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Estado de Minas FAMA PERDIDA

Por que algumas pessoas s�o g�nios esquecidos

Diversos fatores psicol�gicos contribuem para que as pessoas atinjam n�veis assombrosos de percep��o e criatividade


04/12/2022 08:56 - atualizado 04/12/2022 10:49


Dorothy Crowfoot Hodgkin
A vencedora do Pr�mio Nobel Crowfoot Hodgkin (1910-1994) usou seu interesse em mosaicos bizantinos em pesquisas na �rea bioqu�mica (foto: Getty Images)

No final dos anos 1920, um jovem de classe m�dia conhecido como Ritty passava a maior parte do tempo mexendo no seu "laborat�rio", na casa dos pais em Rockaway, Nova York, nos Estados Unidos.

O laborat�rio era uma velha caixa de madeira, equipada com prateleiras que continham uma bateria e um circuito el�trico com l�mpadas, chaves e resistores. Uma das suas inven��es mais not�veis era um alarme dom�stico contra intrusos que o alertava sempre que seus pais entrassem no seu quarto.

Ele tamb�m usava um microsc�pio para estudar o mundo natural e, �s vezes, levava seu conjunto de qu�mica para a rua, para fazer truques para as outras crian�as.

Mas o registro escolar de Ritty no ensino fundamental era comum. Ele tinha dificuldades com literatura e l�nguas estrangeiras. E, em um teste de QI quando crian�a, a pontua��o ele teria sido de cerca de 125, que � acima da m�dia, mas longe do espectro dos g�nios.

Na adolesc�ncia, Ritty demonstrou talento para a matem�tica e come�ou a estudar sozinho com livros elementares. E, no final do ensino m�dio, ele conseguiu o primeiro lugar no concurso anual de matem�tica do Estado.

Ritty � parte da hist�ria da Ci�ncia. Ele tornou-se o f�sico Richard Feynman (1918-1988), vencedor do Pr�mio Nobel em 1965. Sua teoria da eletrodin�mica qu�ntica revolucionou o estudo das part�culas subat�micas.

Outros cientistas consideravam o funcionamento da mente de Feynman algo impenetr�vel. Para os colegas, ele parecia ter um talento quase sobrenatural, que levou o matem�tico polon�s-americano Mark Kac a declarar, em sua autobiografia, que Feynman n�o era apenas um g�nio comum, mas "um m�gico do mais alto calibre".

A psicologia moderna pode nos ajudar a decodificar essa magia e compreender, de forma mais geral, o que torna uma pessoa um g�nio?

A simples defini��o do termo j� � uma dor de cabe�a. N�o existem crit�rios claros e objetivos. Mas a maior parte das defini��es identifica que o g�nio tem realiza��es excepcionais em pelo menos um dom�nio, com originalidade e talento que s�o reconhecidos por outros especialistas na mesma disciplina e podem impulsionar muitos outros avan�os.

Identificar a origem da genialidade e as melhores formas de cultiv�-la � uma tarefa ainda mais dif�cil. Ela seria produto de uma alta intelig�ncia geral? Curiosidade sem limites? Coragem e determina��o? Ou � a combina��o fortuita de felizes circunst�ncias que s�o imposs�veis de se recriar artificialmente?

Pesquisar a vida de indiv�duos excepcionais, incluindo ganhadores do Pr�mio Nobel, como Richard Feynman, pode oferecer algumas indica��es.


William Shockley
William Shockley foi um inventor americano que ganhou o Nobel de F�sica. (foto: Getty Images)

Os Cupins

Vamos come�ar com os Estudos Gen�ticos da Genialidade, um projeto extremamente ambicioso liderado pelo psic�logo Lewis Terman, da Faculdade de Educa��o de Stanford, nos Estados Unidos, no in�cio do s�culo 20.

Terman foi um dos pioneiros do teste de QI, ao traduzir e adaptar uma avalia��o francesa da aptid�o acad�mica das crian�as, desenvolvida no final do s�culo 19.

As quest�es examinavam uma s�rie de capacidades diferentes, como vocabul�rio, matem�tica e racioc�nio l�gico. Juntas, considerava-se que elas representassem a capacidade de aprendizado e pensamento abstrato de uma pessoa.

Terman criou tabelas das avalia��es m�dias para cada idade. Ele podia ent�o comparar os resultados de qualquer crian�a com essa tabela e, assim, identificar sua idade mental. A avalia��o de QI era calculada dividindo-se a idade mental pela idade cronol�gica, multiplicando essa rela��o por 100.

Uma crian�a com 10 anos de idade que tivesse a mesma avalia��o m�dia das crian�as de 15 anos, por exemplo, teria QI 150. Uma crian�a de 10 anos que raciocinasse como outra de nove teria QI 90.

Os gr�ficos de avalia��es de QI pareciam formar uma "distribui��o normal", na forma de sino centralizado na avalia��o m�dia de 100 pontos. Isso significava que a quantidade de pessoas acima e abaixo da m�dia era a mesma e os QIs nas extremidades eram incrivelmente raros.

"N�o h� nada sobre um indiv�duo que seja t�o importante quanto o QI", declarou Terman em um artigo sobre o assunto, prevendo que a avalia��o de uma crian�a seria o pren�ncio de suas realiza��es no transcurso da vida.

No in�cio dos anos 1920, Terman come�ou a examinar crian�as da Calif�rnia, nos Estados Unidos, em busca de estudantes com QI de pelo menos 140, que ele considerava o limite dos g�nios. Mais de mil crian�as atingiram esse n�vel. Terman e seus colegas as estudariam pelas sete d�cadas seguintes.

Muitos desses "Cupins", como foram afetuosamente chamados, tiveram carreiras de sucesso. A romancista e correspondente de guerra Shelley Smith Mydans foi uma delas. Outro foi Jess Oppenheimer, produtor e roteirista que ficou famoso pelo seu trabalho com a comediante americana Lucille Ball. Ela o chamava de "o c�rebro" por tr�s da sua consagrada s�rie de TV I Love Lucy.

Quando Terman morreu, no final dos anos 1950, mais de 30 participantes do estudo haviam sido inclu�dos no livro Who's Who in America ("Quem � quem na Am�rica", em tradu��o livre), que relaciona pessoas influentes nos Estados Unidos, e quase 80 haviam sido reconhecidos em um livro de refer�ncia que destaca os mais importantes cientistas norte-americanos, chamado American Men of Science ("Homens de ci�ncia americanos", em tradu��o livre - e mulheres podiam ser inclu�das no livro, embora o t�tulo omitisse esse fato at� os anos 1970).

Mas, quando se observa cuidadosamente os dados, as estat�sticas n�o sugerem que pessoas com alto QI s�o mesmo destinadas a realizar grandes feitos.

� importante controlar fatores que podem causar confus�o, como as circunst�ncias socioecon�micas das fam�lias dos Cupins. Crian�as com pais que receberam educa��o e t�m mais recursos em casa tendem a ter melhores avalia��es nos testes de QI e, por sua vez, esse privil�gio facilita que elas tenham sucesso na vida.

Considerando todos esses fatores, os Cupins n�o tiveram resultados muito mais relevantes do que outras crian�as com antecedentes similares.

Outros estudos observaram as diferen�as de QI no grupo de Terman para verificar se os estudantes com avalia��o mais alta eram proporcionalmente mais propensos a ter sucesso do que aqueles que passaram "raspando". N�o eram.

Quando o psic�logo americano David Henry Feldman examinou as medidas de distin��o profissional, como um advogado que se tornou um juiz ou um arquiteto que ganhou um pr�mio de prest�gio, as pessoas com QI de mais de 180 foram apenas um pouco mais bem sucedidas que aquelas com 30 ou 40 pontos a menos.

"QI alto n�o parece indicar 'g�nio' no sentido geralmente compreendido da palavra", concluiu ele.

E � revelador observar que o estudo inicial de Terman rejeitou dois meninos da Calif�rnia — William Shockley e Luis Walter Alvarez — que ganharam o Pr�mio Nobel de F�sica, enquanto nenhuma das crian�as que conseguiram a avalia��o m�nima recebeu essa premia��o.

Criado em Nova York, Richard Feynman nunca teria tido a oportunidade de participar dos Estudos Gen�ticos da Genialidade, que aconteceram na Calif�rnia. Mas, mesmo se ele tivesse vivido perto de Stanford, onde morava Terman, seu suposto QI 125 teria feito com que ele tamb�m n�o se qualificasse.


Maya Angelou
Maya Angelou foi poeta, jornalista, atriz, cineasta, bailarina e ativista dos direitos civis (foto: Getty Images)

Mente multifacetada

As hist�rias de vida dos Cupins n�o devem prejudicar a utilidade do QI como ferramenta cient�fica. Os testes de QI est�o longe da perfei��o, mas sabemos que eles est�o correlacionados a realiza��es educacionais e � renda da popula��o.

Eles certamente ajudar�o as pessoas a compreender conceitos abstratos que s�o importantes em muitas disciplinas, particularmente em matem�tica, ci�ncias, engenharia ou filosofia. Mas, quando o assunto � prever as realiza��es extraordin�rias que podem ser consideradas geniais, parece que eles s�o apenas uma pequena parte do quadro.

Considere a capacidade de pensar com originalidade e contribuir com algo de valor para a sua disciplina — um crit�rio fundamental para avalia��o de um g�nio.

Os testes de intelig�ncia envolvem tipicamente quest�es que examinam o racioc�nio verbal e n�o verbal, frequentemente com apenas uma resposta certa. Eles n�o parecem capturar elementos importantes da criatividade, como o pensamento divergente, que � a capacidade de gerar novas ideias.

Para medir as realiza��es criativas de forma geral, os psic�logos desenvolveram question�rios detalhados que perguntam �s pessoas a frequ�ncia com que elas se dedicam a diversas atividades criativas, como escrever textos liter�rios, compor m�sica, projetar edif�cios ou propor teorias cient�ficas.

Fundamentalmente, pede-se �s pessoas que descrevam o reconhecimento por esses projetos — se, por exemplo, o seu trabalho j� recebeu algum pr�mio e se mereceu cobertura da imprensa. Milhares de pessoas j� preencheram esses question�rios para diversos estudos e todos eles demonstram que o QI apresenta correla��o apenas modesta com os resultados dos participantes nestas avalia��es.

Considerando estas descobertas, parece prov�vel que a intelig�ncia seja uma condi��o necess�ria para grandes feitos criativos — mas, sozinha, ela n�o � suficiente.


Partitura de música
Muito al�m da intelig�ncia %u2014 uma s�rie de fatores psicol�gicos contribui para atingir percep��es e conquistas criativas (foto: Getty Images)

O que mais � necess�rio?

Se voc� tiver QI mais alto, pode ser mais prov�vel que tenha percep��es criativas. Mas a sua intelig�ncia acima da m�dia deve ser combinada com uma s�rie de outras caracter�sticas para que surja algo verdadeiramente original que se destaque.

Isso ajudaria a explicar por que a ampla maioria dos Cupins n�o marcou a hist�ria da forma que havia sido prevista. Apesar da sua intelig�ncia acima da m�dia, eles simplesmente n�o tinham as outras qualidades necess�rias para os g�nios.

Ainda estamos evoluindo nossa compreens�o de quais podem ser essas outras caracter�sticas essenciais, mas a curiosidade � uma candidata importante. A curiosidade pode ser medida por meio de question�rios que examinam o quanto as pessoas gostam de explorar novas ideias e tentar experi�ncias diferentes. Elas parecem ser mais criativas em tarefas de brainstorm em laborat�rio e nas suas vidas pessoais.

A import�ncia da curiosidade para os g�nios criativos pode tamb�m ser observada em estudos de caso de figuras importantes. Embora nem sempre seja poss�vel conseguir com que essas pessoas preencham seus question�rios de personalidade, os pesquisadores pediram a seus bi�grafos, familiares com os detalhes das suas vidas, que preenchessem em nome deles.

A tend�ncia dos bi�grafos foi de atribuir avalia��es acima da m�dia em caracter�sticas relacionadas � explora��o e interesse intelectual.

O m�sico de jazz do s�culo 20 John Coltrane, por exemplo, era profundamente fascinado pela f� religiosa. Ele estudou o Cristianismo, o Budismo, o Hindu�smo e o Islamismo. Grande parte dessa influ�ncia pode ser percebida na sua m�sica.

Por que a curiosidade levaria algu�m a tornar-se um g�nio? A sede de conhecimento certamente motivar� voc� a for�ar seus limites dentro da sua pr�pria disciplina, enquanto outras pessoas, com menos necessidade de saber mais, podem simplesmente desistir.

A curiosidade pode tamb�m incentivar algu�m a ampliar seus horizontes al�m da sua especialidade, o que parece trazer seus pr�prios benef�cios.

Os cientistas ganhadores do Pr�mio Nobel, por exemplo, costumam ter tr�s vezes mais hobbies pessoais do que a m�dia das pessoas e s�o particularmente dispostos a dedicar-se a tarefas criativas, como m�sica, pintura ou poesia. Esses passatempos podem treinar o c�rebro para gerar e refinar ideias, alimentando mais percep��es originais na disciplina principal do cientista.

E sair em busca de diversos interesses pode tamb�m gerar uma acidental "poliniza��o cruzada" de ideias. A qu�mica Dorothy Crowfoot Hodgkin, por exemplo, ganhou um Pr�mio Nobel pelos seus avan�os na cristalografia de raio X, que permitiu a ela descobrir a estrutura de subst�ncias bioqu�micas, como a penicilina e a vitamina B12.

Mas, desde a adolesc�ncia, ela tinha intenso interesse por mosaicos bizantinos. Seu conhecimento da sua simetria e geometria aparentemente a ajudou a compreender como padr�es repetidos de mol�culas poderiam ser dispostos em cristais, o que foi determinante para suas pesquisas cient�ficas.

Como diz Waqas Ahmed, autor do livro O Pol�mata - Revelando o Poder da Versatilidade Humana (Ed. Qualitymark, 2022): "para prestar contribui��es inovadoras a qualquer campo de atividade, voc� precisa observar aquele campo atrav�s da lente mais ampla e buscar o m�ximo de fontes de inspira��o poss�vel". A maestria em diferentes campos treina voc� a observar os problemas de diversos pontos de vista, o que aumenta a possibilidade de ter percep��es originais.

Ahmed indica a poetisa, jornalista, escritora, cineasta e ativista dos direitos civis Maya Angelou, que tamb�m trabalhou como cantora e dan�arina, como um exemplo moderno de pol�mata. Seus diversos interesses ofereceram muito mais que a soma das suas partes e, juntos, alimentaram sua assombrosa criatividade.

A vida de Richard Feynman certamente se encaixa nessas tend�ncias. Pense em todo o tempo que ele passou na inf�ncia mexendo no seu laborat�rio, dedicando-se a projetos diferentes em diversas disciplinas.

Quando adulto, ele aprendeu a desenhar, tocar bong�, falar portugu�s e japon�s, ler hier�glifos e chegou at� a embarcar em um projeto paralelo no campo da gen�tica.

Um dia, no caf� da universidade, ele observou por acaso um homem atirando pratos e os pegando de volta. Ele reparou que os pratos oscilavam enquanto se moviam e come�ou a rascunhar equa��es para descrever aquele movimento.

Logo ele percebeu que havia paralelos com a atividade dos el�trons em �rbita em volta do �tomo — e essa percep��o levou ao seu trabalho ganhador do Pr�mio Nobel sobre eletrodin�mica qu�ntica.

Deste exemplo cient�fico isolado, pode-se concluir facilmente que a intelig�ncia combinada com a curiosidade seria a f�rmula da genialidade. Mas � claro que isso tamb�m n�o � verdade e que existem muito mais pe�as neste quebra-cabe�a.

Existe, por exemplo, a determina��o — a busca persistente das suas paix�es, mesmo quando surgem dificuldades.

Qualquer g�nio, em qualquer disciplina, deve primeiro dominar uma enorme quantidade de conhecimento e t�cnicas antes de poder fazer suas pr�prias descobertas. Isso normalmente s� vem com anos de pr�tica.

A professora de psicologia Angela Duckworth, da Universidade da Pensilv�nia, nos Estados Unidos, � pioneira na pesquisa da determina��o. Suas descobertas indicam que, como o QI e a curiosidade, ela contribui com diversos graus de sucesso.

Os g�nios tamb�m empregam "estrat�gias megacognitivas", que descrevem todos os processos que usamos para elaborar nossos projetos, monitorar nosso progresso e encontrar estrat�gias melhores e mais eficientes para fazer o que precisamos fazer.

Sem esta reflex�o �til sobre o nosso trabalho, podemos acabar perdendo tempo que poderia ter sido mais bem empregado em pr�ticas ou explora��es frut�feras. Pode parecer �bvio, mas algumas pessoas t�m dificuldade para pensar estrategicamente e aproveitar melhor os seus esfor�os, o que ir� dificultar em muito para atingir um alto grau de realiza��o.

Por fim, existe a humildade intelectual, que � uma caracter�stica negligenciada, mas fundamental.

Pesquisas recentes da professora Tenelle Porter, da Universidade Estadual Ball em Muncie, Indiana (Estados Unidos), demonstram que a capacidade de reconhecer suas falhas e limita��es amplifica o aprendizado, pois incentiva voc� a lidar com seus erros sem baixar a cabe�a e preencher as suas lacunas de pensamento. Ela contribui, no longo prazo, para aumentar seu crescimento em qualquer disciplina.

Feynman parece ter reconhecido este ponto. "Consigo viver com a d�vida e a incerteza e n�o saber. Acho muito mais interessante viver n�o sabendo do que ter respostas que podem estar erradas", disse ele em uma entrevista para a televis�o.

Mas, mesmo se algu�m tiver todas essas caracter�sticas positivas, a sorte, sem d�vida, desempenha um importante papel para determinar quem se destacar� entre seus pares. Voc� precisa estar no lugar certo, no momento certo, rodeado pelas pessoas certas, para poder fazer o m�ximo uso poss�vel dos seus talentos. E at� os indiv�duos mais promissores podem facilmente perder as oportunidades para brilhar.

N�o � dif�cil imaginar um cientista brilhante que recebeu a oferta do ambiente perfeito para cultivar suas capacidades, ou um artista que perdeu todas as conex�es sociais para se tornar conhecido.

Isso, sem mencionar as barreiras estruturais associadas � etnia, g�nero ou sexualidade — que evitam que muitas mentes brilhantes atinjam seu potencial e o reconhecimento que elas merecem. Como mencionou Virginia Woolf em Um Teto Todo Seu (Ed. Nova Fronteira, 2019), as necessidades b�sicas de criatividade, como o tempo e a privacidade para trabalhar, foram (e continuam sendo) negadas para grandes segmentos da popula��o.

O papel da boa sorte nas realiza��es oferece outra boa raz�o para que as pessoas de sucesso mantenham sua humildade, mesmo depois de terem recebido reconhecimento pelos seus feitos.


Joven se toma la cabeza mientras resuelve un examen
A curiosidade insaci�vel pode ser a fagulha necess�ria para que algu�m se torne um g�nio? (foto: Getty Images)

O g�nio humilde

Infelizmente, muitas pessoas t�m uma imagem cor-de-rosa do seu caminho at� o reconhecimento da genialidade. Elas come�am a acreditar que suas mentes excepcionais foram a garantia do sucesso e que seus julgamentos s�o infal�veis. E a perda da humildade, muitas vezes, acaba manchando sua reputa��o.

Escritores sobre ci�ncias v�m notando h� tempos a exist�ncia da "doen�a do Nobel". Trata-se de uma express�o ir�nica, usada para descrever a tend�ncia de alguns ganhadores do Pr�mio Nobel de formar teorias um tanto irracionais com mais idade.

Diversos cientistas que compareceram ao palanque da prefeitura de Estocolmo, na Su�cia, para receber o mais alto reconhecimento na sua disciplina acabaram posteriormente expressando justificativas absurdas para o negacionismo da Aids, das mudan�as clim�ticas e das vacinas, o racismo cient�fico e endossando tratamentos pseudocient�ficos, como a homeopatia.

� claro que S�crates nos ensinou sobre isso mil�nios atr�s. Plat�o descreve, na Apologia de S�crates, como seu mestre vagueava pelas ruas de Atenas, na Gr�cia, para encontrar os poetas, artes�os e pol�ticos mais bem sucedidos da cidade. E, �s vezes, ele reconhecia que as pessoas mais s�bias eram aquelas que conseguiam reconhecer os limites do seu conhecimento.

Esta li��o � importante para os candidatos a g�nio de hoje em dia, da mesma forma que 2,4 mil anos atr�s. N�o importa quanto talento voc� tenha, sempre haver� algo que voc� desconhece.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-63639344


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