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Estado de Minas DIST�RBIOS MENTAIS

Estudos apontam que psicod�licos podem ser aliados contra depress�o

Em estudos em camundongos, compostos presentes em drogas como LSD e psilocibina ('ch� de cogumelo') demonstraram potencial para tratar dist�rbios mentais


16/05/2022 04:00 - atualizado 15/05/2022 17:40

Imagem ilustrativa de um rosto humano e círculos coloridos
Artigo da revista Science indica que a pesquisa, feita com camundongos, pode servir de base para a estrutura de medicamentos antidepressivos e ansiol�ticos mais eficazes e seguros (foto: Caio Gomes/CB/D.a Press)
Nos �ltimos anos, cientistas t�m apostado no uso de psicod�licos para o tratamento de doen�as como depend�ncia qu�mica, depress�o, ansiedade e transtorno de estresse p�s-traum�tico resistentes aos tratamentos tradicionais. Os efeitos alucin�genos dessas drogas, por�m, continuam sendo uma preocupa��o.

Por isso, muitas equipes de pesquisa buscam princ�pios ativos com o mesmo potencial de subst�ncias como LSD e psilocibina (o “ch� de cogumelo”), mas que n�o provoquem altera��es no estado de consci�ncia.

Em estudo publicado na revista Science, cientistas da China relataram a descoberta de um an�logo dos psicod�licos que n�o � alucin�geno. Realizada com camundongos, a pesquisa pode, segundo o artigo, servir de base para a estrutura de medicamentos antidepressivos e ansiol�ticos mais eficazes e seguros.

“Os psicod�licos j� mostraram efeitos terap�uticos potenciais em ensaios cl�nicos anteriores. Mas as alucina��es, definitivamente, restringem seu uso potencial. Agora, contudo, drogas n�o alucin�genas podem resolver esse problema”, diz Sheng Wang, bioqu�mico da Academia Chinesa de Ci�ncias e autor s�nior do artigo.

O estudo concentrou-se no 5-HT 2a Rm, que � um receptor da serotonina, o neurotransmissor que modula a maioria dos processos comportamentais em humanos e, entre outras coisas, promove a sensa��o de bem-estar.

A car�ncia dessa subst�ncia est� associada a dist�rbios mentais como a depress�o e a ansiedade. J� se demonstrou que psicod�licos alucin�genos atuam nesse receptor, provocando efeitos r�pidos e duradouros. Ao mesmo tempo, n�o se sabe se s�o justamente as alucina��es que promovem o efeito terap�utico bem-sucedido.

Como foi o estudo


No estudo, a equipe – formada por pesquisadores da Universidade Tecnol�gica de Shangai e da Academia Chinesa de Ci�ncias – testou, em camundongos, a droga IHCH-7113, projetada por eles a partir da an�lise de estruturas cristalinas (a organiza��o geom�trica dos �tomos) do receptor 5-HT 2aR ligado ao LSD, � psilocina, � serotonina produzida naturalmente e a uma lisurida (composto antidepressivo) psicod�lica n�o alucin�gena.

Ao analisar a forma como essas subst�ncias se unem ao receptor, os cientistas observaram uma segunda via n�o descrita anteriormente da liga��o entre ele e a psilocina. Essas observa��es levaram � proje��o de um novo psicod�lico que, embora produzisse nos camundongos os efeitos antidepressivos verificados, quando os animais foram tratados com LSD e com o princ�pio ativo do cogumelo Psilocybe cubensis n�o promoveu efeitos alucin�genos.

Segundo os autores, o estudo demonstrou que as subst�ncias por tr�s das alucina��es participam do processo qu�mico que promove a atividade antidepressiva.

Contudo, tamb�m � poss�vel reproduzir esse resultado sem a necessidade de compostos alucin�genos, o que abre caminho para a explora��o de psicod�licos sem os efeitos colaterais potenciais de LSD e psilocina.

“Nossas descobertas fornecem uma base s�lida para o design de antidepressivos n�o alucin�genos seguros e eficazes, com a��o r�pida”, afirma Wang. O cientista, por�m, ressalta que esse � um estudo em fase inicial. “Deve-se ressaltar que os compostos relatados nesse trabalho n�o s�o medicamentos aprovados e mais estudos pr�-cl�nicos e cl�nicos s�o necess�rios para verificar a seguran�a e os efeitos antidepressivos em humanos.”

Universidade da Calif�rnia estuda o estresse


Outras equipes cient�ficas t�m conseguido resultados satisfat�rios em testes com psicod�licos n�o alucin�genos. Na Universidade da Calif�rnia, c�mpus de Santa Cruz, pesquisadores formularam um novo composto, an�logo � iboga�na, uma planta africana que produz alucina��es, � extremamente t�xica e, em testes com camundongos, reverte rapidamente os efeitos do estresse.

Essa raiz � considerada promissora em tratamentos psicoter�picos, especialmente em dependentes qu�micos, mas causa fortes arritmias card�acas, al�m de ser muito alucin�gena.

Na institui��o californiana, Yi Zuo, professora de biologia molecular e celular, testou a tabernanthalog (TBG), an�logo n�o alucin�geno e at�xico da iboga�na, desenvolvido previamente por Zuo e David Oslon, do c�mpus de Davis da universidade.

Em 2020, a dupla descreveu, na revista Nature, que a droga agiu como antidepressivo e tamb�m ajudou a reduzir a depend�ncia qu�mica em camundongos. Agora, o novo estudo, divulgado na Molecular Psychiatry, demonstrou os efeitos da TBG em ratos submetidos a estressores leves e imprevis�veis por um per�odo de v�rios dias.

Zuo explica que, no n�vel comportamental, o estresse causa aumento da ansiedade, deficits no processamento sensorial e redu��o da flexibilidade na tomada de decis�es. No c�rebro, o fen�meno interrompe as conex�es entre os neur�nios e altera o circuito neuronal, resultando em um desequil�brio entre excita��o e inibi��o.

Com uma �nica dose de TBG, os pesquisadores conseguiram corrigir tanto os problemas de comportamento induzidos pelas situa��es estressantes, como ansiedade, quanto os cerebrais: a droga promoveu o crescimento das liga��es neuronais e restaurou os circuitos interrompidos pelo estresse.

“Foi muito surpreendente que um �nico tratamento com uma dose baixa tenha levado a efeitos t�o dram�ticos em um dia”, diz Zuo. “Incrivelmente, o TBG reverteu todos os efeitos do estresse.”
 
A subst�ncia, por�m, ainda n�o foi testada em humanos.
 
 

Palavra de especialista

 
N�o � uma panaceia
“Precisamos de muito mais dados antes que tratamentos com psicod�licos possam ser considerados prontos para uso fora de estudos cuidadosamente controlados. Em particular, ainda n�o sabemos quais tipos de pacientes e quais tipos de depress�o podem ser mais adequadas para esses medicamentos. Tamb�m n�o sabemos quanto tempo os benef�cios duram e se, ou com que frequ�ncia, os tratamentos precisar�o ser repetidos. Psicod�licos n�o s�o uma panaceia e n�o substituir�o os tratamentos existentes para a depress�o, mas podem se tornar uma das op��es para os pacientes no futuro.” 

Antony Cleare - professor de psicofarmacologia do King’s College de Londres


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