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Estado de Minas CI�NCIA

Pesquisadores afirmam que n�o existe dist�ncia segura contra o coronav�rus

Simula��es computacionais mostram aus�ncia de um padr�o na exala��o de part�culas infectadas pela COVID-19 quando se fala, tosse e espirra, mesmo ao ar livre


12/02/2022 04:00 - atualizado 12/02/2022 07:40

Pessoas do movimento antivacina
Centenas de pessoas do movimento antivacina protestaram nas ruas de Kiev, na Ucr�nia, sem fazer uso de m�scaras (foto: GENYA SAVILOV/AFP)
O distanciamento de dois metros n�o garante, nem em ambientes abertos, a prote��o contra part�culas a�reas infectadas pelo Sars-CoV-2, segundo estudo publicado na revista Physics of Fluids. De acordo com os pesquisadores, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, essa medida � arbitr�ria e n�o impede a transmiss�o na aus�ncia de m�scaras, sugerindo que liberar o uso do equipamento de seguran�a ao ar livre pode n�o ser uma boa ideia.
 
Usando modelagem de computador, os engenheiros acompanharam o comportamento das got�culas quando as pessoas tossem. Eles descobriram que cada uma o faz de maneira diferente, sendo imposs�vel estabelecer um padr�o. A dist�ncia "segura", disseram os cientistas, poderia ser qualquer lugar entre um metro ou mais de tr�s metros. No artigo, os autores destacam que, sozinho, o distanciamento social n�o � uma medida eficaz de mitiga��o, sendo necess�rio dar continuidade ao uso de m�scaras, mesmo em ambientes externos, apostar na vacina��o e na ventila��o natural.

Apesar do foco inicial na lavagem das m�os e na limpeza de superf�cies nos primeiros meses da pandemia, h� quase dois anos j� se sabe que a COVID-19 se espalha por transmiss�o a�rea. As pessoas infectadas podem disseminar o v�rus por meio da tosse, da fala ou mesmo da respira��o, quando expelem got�culas maiores que acabam se assentando ou aeross�is menores, que podem flutuar no ar.
 
Uso de máscaras
Especialistas defendem a continuidade do uso de m�scaras, mesmo em ambientes externos, apostar na vacina��o e na ventila��o natural (foto: Pixabay)
 
"Lembro-me de ouvir muito sobre como a COVID-19 estava se espalhando pelas ma�anetas no in�cio de 2020, e pensei comigo mesmo: se fosse esse o caso, o v�rus deveria deixar uma pessoa infectada e pousar na superf�cie. Ou, ent�o, se dispersar no ar, atrav�s de processos mec�nicos", disse, em nota, o l�der da pesquisa, Epaminondas Mastorakos. O professor do Departamento de Engenharia de Cambridge � especialista em mec�nica dos fluidos: a maneira como eles (incluindo a respira��o exalada) se comportam em diferentes ambientes. Ao longo da pandemia, Mastorakos e seus colegas da institui��o desenvolveram v�rios modelos de como a COVID-19 se espalha.
 

"Estamos todos desesperados para ver o fim desta pandemia, mas recomendamos fortemente que as pessoas continuem usando m�scaras, especialmente em espa�os internos, como escrit�rios, salas de aula e lojas"

Epaminondas Mastorakos, l�der da pesquisa

 
 
"Uma parte da forma como essa doen�a se espalha � a virologia: a quantidade de v�rus que voc� tem em seu corpo, quantas part�culas virais voc� expulsa quando fala ou tosse", explicou Shrey Trivedi, tamb�m do Departamento de Engenharia, ao site da Universidade de Cambridge. "Mas outra parte � a mec�nica dos fluidos: o que acontece com as gotas depois de serem expelidas, � a� que entramos. Como especialistas em mec�nica dos fluidos, somos como a ponte da virologia do emissor para a virologia do receptor e podemos ajudar na avalia��o de risco."

TRANSMISS�O No estudo, os pesquisadores de Cambridge fizeram uma s�rie de simula��es computacionais para verificar at� onde � poss�vel transmitir o v�rus. Para isso, usaram modelos computacionais complexos, resolvendo as equa��es baseadas no escoamento de got�culas, assim como descri��es detalhadas do movimento e da evapora��o das part�culas emitidas.
 
Os cientistas descobriram que as gotas se espalham al�m de dois metros. Quando uma pessoa tosse e n�o est� usando m�scara, a maioria das part�culas maiores cair� nas superf�cies pr�ximas. No entanto, as menores, suspensas no ar, podem se espalhar r�pido e facilmente bem al�m dessa dist�ncia, alegam. O alcance e a velocidade de dissemina��o dos aeross�is depender� da qualidade da ventila��o, no caso de locais fechados.
 
Al�m das vari�veis relacionadas ao uso da m�scara e � ventila��o, tamb�m h� um alto grau de variabilidade nas tosses individuais. "Cada vez que tossimos, podemos emitir uma quantidade diferente de l�quido. Ent�o, se uma pessoa est� infectada com COVID-19, ela pode estar emitindo muitas part�culas de v�rus ou muito poucas, e por causa da turbul�ncia eles se espalham de forma diferente a cada tosse", explicou Trivedi. "Mesmo que eu expulse a mesma quantidade de gotas toda vez que tossir, porque o fluxo � turbulento, h� flutua��es", ressaltou Mastorakos. "Se estou tossindo, as flutua��es na velocidade, temperatura e umidade significam que a quantidade que algu�m consegue (emitir) na marca de dois metros pode ser muito diferente a cada vez."
 
Os pesquisadores dizem que, embora a regra dos dois metros seja uma mensagem eficaz e f�cil de lembrar para o p�blico, n�o � um sinal de seguran�a. Vacina��o, ventila��o e m�scaras – embora n�o sejam 100% eficazes – s�o vitais para conter o v�rus, destacam. "Estamos todos desesperados para ver o fim desta pandemia, mas recomendamos fortemente que as pessoas continuem usando m�scaras, especialmente em espa�os internos, como escrit�rios, salas de aula e lojas", disse Mastorakos. "N�o h� nenhuma boa raz�o para se expor a esse risco, desde que o v�rus esteja conosco."

CONCENTRA��O DE PESSOAS O virologista Julian Tang, pesquisador da Universidade de Leicester (Reino Unido) que n�o participou do estudo, insiste que as m�scaras s�o importantes, inclusive ao ar livre, quando h� concentra��o de pessoas. "Por exemplo, se voc� estiver em uma fila para pegar o �nibus, mesmo com mais de 2m de dist�ncia usar uma m�scara reduzir� ainda mais a transmiss�o de qualquer v�rus transportado pelo ar. Pense assim: se voc� est� parado e algu�m est� fumando, mesmo se voc� estiver a mais de dois metros de dist�ncia pode sentir o cheiro", compara.
 
Segundo o virologista, com o v�rus em aerossol acontece algo semelhante. "As pessoas expiram de meio litro a um litro de ar, 12 a 16 vezes por minuto (essa � a taxa da respira��o normal). Ent�o, cada respira��o pode bombear mais v�rus no ar se voc� estiver infectado. O v�rus pode sobreviver por mais tempo nos dias mais frios e escuros de inverno – portanto, � capaz de viajar na dire��o do vento para que outras pessoas respirem – mais al�m dos 2m", diz, lembrando que a aproxima��o do inverno no hemisf�rio norte pode levar a um aumento substancial de casos. 
 
"Portanto, com base no que sabemos sobre a f�sica e a fisiologia da transmiss�o do v�rus aerossol, usar uma m�scara ao ar livre em filas ou locais com concentra��o de pessoas ajudar� a reduzir a transmiss�o."
 
 
Medida antiga 
 
Estudo publicado no ano passado por pesquisadores da Universidade de Oxford e do Instituto Tecnol�gico de Massachusetts tamb�m colocou em d�vida a regra dos dois metros e explicou de onde surgiu essa medida. 
 
Os autores explicam que o estudo de como as got�culas s�o emitidas durante a fala ou quando se tosse ou espirra come�ou no s�culo 19, com os cientistas coletando amostras em placas de vidro.

Em 1897, o bacteriologista alem�o George Fl�gge prop�s uma dist�ncia segura de 1-2 metros, com base no trajeto percorrido pelas got�culas vis�veis. 
 
Na d�cada de 1940, a documenta��o das emiss�es foi aprimorada com imagens est�ticas de espirro, tosse ou fala. Um estudo, em 1948, sobre dissemina��o de estreptococos hemol�ticos, descobriu que 65% dos 48 participantes produziram apenas gotas grandes, menos de 10% das quais viajaram at� 1,7m.
 
No entanto, nos casos em que a dist�ncia foi maior que isso, encontrou-se amostra de estreptococos a 3m do local onde as gotas foram expelidas. Assim, consolidou-se a regra de distanciamento de 1-2m, explicaram os autores do artigo.
 
Por�m, ela foi elaborada pensando-se em gotas grandes e em uma �poca na qual modelagens computacionais ainda eram fic��o cient�fica. "O tamanho de uma gota determina a dist�ncia que ela percorrer� da pessoa infectada. De acordo com estudos, as grandes caem no ar mais rapidamente do que evaporam e pousam em um intervalo de 1-2 metros. Mas pequenas got�culas (mais tarde chamadas de aeross�is ou got�culas no ar), normalmente invis�veis a olho nu, evaporam mais rapidamente do que caem. Sem fluxo de ar, n�o podem se mover para longe, permanecendo nas proximidades do exalador. Com o fluxo de ar, eles podem se espalhar por dist�ncias maiores", destacou o artigo, publicado na revista The British Medical Journal. 
 
 


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