18 cm.
Em resposta, a Global Protection Corporation est� oferecendo preservativos que v�m em 10 comprimentos e nove circunfer�ncias diferentes.
Cynthia Graham, professora de sa�de sexual e reprodutiva da Universidade de Southampton, no Reino Unido, e pesquisadora da equipe de preservativos do Instituto Kinsey da Universidade de Indiana, tamb�m est� avaliando se novas maneiras de colocar a camisinha podem torn�-la mais f�cil de usar.
Eles est�o testando um novo tipo de preservativo que usa um aplicador embutido, permitindo que a camisinha seja colocada sem ser tocada.
A embalagem apresenta uma aba de puxar para facilitar a abertura. O objetivo � evitar danos potenciais � camisinha em uma embalagem de preservativo de alum�nio convencional.
A novidade conta um par de tiras para desenrolar o preservativo, que se soltam quando ele est� totalmente desenrolado — uma tentativa de garantir que esteja encaixado corretamente antes do uso.
Mas o dispositivo ainda n�o foi usado em testes cl�nicos devido � falta de financiamento.
E h� outras quest�es mais fundamentais que constituem um empecilho no uso da camisinha.
"� muito comum as pessoas n�o usarem camisinha — elas a usam para prevenir a gravidez, em vez de para prevenir as ISTs. O pior � que muitos jovens acham que a maioria dessas doen�as � trat�vel, ent�o eles n�o se preocupam com elas", diz Graham.
Mesmo com preservativos mais resistentes, mais finos e confort�veis, � claro que muitos avan�os podem ser alcan�ados com um pouco mais de educa��o tamb�m.
Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.
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