(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas Vis�o computacional

Os olhos dos carros do futuro (e do presente)

Cientistas da Austr�lia desenvolvem sistema inteligente que indica ao ve�culo quais c�meras deve usar, dependendo do ambiente e dos obst�culos


03/11/2022 04:00

Carros avançados
Sistema permite que c�meras e sensores interpretem as condi��es de dirigibilidade no entorno do ve�culo e aumentem a autonomia (foto: Ford Motor Company)


Maria Laura Giuliani*
 
A seguran�a e a est�tica – duas das principais preocupa��es de propriet�rios de ve�culos – inspiram cientistas da Austr�lia e da Coreia do Sul a desenvolver projetos que v�o desde sprays removedores de arranh�es na pintura at� modelos de carros aut�nomos, capazes de evitar desastres nos deslocamentos.

Em parceria com a montadora Ford, pesquisadores australianos da Universidade de Tecnologia de Queensland (QUT), em Brisbane, projetaram um modelo de intelig�ncia artificial que permite "dizer" a um ve�culo aut�nomo quais c�meras utilizar em situa��es espec�ficas, copiando as informa��es de trajetos anteriores. Os detalhes do trabalho foram publicados na revista IEEE Robotics and Automation Letters.

A equipe analisou maneiras de aperfei�oar a interpreta��o, em tempo real, dos ve�culos aut�nomos, a partir do aprimoramento de c�meras e sensores Light Detection And Ranging (Lidar) – os quais medem as propriedades da luz refletida, de modo a obter a dist�ncia ou outras informa��es a respeito de um objeto distante. Esses dispositivos possibilitam que o carro opere com pouca ou nenhuma interfer�ncia humana.

Michael Milford, professor da QUT e autor s�nior da pesquisa, explica que o objetivo � estimular os softwares a aprenderem quais c�meras acionar em diferentes locais, a partir de experi�ncias passadas. "Por exemplo, o sistema pode descobrir que uma determinada c�mera � muito �til para rastrear a posi��o do ve�culo em um trecho espec�fico da estrada e optar por us�-la nas pr�ximas visitas a esse mesmo trecho do caminho", exemplificou Milford.

Para viabilizar o projeto, a equipe de Milford estudou a vis�o computacional – �rea de intelig�ncia artificial destinada a analisar e a reconhecer os padr�es em imagens e v�deos. De acordo com Joceli Mayer, professor do Departamento de Engenharia El�trica e Eletr�nica do Centro Tecnol�gico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), alguns ve�culos t�m vis�o computacional empregada em seus sistemas, como os chamados assistentes de dire��o.

"Por meio deles, o ve�culo gera um alerta de proximidade de carros � frente, conforme a velocidade dos demais autom�veis, a fim de evitar acidentes", explicou Mayer. O pesquisador tamb�m frisa que carros que t�m vis�o computacional s�o capazes de detectar, inclusive, faixas de ultrapassagem. "O carro busca manter o ve�culo na pista correta, alertando o motorista em casos de distra��o."

Mayer explica que os n�veis de autocondu��o de carros aut�nomos s�o classificados em cinco categorias, que v�o desde 0 – ou n�o automa��o – at� o 5, ou seja, o ve�culo tem dire��o aut�noma completa e n�o necessita de interven��o humana. Segundo o professor da UFSC, o projeto da QUT est� entre as classifica��es 1 e 2.

"A autonomia restrita, que compreende os n�veis 1 e 2, possibilita ao ve�culo realizar balizas ou frear automaticamente em situa��es de perigo, por exemplo. Por �ltimo, h� os ve�culos dentro do grau de autonomia 5, nos quais alguns poucos modelos dispon�veis no mercado permitem uma navega��o sem condutor", acrescentou o pesquisador, que estuda o assunto de vis�o computacional h� 22 anos.

Preven��o de atropelamentos

Punarjay Chakravarty, representante da Ford no contexto da pesquisa, destaca a import�ncia do aprimoramento de sensores e de c�meras capazes de aperfei�oar a autolocaliza��o dos ve�culos aut�nomos, o que previne, por exemplo, atropelamentos e acidentes na via. "Saber onde voc� est� ajuda a aproveitar as informa��es do mapa que tamb�m s�o �teis para detectar outros objetos din�micos na cena. Um determinado cruzamento pode ter pessoas atravessando pelo caminho", exemplifica o pesquisador.

A equipe de Milford pretende avan�ar mais etapas na pesquisa, antes de incorpor�-la no mercado. "Trabalhamos com a Ford n�o apenas na pesquisa, mas tamb�m nos aspectos comerciais da tecnologia. A inten��o � que alguma investiga��o a transforme, de fato, em sistemas operantes", afirmou Milford. A pr�xima linha de observa��o � em rela��o a locais com fluxo intenso de ve�culos. "Estamos procurando resolver outros desafios nesse campo – por exemplo, quando h� muito tr�fego na estrada em torno do carro aut�nomo", relatou o pesquisador.

* Estagi�ria sob a supervis�o de Rodrigo Craveiro

Um spray capaz de “curar” arranh�es

Manter a pintura de um carro intacta durante anos � uma tarefa dif�cil. O dono precisa aplicar revestimentos para proteger o exterior do autom�vel. Os materiais, no entanto, n�o eliminam completamente as falhas provocadas por agentes externos. Cientistas do Instituto de Pesquisa de Tecnologia Qu�mica da Coreia (KRICT) criaram um spray incolor que, aplicado sobre a superf�cie dos carros e exposto � luz solar, remove arranh�es da superf�cie em meia hora. A pesquisa foi publicada na revista ACS Applied Polymer Materials.

A durabilidade dos revestimentos automotivos � importante para a prote��o da superf�cie do carro. Materiais com alta durabilidade mant�m a preserva��o por mais tempo. Mas, a capacidade de autocura � prejudicada, uma vez que a composi��o qu�mica n�o apresenta movimento molecular livre, fundamental para a autorregenera��o.

Ante a constata��o de que materiais com din�mica molecular livre t�m baixa conserva��o, uma equipe de pesquisadores formada por Jin Chul Kim, Young il Park e Ji-Eun Jeong desenvolveu um produto que atende �s condi��es necess�rias para a autocura da pintura. O grupo borrifou o material sobre um carro espec�fico para teste, usando uma m�quina de revestimento por spray. Em seguida, exp�s o autom�vel � luz do sol do meio-dia por 30 minutos. Os cientistas perceberam que, ap�s o tempo de exposi��o, um arranh�o na pintura do carro desapareceu, e a superf�cie do material de revestimento foi restaurada.

AUTOCURA

O fen�meno de autocura tem in�cio com a absor��o da luz solar pelo material desenvolvido. � medida que a temperatura da superf�cie do ve�culo aumenta – em raz�o da convers�o de energia luminosa em t�rmica —, as mol�culas se agitam, repetindo a dissocia��o e recombinando as liga��es qu�micas originais da estrutura da subst�ncia.

Os pesquisadores adicionaram uma liga��o qu�mica din�mica. � base de ureia, ela � capaz de mimetizar a decomposi��o e a recombina��o da estrutura do material de revestimento. Misturada a um corante fotot�rmico incolor, a liga��o faz com que a rea��o qu�mica de autocura ocorra imediatamente ap�s exposi��o � luz do sol.

Membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletr�nicos (IEEE) e doutorando em engenharia el�trica pela Universidade de Bras�lia (UnB), Filipe T�rres explicou que uma das raz�es pelas quais a pesquisa mostra-se inovadora � o fato de as caracter�sticas dos componentes qu�micos da subst�ncia serem divergentes. "Elas s�o antag�nicas e acontecem normalmente na qu�mica molecular – a dureza e a autorregenera��o s�o opostas. � comum haver, na natureza, caracter�sticas de materiais com correla��es positivas e negativas. Por isso, o desafio e a solu��o s�o t�o surpreendentes."

Jin Chul Kim, diretor da pesquisa, destaca que n�o � preciso realizar um complexo processo de autocura para diminuir os arranh�es dos autom�veis. A equipe busca otimizar a efici�ncia dos componentes qu�micos e viabilizar a comercializa��o.

T�rres prev� que a subst�ncia ter� outras aplica��es, al�m do revestimento de carros. "Espera-se que o material autorregenerativo desenvolvido seja usado em diversas aplica��es de transporte; em dispositivos eletr�nicos, como smartphones e computadores; e em materiais de constru��o", explicou. (MLG)


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)