
"At� hoje j� detectei 18 asteroides!", diz � AFP esta menina de cabelos e olhos castanhos, sem esconder o orgulho em sua aguda voz infantil.
Nas paredes do seu quarto, em sua casa em Fortaleza, no lugar de p�steres de cantores famosos, h� um mapa do sistema solar e, em uma estante, uma boneca loira que parece perdida entre miniaturas de foguetes e de personagens de Star Wars.
"Nicolinha", como � chamada afetuosamente, usa seu computador com duas grandes telas, instalado perto de sua cama, para esquadrinhar imagens do c�u enviadas pelo programa "Ca�a Asteroides".
Este projeto, que visa a iniciar os jovens na ci�ncia ao envolv�-los diretamente nas descobertas, � fruto de uma alian�a entre o Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o do Brasil e a Coopera��o Internacional de Pesquisa Astron�mica (IASC), um organismo afiliado � Nasa.
Ensinar outras crian�as
Se um dia suas descobertas forem homologadas, o que pode demorar v�rios anos, Nicolinha se tornaria a pessoa mais jovem do mundo a descobrir oficialmente um asteroide, pulverizando o recorde do italiano Luigi Sannino, que alcan�ou o feito aos 18 anos.
Ent�o, ela poder� nomear suas descobertas: "Quero dar nome de cientistas brasileiros e de pessoas da minha fam�lia" como seu pai e sua m�e, conta.
"Ela tem olho de �guia", disse Heliomarzio Rodrigues Moreira, seu professor de astronomia na escola, que frequenta desde o come�o do ano.
"Tira a d�vida dos demais quanto a ser ou n�o um prov�vel asteroide", afirma o professor, destacando que sua aluna "est� ensinando outras crian�as" e al�m disso, "se tornou uma grande divulgadora da astronomia".
Nicolinha, de fato, se tornou uma pequena celebridade gra�as aos seus v�deos sobre astronomia em seu canal no YouTube e � sua participa��o on-line em semin�rios cient�ficos internacionais. Tem at� uma assistente, amiga da fam�lia, que a ajuda a responder as solicita��es que recebe.
Vaquinha para um telesc�pio
Em janeiro, a fam�lia de Nicolinha resolveu em se mudar de Macei�, capital de Alagoas, distante 1.000 km de Fortaleza, para que a menina se beneficiasse de uma bolsa de estudos do col�gio particular Farias Brito.
Seu pai, que � analista de sistemas, conseguiu manter o emprego porque seus chefes aceitaram que continuasse em teletrabalho.
"Quando tinha dois anos, levantava os bra�os para o c�u e me pedia: 'Mam�e, me d� uma estrela'", conta a m�e de Nicole, Zilma Janaca, de 43 anos, artes� que confecciona bonecas.
"Todo tempo ela sempre mostrou que gosta de algo diferenciado. Mas comecei a prestar mais aten��o quando ela pediu um telesc�pio. Uma crian�a de 4 anos mal sabe falar a palavra telesc�pio, e ela falou: eu quero um telesc�pio", relata Zilma.
Nicolinha chegou a dizer "que trocaria todas as festas de anivers�rio por um telesc�pio, mas mesmo assim ainda era caro demais. Fizemos uma vaquinha com amigos e ela acabou ganhando o telesc�pio de anivers�rio de sete anos".
A precocidade da menina tamb�m levou os organizadores de cursos de inicia��o em astronomia a mudar a idade m�nima de inscri��es, que eram reservadas aos maiores de 12 anos.
Em seu canal no YouTube, ela entrevistou personalidades como a astr�noma Duilia de Mello, que participou de importantes descobertas, entre elas a supernova SN 1997D.
No ano passado, Nicolinha conheceu em Bras�lia o ministro da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o, Marcos Pontes, o �nico brasileiro a ir ao espa�o.
Mas esta menina tem outras ambi��es: "Quero ser engenheira aeroespacial, para construir foguetes. Adoraria conhecer o complexo da Nasa na Fl�rida para ver os foguetes", acrescenta.
Mas tamb�m quer compartilhar sua paix�o: "Quero que todas as crian�as do Brasil tenham acesso � ci�ncia".