
C�es que vivem em abrigos, com grande n�mero de animais s�o mais prop�cios a contrair leishmaniose, do que aqueles que residem em casas. A conclus�o vem de uma pesquisa in�dita, realizada pela Funda��o Oswaldo Cruz de Minas Gerais (Fiocruz Minas), que avaliou o comportamento da infec��o em c�es abrigados, comparando com resultado de censos anteriores, feitos com c�es j� adotados. Entre os animais que moram em abrigos, o percentual foi de 33,6% de infectados, enquanto, nos que vivem em casas, essa taxa foi de 10%, em m�dia.
De acordo com a Fiocruz, as leishmanioses s�o um conjunto de doen�as causadas por protozo�rios do g�nero Leishmania e da fam�lia Trypanosomatidae. De modo geral, essas enfermidades se dividem em leishmaniose tegumentar americana, que ataca a pele e as mucosas, e leishmaniose visceral (ou calazar), que ataca �rg�os internos. As leishmanioses tegumentares causam les�es na pele, mais comumente ulcera��es e, em casos mais graves (leishmaniose mucosa), atacam as mucosas do nariz e da boca. J� a leishmaniose visceral, como o pr�prio nome indica, afeta as v�sceras (ou �rg�os internos), sobretudo f�gado, ba�o, g�nglios linf�ticos e medula �ssea, podendo levar � morte quando n�o tratada.
Foram feitos exames sorol�gicos em 627 animais, que vivem em 17 abrigos espalhados por Minas Gerais, em regi�es com epidemia de leishmaniose. Ap�s a an�lise das amostras, foram constatados 211 positivos. Ao todo, 93 apresentavam sinais cl�nicos de leishmaniose visceral. Nos 118 restantes, os exames cl�nicos foram inconclusivos e, por isso, os pesquisadores coletaram amostras de tecidos dos animais, para a realiza��o de uma an�lise por PCR-RFLP, visando verificar a esp�cie do parasito presente.
Os resultados mostraram que a Leishmania infantum, uma das principais esp�cies que circulam no Brasil e provoca a leishmaniose visceral, predominou em 66,1% dos animais. Outra descoberta importante foi a detec��o de Leishmania amazonensis em oito c�es.
Esta variante, Leishmania amazonensis, favorece a infec��o por meio do mosquito vetor. Isso significa que ela pode estar "facilitando a vida” dos protozo�rios, atuando como um reservat�rio da esp�cie, que fica no tecido e se dispersa rapidamente pela pele do animal, e pode ser perigosa inclusive para seres humanos.
Os tipos de teste utilizados foram DPP (tipo de teste r�pido que testa de 15 a 20min, com amostras soro, plasma ou sangue total venoso) e ELISA (utilizado principalmente para detec��o de anticorpos, quando se deseja realizar um levantamento soroepidemiol�gico pr�tico, menos oneroso e r�pido).
Principais causas
O pesquisador Gustavo Paz, do grupo de Estudos em Leishmanioses, explicou uma das poss�veis causas para que os c�es de abrigo estejam mais vulner�veis. “Nosso estudo mostrou que os abrigos para c�es podem estar funcionando como abrigos para os parasitos tamb�m. Hoje, n�o existe nenhuma regulamenta��o para esses espa�os, em que se define, por exemplo, infraestrutura adequada ou cuidados necess�rios a serem adotados. Essa falta de orienta��es facilita a dissemina��o do parasito entre os c�es e tamb�m entre os seres humanos, uma vez que a transmiss�o se d� por um vetor, conhecido como mosquito palha, bastante comum nesses locais.”
Para Gustavo, as descobertas deste estudo podem contribuir para a elabora��o de pol�ticas p�blicas de sa�de, j� que no Brasil h� uma car�ncia sobre os cuidados espec�ficos para esta popula��o veterin�ria que vive em abrigos.
O estudo foi realizado em parceria com a Ceva Sa�de Animal e contou com recursos da Funda��o de Amparo � Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Todos os procedimentos envolvendo os animais foram realizados de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional de Controle de Experimenta��o ao Animal (CONCEA) e aprovados pelo Comit� de �tica em Pesquisa.
Como prevenir ? Quais os sintomas ?
A doen�a � transmitida por meio da picada de insetos conhecidos popularmente como "mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui" dentre outros. Estes insetos s�o pequenos e t�m como caracter�sticas a colora��o amarelada ou de cor palha e, em posi��o de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas.
A transmiss�o acontece quando f�meas infectadas picam c�es ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozo�rio Leishmania chagasi, causador da leishmaniose visceral. Como ainda n�o h� uma vacina para leishmanioses humanas, os melhores m�todos de preven��o s�o:
- Controle dos vetores nos ambientes
- Diagn�stico precoce
- Tratamento dos doentes e isolamento, se necess�rio, do restante dos saud�veis
- Vacinar os c�es
- Uso de repelentes
- Utiliza��o de mosquiteiros de tela fina e, dentro do poss�vel, a coloca��o de telas de prote��o nas janelas
- Manter o ambiente de conviv�ncia do animal limpo e seguro
- N�o acumular lixo org�nico, que pode ser um chamativo para roedores e pequenos mam�feros, tamb�m transmissores da doen�a
- Aumento do f�gado e ba�o
- Perda de peso
- Fraqueza
- Redu��o da for�a muscular
- Anemia
- Febre de longa dura��o
* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.