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Estado de Minas

Polui��o afeta qualidade do espermatozoide

Estudo com mais de 30 mil homens sugere que a exposi��o a part�culas s�lidas e l�quidas na atmosfera altera a mobilidade das c�lulas sexuais masculinas


17/03/2022 04:00 - atualizado 16/03/2022 21:43

Al�m dos pulm�es, a polui��o do ar pode prejudicar a reprodu��o humana. � o que mostra estudo feito por cientistas chineses. Na an�lise, os pesquisadores avaliaram amostras de esperma de mais de 30 mil volunt�rios e constataram uma queda na velocidade de nado dos espermatozoides, movimenta��o necess�ria para a fecunda��o do �vulo. A pesquisa tamb�m sugere que, quanto menor o tamanho das part�culas poluentes na atmosfera, maior a liga��o com a m� qualidade do s�men. Os dados foram publicados na revista Jama Networks.

“A infertilidade est� se tornando um problema de sa�de p�blica global, afetando aproximadamente 10% de todos os casais em idade reprodutiva em todo o mundo. A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) estima que alguns fatores masculinos, principalmente a m� qualidade do s�men, podem ser respons�veis por 50% dos casos de infertilidade”, explicaram os autores no estudo, liderado por Yan Zhao, professor da Escola de Medicina da Universidade de Tongji, na China.

Os investigadores tamb�m destacam que h� anos especialistas tentam estabelecer uma associa��o entre os agentes nocivos presentes no ar e a qualidade do s�men, por�m os dados produzidos at� agora sobre o tema n�o foram claros, o que motivou a realiza��o da an�lise.

No estudo, os cientistas avaliaram amostras de esperma de 33.876 homens de 340 cidades chinesas, todos com m�dia de 34 anos, com um grau variado de exposi��o � polui��o do ar, e cujas esposas engravidaram por meio de assist�ncia m�dica, ou seja, por reprodu��o assistida, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2019.

Na segunda parte da pesquisa, o grupo avaliou a qualidade do s�men por meio de fatores como contagem, concentra��o e motilidade dos espermatozoides, que � a capacidade de essas c�lulas reprodutoras nadarem para a frente e conseguirem fecundar o �vulo. Os especialistas tamb�m avaliaram se os participantes haviam sido expostos a quantidades de material particulado menores que 2,5 micr�metros, entre 2,5 e 10 micr�metros e 10 micr�metros, em v�rios momentos-chave dos 90 dias anteriores � visita ao hospital para a coleta.

Como resultado, os especialistas n�o identificaram uma liga��o significativa entre a polui��o do ar e a qualidade do esperma em termos de contagem ou concentra��o de espermatozoides. Por�m, descobriram que, quanto mais um participante era exposto a part�culas menores de polui��o, mais deficiente era a motilidade dos gametas masculinos.

“Quando expostos ao material particulado menor que 2,5 micr�metros de di�metro, os avaliados apresentaram diminui��o estimada na motilidade dos espermatozoides de 3,6%, enquanto que, quando expostos a material particulado de 10 micr�metros de di�metro, houve 2,44% menos motilidade dos espermatozoides”, detalharam os especialistas, no artigo.


TAMANHO De acordo com os autores, os dados observados significam que � poss�vel que diferentes fra��es de tamanho dos poluentes possam ter efeitos diferentes na qualidade do s�men. Os pesquisadores acreditam que, quanto menor a part�cula t�xica, mais f�cil a sua entrada nos pulm�es, e maior a probabilidade de ela causar danos ao organismo humano. “Nossas descobertas sugerem que fra��es menores de poluentes podem ser mais potentes do que fra��es maiores na indu��o de baixa motilidade esperm�tica”, escreveram.

Adelino Amaral, m�dico especialista em reprodu��o assistida e membro da Sociedade Brasileira de Reprodu��o Assistida (Sbra), destaca que os dados vistos pelos pesquisadores chineses ratificam uma suspeita antiga da �rea m�dica. “H� anos, n�s batemos nesta tecla. N�o sabemos quais os mecanismos exatos est�o envolvidos entre a polui��o e a sa�de reprodutiva, mas a suspeita s� aumentou com o passar do tempo, e com o surgimento de mais pesquisas relacionadas a esse tema”, detalha o especialista.

“O estudo chin�s corrobora dados anteriores que j� desenhavam esse caminho, em uma pesquisa muito ampla, feita com mais de 30 mil pessoas, algo que merece destaque tamb�m, e que revela altera��es provocadas na motilidade, um fator importante, que ajuda a definir a qualidade do s�men”, acrescenta Amaral. O m�dico destaca que a diferen�a vista em rela��o ao tamanho das part�culas poluentes tamb�m � um dado valioso. “Faz sentido, se pensarmos que elas entram com mais facilidade no pulm�o e, por isso, podem viajar pela corrente sangu�nea e chegar aos test�culos.”

Os pesquisadores chineses adiantam que mais estudos s�o necess�rios para determinar os mecanismos biol�gicos observados no estudo, mas, ainda assim, acreditam que os resultados refor�am a necessidade de reduzir a exposi��o � polui��o do ar entre os homens em idade reprodutiva.

“Nossos dados tamb�m indicam que os efeitos da polui��o s�o mais proeminentes quando a exposi��o ocorre durante a parte inicial dos 90 dias de cria��o do esperma, fase chamada de espermatog�nese. Isso pode significar que o material particulado afeta os espermatozoides em n�vel gen�tico, por�m mais an�lises precisam ser feitas para confirmar essa hip�tese”, frisaram.

Adelino Amaral tamb�m acredita que mais pesquisas s�o necess�rias para se chegar a uma conclus�o sobre o tema. “� algo que n�o podemos bater o martelo ainda, mas que, aos poucos, vamos entendendo melhor. Isso � o que esse estudo faz, ele nos mostra dados que tornam mais claros os poss�veis danos provocados pela polui��o ao esperma. E essa � uma an�lise muito necess�ria, que precisa ter continuidade”, afirma. “N�s tamb�m j� temos pesquisas mostrando que a endometriose pode estar relacionada � polui��o. Com certeza, essa � uma �rea de investiga��o que merece ser mais estudada”, acrescenta.
 

Produtos qu�micos prejudicam o desenvolvimento do c�rebro

 
Por meio de an�lises laboratoriais em c�lulas humanas e da realiza��o de testes em gestantes, pesquisadores franceses chegaram � conclus�o de que a exposi��o a diversas subst�ncias qu�micas, mesmo em quantidades consideradas seguras, pode afetar o desenvolvimento do c�rebro das crian�as. Os dados, divulgados na revista Science, acendem um alerta para os cuidados que devem ser tomados durante a gesta��o, alegam.

Os autores do estudo explicam que, embora os n�veis de exposi��o para produtos qu�micos estejam frequentemente abaixo dos valores-limite determinados como seguros pelos �rg�os reguladores, existia a suspeita de que o contato com essas subst�ncias em misturas complexas ainda poderia afetar a sa�de. “Todas as avalia��es de risco existentes, baseadas nos n�veis j� estabelecidos, foram feitas com os produtos qu�micos sendo examinados um de cada vez. Havia, portanto, uma forte necessidade de testar esses agentes em conjunto, em um cen�rio semelhante ao nosso cotidiano”, justificaram os pesquisadores, no artigo.

Na primeira fase da pesquisa, os especialistas avaliaram mais de 2 mil mulheres gr�vidas e encontraram uma mistura de produtos qu�micos no sangue e na urina de 54% delas. Ao analisar dados relacionados aos filhos das volunt�rias, que tamb�m foram acompanhados no estudo, a presen�a dos agentes t�xicos foi associada ao atraso no desenvolvimento da linguagem das crian�as, todas com at� 30 meses.

ATRASO A mistura cr�tica inclu�a v�rios produtos, como ftalatos, bisfenol A e qu�micos perfluorados, que foram estudados na segunda etapa da pesquisa. Todas essas subst�ncias s�o extremamente comuns no uso cotidiano e est�o presentes em pl�sticos e impermeabilizantes de tecidos, por exemplo.

Os pesquisadores expuseram c�lulas humanas aos agentes t�xicos e constataram que as misturas alteraram a regula��o dos circuitos end�crinos e dos genes envolvidos no autismo e defici�ncia intelectual. “Uma das principais vias hormonais afetadas foi o horm�nio tireoidiano. N�veis ideais desse horm�nio materno s�o necess�rios no in�cio da gravidez para o crescimento e desenvolvimento do c�rebro, por isso n�o � surpreendente que haja uma associa��o com o atraso do desenvolvimento da linguagem em fun��o da exposi��o pr�-natal”, explicou Barbara Demeneix, um dos autores do estudo.
 


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