
A palavra "jeans" poderia ser considerada sin�nimo de onipresen�a.
Exceto por alguns poucos lugares do mundo onde seu uso � restrito, o jeans parece estar em toda parte, da Austr�lia ao Zimb�bue, da Groenl�ndia at� o extremo sul do Chile.
O Global Denim Project, da Universidade de Manchester, no Reino Unido, analisou a hist�ria, o alcance, a economia e as consequ�ncias da domin�ncia mundial do brim. E o projeto afirma que, todos os dias, a maior parte da popula��o mundial usa pelo menos um artigo feito com esse tecido.
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Os historiadores ainda questionam o local de sua cria��o, mas uma das opini�es mais difundidas � que o jeans nasceu em Nimes, no sul da Fran�a. E um dos fatores foi o acaso, como frequentemente acontece em momentos de cria��o.
Os tecel�es de Nimes estavam tentando reproduzir um tecido de algod�o resistente, conhecido como jean fustian — um tecido medieval forte de algod�o e linho fabricado em G�nova (hoje, It�lia). Na �poca, o nome de G�nova era Gene ou Genes e, na Fran�a de meados do s�culo 16, Jean.Eles n�o conseguiram reproduzir o tecido, mas perceberam que haviam desenvolvido outro material — �nico e mais resistente que todos os demais.
Era uma sarja de algod�o tran�ado, produzida passando-se a trama por baixo dos fios da urdidura (aqueles que s�o colocados paralelamente no tear para formar o tecido).

Os tecel�es usaram �ndigo, um dos mais antigos corantes, para tingir de azul os fios da urdidura, mas deixavam os fios da trama com sua colora��o branca natural. Este processo dava ao tecido uma cor azul �nica de um lado e branca, do outro.
Eles chamaram o novo tecido de Serge de N�mes ("sarja de Nimes"). Mas o principal, neste caso, � que a express�o entrou no idioma ingl�s no s�culo 17 como "sarja denim".
Um pressentimento
Um tecido similar ao brim j� existia h� algum tempo, tingido com o anil das planta��es da �ndia.
Mas as cal�as jeans que conhecemos hoje chegaram um pouco mais tarde, com a associa��o entre o let�o J%u0101kobs Jufess e o alem�o L�b Strau�. Como muitos dos imigrantes que chegaram aos Estados Unidos no s�culo 19, eles mudaram seus nomes ao chegarem ao seu novo pa�s, passando a se chamar Jacob Davis e Levi Strauss.
Na d�cada de 1870, Davis, que era alfaiate, foi encarregado de produzir uma cal�a de trabalho bem resistente. E ele teve o pressentimento de que, se pegasse um pequeno rebite met�lico e o colocasse nos pontos de tens�o da cal�a, em volta da regi�o do bolso, poderia criar cal�as que durariam por muito tempo.

O pressentimento de Davis estava certo. As cal�as foram t�o bem recebidas que a not�cia come�ou a se espalhar. Ele recebeu tantos pedidos que decidiu escrever ao seu fornecedor de tecidos, Levi Strauss, em S�o Francisco (na Calif�rnia, EUA), para perguntar se ele estaria interessado em conseguir uma patente.
Strauss aproveitou a oportunidade, convidou Jacob Davis a mudar-se para S�o Francisco e, juntos, eles fabricaram os primeiros jeans do mundo.
E a cor das cal�as?
Originalmente, Strauss e Davis ofereceram dois tipos de cal�as: de lona marrom e de brim azul. Mas poucas pessoas queriam comprar as cal�as marrons, enquanto as azuis sa�am como p�o quente.
Segundo a historiadora Lynn Downey em A Short Story of Denim ("Uma breve hist�ria do brim", em tradu��o livre), provavelmente "sempre que algu�m usava uma cal�a de brim, sentia [...] como ela ficava mais confort�vel depois de cada lavagem [e] n�o queria mais as de lona, pois, com estas, voc� sempre se sente como se estivesse vestindo uma tenda de campanha" — da� o motivo da prefer�ncia dos consumidores.

Mas isso n�o explica totalmente por que a cor preferida era o mesmo �ndigo usado h� s�culos pelos tecel�es de Nimes.
O brim original era tingido com corante extra�do da planta Indigofera tinctoria. Sua diferen�a � que, enquanto a maioria dos corantes naturais penetra diretamente nas fibras do tecido em altas temperaturas, o �ndigo s� se adere ao lado externo dos fios.
Quando o brim �spero � lavado, algumas dessas mol�culas de corante s�o eliminadas, levando consigo quantidades min�sculas de fios — mas, como ele � muito forte, perder algumas fibras n�o estraga o material. Na verdade, ele � melhorado, pois, quanto mais o brim for lavado, mais macio ele fica.
E, para os trabalhadores, uma pe�a de roupa suficientemente resistente para suportar trabalhos �rduos que ficasse mais c�moda sem se fragilizar era ideal.
Essa qualidade de adapta��o ao corpo de cada pessoa, tornando-se uma segunda pele que fica mais macia com o passar do tempo, fez com que os jeans passassem a ser onipresentes. E, de certa forma, um tecido que fica melhor � medida que envelhece � a inven��o perfeita.
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