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Estado de Minas ci�ncia

Preciosidades da mumifica��o

Cientistas descobrem, em uma oficina de embalsamamento com mais de 2,6 mil anos, informa��es in�ditas sobre subst�ncias usadas para preservar corpos no Egito


26/02/2023 04:00

câmara subterrânea
Recipientes de barro estavam em uma c�mara subterr�nea perto da pir�mide de Unas e continham informa��es sobre como usar os produtos (foto: M. Abdelghaffar/AFP)


H� sete anos, arque�logos liderados por Ramadan Hussein, da Universidade de T�bigen, escavavam um cemit�rio de elite na regi�o de Saqqara quando se depararam com uma constru��o at� ent�o desconhecida da egiptologia. Perto da pir�mide de Unas, a equipe descobriu uma oficina de mumifica��o a 13 metros de profundidade. Embora as c�maras de embalsamamento n�o sejam uma novidade no Egito, essa foi a primeira – e, por enquanto, a �nica – localizada debaixo da terra. Ali, havia 121 recipientes de barro contendo as subst�ncias usadas para preservar os corpos. Agora, a an�lise desse material revelou preciosidades sobre a t�cnica, n�o conhecidas pelos estudiosos.
 
Recipientes de barro
Recipientes de barro (foto: M. Abdelghaffar/AFP)
 
 
A primeira grande surpresa, na opini�o do arque�logo Maxime Rageout, da Universidade de T�bigen, � o fato de a maioria das subst�ncias n�o ser oriunda do Egito. Algumas vieram do Mediterr�neo, outras de muito mais longe. � o caso de resinas encontradas nas florestas tropicais asi�ticas, indicando uma rede de com�rcio mais globalizada do que se esperava para a �poca: 2,6 mil anos atr�s. "Para mim, � surpreendente pensar em materiais que vieram de t�o longe. E s�o subst�ncias bastante distintas", disse em coletiva de imprensa on-line o coautor de um estudo sobre as descobertas, publicado na revista Nature.
 
Muitos dos potes de cer�mica encontrados na oficina tinham r�tulos: alguns com os nomes das subst�ncias, outros contendo instru��es, como "passar na cabe�a". Os pesquisadores selecionaram 22 vasilhas para an�lise qu�mica e arqueol�gica. "Conhecemos os nomes de muitos desses ingredientes de embalsamamento desde que os antigos escritos eg�pcios foram decifrados", conta Susanne Beck, da Universidade de T�bingen, l�der da escava��o. "Mas, at� agora, s� consegu�amos adivinhar quais subst�ncias estavam por tr�s de cada nome."
 
Na entrevista coletiva, os pesquisadores explicaram que, antes da descoberta da oficina subterr�nea, havia duas formas de deduzir as subst�ncias usadas no embalsamamento eg�pcio. Uma pelos textos, outra na an�lise das pr�prias m�mias. Nenhum dos m�todos, por�m, era preciso. Muitas vezes, as instru��es nos hier�glifos se resumiam a nominar os qu�micos como "�leo" ou "resina", o que diz muito pouco sobre sua composi��o. Por outro lado, ao extrair as informa��es diretamente dos corpos embalsamados, corre-se o risco de as amostras estarem contaminadas por outras subst�ncias.
 
Por isso, a descoberta dos potes lan�ou uma nova luz sobre uma das pr�ticas eg�pcias que mais t�m fascinado pesquisadores e leigos ao longo da hist�ria. A avalia��o qu�mica das mol�culas dos produtos trouxe uma s�rie de surpresas, disse Maxime Rageot. Desde que os hier�glifos foram decifrados, uma subst�ncia rotulada de antiu foi traduzida como mirra ou incenso. "Mas, agora, mostramos que, na verdade, trata-se de uma mistura de ingredientes muito diferentes que conseguimos separar com o aux�lio de cromatografia gasosa e de espectrometria de massa." O material era bem mais complexo do que se pensava: uma mistura de �leo de cedro e de cipreste com gorduras animais.
 
Outra subst�ncia desconhecida at� agora � o dammar, parecida com a goma, obtida de �rvores da �ndia e do Sudeste asi�tico — a palavra, inclusive, � malaia. Os pesquisadores tamb�m descobriram o elemi, uma resina parecida com a extra�da na vegeta��o de florestas tropicais do Sul da �sia e da �frica. Os pesquisadores n�o sabem dizer se, ao buscar essas subst�ncias, os embalsamadores sabiam exatamente para que serviam ou se, levados pela curiosidade por produtos ex�ticos, testavam at� acertar.
 
Mas de uma coisa os arque�logos n�o t�m d�vida: o conhecimento dos embalsamadores sobre as mat�rias-primas era extremamente sofisticado. Eles n�o apenas misturavam subst�ncias, mas usavam processos qu�micos diferentes, como destila��o ou aquecimento, dependendo da finalidade de cada uma. "Muito antes da descoberta dos micr�bios, eles conheciam perfeitamente subst�ncias antif�ngicas e antibacterianas, que preservam os corpos. Tinham um grande conhecimento de microbiologia, mesmo sem saber da exist�ncia de bact�rias. Um conhecimento enorme, acumulado por s�culos de experi�ncia", explica Philipp Stockhammer, arque�logo da Universidade Ludwig Maximilian, em Munique, que tamb�m participou do estudo.
 
"Estudos qu�micos de m�mias sugerem que as receitas de embalsamamento se tornaram mais complexas com o tempo", disse o coautor do estudo, Mahmoud Bahgat, bioqu�mico do Centro Nacional de Pesquisa do Egito, no Cairo, na coletiva de imprensa. "Precisamos ser t�o espertos quanto eles para descobrir as inten��es."
 
As informa��es encontradas nos r�tulos dos recipientes mostram que diferentes subst�ncias eram usadas em partes diversas do corpo. A resina de pistache e o �leo de r�cino iam apenas na cabe�a, por exemplo. Segundo os pesquisadores, muitas novidades devem surgir a partir da descoberta da oficina de mumifica��o. "Gra�as a todas as inscri��es nos r�tulos, no futuro conseguiremos decifrar o vocabul�rio da qu�mica eg�pcia antiga que n�o entendemos suficientemente at� o momento", acredita Stockhammer.
 
 
Falhas na prote��o de 76% das esp�cies de inseto
 
Os insetos desempenham pap�is cruciais em quase todos os ecossistemas – eles polinizam mais de 80% das plantas e s�o uma importante fonte de alimento para milhares de vertebrados. Por�m, as popula��es est�o diminuindo em todo o mundo e continuam negligenciadas pelos esfor�os de conserva��o. Um estudo publicado na revista One Earth descobriu que 76% das esp�cies n�o s�o adequadamente cobertas por �reas protegidas. "J� � hora de considerarmos os insetos nas avalia��es de conserva��o", diz o principal autor, Shawan Chowdhury, bi�logo conservacionista do Centro Alem�o de Pesquisa Integrativa em Biodiversidade (iDiv). "Os pa�ses devem incluir insetos no planejamento de �reas protegidas e no manejo das existentes."
 
Embora as �reas protegidas sejam conhecidas por proteger ativamente muitos vertebrados das principais amea�as antropog�nicas, at� que ponto isso � verdade para os insetos permanece amplamente desconhecido. Para solucionar essa quest�o, Chowdhury e os colegas sobrepuseram os dados de distribui��o de esp�cies do Global Biodiversity Information Facility com mapas globais de regi�es de conserva��o.
 
Eles descobriram que quase 80% das esp�cies globais de insetos est�o inadequadamente representadas em �reas de conserva��o, incluindo v�rios criticamente amea�ados, como a formiga-dinossauro, a libelinha havaiana carmesim e a mariposa-tigre. Al�m disso, as distribui��es globais de 1.876 esp�cies de 225 fam�lias n�o est�o protegidas.

AMEA�AS DIVERSAS Os autores ficaram surpresos com o grau de sub-representa��o dos insetos. "Muitos dados de insetos v�m de �reas protegidas. Ent�o, pensamos que a propor��o de esp�cies cobertas seria maior", diz Chowdhury. "O d�ficit tamb�m � muito mais grave do que uma an�lise semelhante realizada em esp�cies de vertebrados que descobriu que 57% das 25.380 esp�cies foram cobertas inadequadamente."
 
Mesmo que os insetos vivam em �reas protegidas, eles podem n�o estar colhendo os benef�cios dessa prote��o, diz Chowdhury. "Muitas esp�cies est�o diminuindo dentro desses locais devido a amea�as como r�pidas mudan�as ambientais, perda de corredores e estradas dentro de �reas protegidas. Cientistas e formuladores de pol�ticas devem intensificar e ajudar nesse desafio de identificar locais de import�ncia para a conserva��o de insetos." 
 
 


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