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Estado de Minas Cotidiano

Nasa tranca quatro volunt�rios por um ano em simulador da superf�cie de Marte

Durante 378 dias, quarteto trancafiado em um habitat executar� tarefas com trajes especiais, como se fosse um grupo de astronautas pra valer no planeta vermelho


29/06/2023 09:26 - atualizado 29/06/2023 09:44
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Superfície de Marte
Superf�cie de Marte (foto: WikiImages/Pixabay)
Quatro tripulantes recrutados pela Nasa come�aram nesta semana uma jornada de cerca de um ano explorando a superf�cie de Marte -em uma simula��o.

A primeira miss�o do projeto Chapea (sigla para Crew Health and Performance Exploration Analog, ou An�logo de Explora��o de Desempenho e Sa�de da Tripula��o) come�ou na segunda-feira (25), no Centro Espacial Johnson, em Houston, Texas (EUA).

� o mesmo local onde os astronautas de verdade treinam para realizar miss�es espaciais, que hoje abarcam expedi��es � Esta��o Espacial Internacional, em �rbita terrestre baixa, e viagens � Lua como parte do programa Artemis.

Os quatro tripulantes da miss�o simulada, contudo, n�o s�o astronautas, e sim volunt�rios recrutados entre a popula��o num processo seletivo iniciado em 2021. A comandante, Kelly Haston, � bi�loga e pesquisadora; o engenheiro de voo, Ross Brockwell, tem mestrado em aeron�utica, mas trabalha com constru��o civil; o oficial m�dico, Nathan Jones, � cl�nico geral especialista em medicina de emerg�ncia; e a oficial de ci�ncias, Anca Selariu, � microbi�loga da Marinha dos EUA. � exce��o de Haston, que � canadense, s�o todos americanos.

Durante 378 dias, o quarteto ficar� trancafiado em um habitat com 158 metros quadrados, somados a um simulacro da superf�cie de Marte de 111 metros quadrados, onde eles executar�o tarefas usando trajes especiais, como se fossem astronautas vivendo e trabalhando para valer no planeta vermelho.

"A simula��o ir� nos permitir colher dados de desempenho f�sico e cogni��o que v�o dar mais informa��o sobre os potenciais impactos de miss�es de longa dura��o a Marte sobre a sa�de e o desempenho da tripula��o", diz Grace Douglas, l�der cient�fica do estudo. "No fim das contas, essa informa��o ir� ajudar a Nasa a tomar decis�es informadas ao projetar e planejar uma miss�o humana bem-sucedida a Marte."

O "apartamento marciano", com estrutura impressa em 3D e constru�da por uma empresa para a Nasa, conta com quatro quartos individuais para a tripula��o, uma cozinha, dois banheiros, uma �rea comum com poltronas reclin�veis, jogos de tabuleiro e TV; uma �rea de trabalho, uma sala de exerc�cios, uma �rea para o cultivo de planetas e uma baia m�dica em que ser�o colhidas amostras peri�dicas da tripula��o.

No "quintal de explora��o", capacetes de realidade virtual e esteiras ajudar�o a refor�ar a ilus�o de que os volunt�rios est�o mesmo conduzindo uma expedi��o cient�fica ao planeta vermelho.

A ideia � simular o que seria passar um ano inteiro em Marte -o que faz certo sentido considerando as restri��es que a mec�nica celeste imp�e a essas viagens (janelas de lan�amento ideais para a ida e para a volta s� se abrem a cada 26 meses, o que, salvo uma revolu��o tecnol�gica em propuls�o, exigiria uma longa estadia na superf�cie at� a hora do retorno).

Embora os voos de ida e volta n�o fa�am parte da simula��o, o plano dos pesquisadores da ag�ncia espacial americana � tornar a miss�o simulada t�o realista quanto poss�vel. Os "astronautas" ter�o de lidar com o longo atraso nas comunica��es Terra-Marte (cerca de 22 minutos para as circunst�ncias simuladas), o que impede contato em tempo real com o controle da miss�o. Em vez de falar com os controladores na Terra, instru��es e relat�rios ser�o transmitidos por escrito.

Os dias vivenciados pelos participantes tamb�m ser�o marcianos, com dura��o de 24h39min, em raz�o da rota��o ligeiramente mais lenta do planeta vermelho.

Os volunt�rios tamb�m ter�o de lidar com restri��es no consumo de alimentos e de �gua, exatamente como seria em uma miss�o marciana real, e passar�o o pr�ximo ano em isolamento total. Quem viveu a pandemia da Covid-19 sabe como esse processo pode cobrar psicologicamente de seus participantes.

PRECURSORES

Embora seja uma novidade para a Nasa, j� houve outras simula��es de viagens marcianas patrocinadas por ag�ncias espaciais pelo mundo. A mais not�ria � a Mars-500, em que seis pessoas passaram 520 dias trancafiadas num grande simulador instalado no Instituto de Problemas Biom�dicos, em Moscou (RUS), entre 2010 e 2011.

Na ocasi�o, o sexteto internacional (tr�s russos, um italiano, um franc�s e um chin�s, todos homens) simulou todas as etapas da miss�o --a ida, a expedi��o � superf�cie, com dura��o de escassos 11 dias, e o retorno � Terra. O projeto, financiado por Roscosmos, ESA e CNSA (respectivamente ag�ncias espaciais russa, europeia e chinesa), mostrou que humanos podem suportar pelo menos o que se foi capaz de simular de uma miss�o a Marte. (Vale destacar que alguns dos efeitos da miss�o real s�o imposs�veis de reproduzir em solo, como o ambiente de radia��o e as varia��es de gravidade.)

O projeto tamb�m demonstrou que h� efeitos psicol�gicos importantes a serem levados em conta nessas miss�es de longa dura��o. Os participantes reportaram momentos de euforia (como a visita � superf�cie simulada, conduzida por apenas tr�s deles) e de depress�o, bem como desconforto pela falta de variedade social.

O novo trabalho da Nasa, com esta que promete ser apenas a primeira de tr�s miss�es simuladas, deve aprofundar essa compreens�o. Ele traz novidades e varia��es que ser�o importantes no contraste com iniciativas anteriores.

"A dura��o da miss�o, os protocolos e os experimentos podem colaborar para aprendizados para a explora��o espacial da Lua e de Marte", diz Julio Rezende, professor de engenharia industrial da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e coordenador da esta��o Habitat Marte, �nica instala��o de pesquisa no hemisf�rio Sul a tamb�m simular expedi��es marcianas, em Cai�ara do Rio do Vento (RN).

"Al�m dos estudos sobre din�mica em equipe, h� muitos experimentos que podem ser feitos, como por exemplo na �rea de agricultura, na produ��o de alimentos em ambiente controlado."

Tudo isso faz parte de um esfor�o global para aprender tanto quanto for poss�vel a fim de aumentar as chances de sucesso de futuras expedi��es reais a Marte --o que a Nasa mesmo n�o espera fazer antes do fim de d�cada de 2030, no m�nimo. At� l�, tem tempo.


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