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Estado de Minas CI�NCIA

Por que mudan�a clim�tica pode impulsionar terremotos e erup��es vulc�nicas

As mudan�as clim�ticas podem causar problemas n�o apenas na superf�cie. O aquecimento do planeta %u2014 e especificamente o aumento dos n�veis de chuva e o derretimento das geleiras %u2014 tamb�m podem exacerbar os perigos sob a superf�cie, como terremotos e erup��es vulc�nicas.


24/08/2023 12:24 - atualizado 24/08/2023 12:52
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Vulcão em erupção
(foto: Getty Images)

O clima na Terra est� mudando muito r�pido. Em algumas �reas, a escalada nas temperaturas est� aumentando a frequ�ncia e a probabilidade de inc�ndios e seca. Em outras �reas, est� tornando chuvas e tempestades mais intensas ou acelerando o ritmo do derretimento de geleiras.

O �ltimo m�s � um exemplo fat�dico disso. Partes da Europa e do Canad� est�o sendo devastadas por inc�ndios, enquanto Pequim, na China, registrou a chuva mais pesada em pelo menos 140 anos.

Olhando mais para tr�s, entre 2000 e 2019 as geleiras do planeta perderam cerca de 267 bilh�es de toneladas de gelo por ano.

O derretimento das geleiras contribui para o aumento do n�vel do mar (atualmente subindo cerca de 3,3 mm por ano) e para outros perigos costeiros, como inunda��o e eros�o.

Pesquisas sugerem que as mudan�as clim�ticas podem causar problemas n�o apenas na superf�cie. O aquecimento do planeta — e especificamente o aumento dos n�veis de chuva e o derretimento das geleiras — tamb�m podem exacerbar os perigos sob a superf�cie, como terremotos e erup��es vulc�nicas.

Secas na Europa e na Am�rica do Norte t�m recebido bastante aten��o da imprensa. Mas o sexto relat�rio do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudan�as Clim�ticas), em 2021, revelou que, na m�dia, a chuva tem aumentado em muitas regi�es do mundo desde 1950. Uma atmosfera mais quente consegue reter mais vapor d’�gua, levando a maiores n�veis de precipita��o.

O interessante � que ge�logos identificaram uma correla��o entre �ndices de chuva e atividade s�smica h� bastante tempo. Nos Himalaias, por exemplo, a frequ�ncia de terremotos � influenciada pelo ciclo anual da chuva e da temporada de mon��es.

Pesquisas revelaram que 48% dos terremotos no Himalaia acontecem durante os meses secos pr�-mon��es (mar�o, abril e maio), enquanto apenas 16% acontecem durante a temporada de mon��es.

Durante a esta��o das mon��es, no ver�o, o peso de at� 4 metros de chuva comprime a crosta tanto vertical quanto horizontalmente, estabilizando-a. Quando esta �gua desaparece no inverno, o “rebote” desestabiliza a regi�o e aumenta o n�mero de terremotos.

As mudan�as clim�ticas podem intensificar esse fen�meno. Modelos clim�ticos projetam que a intensidade das chuvas das mon��es no sul da �sia vai aumentar no futuro, como resultado das mudan�as clim�ticas, o que poderia aumentar o efeito rebote no inverno e causar mais atividade s�smica.

O impacto do peso da �gua na crosta da Terra vai al�m da chuva, ele se estende ao gelo glacial tamb�m.

Conforme a �ltima Era do Gelo chegou ao fim, h� cerca de 10 mil anos, o derretimento de pesadas massas de gelo fez com que parte da crosta tivessem um “rebote” para cima. O resultado desse processo, chamado de “ajuste p�s-glacial”, pode ser visto nas praias elevadas da Esc�cia - que hoje ficam a cerca de 45 metros do n�vel do mar.

Evid�ncias encontradas na Escandin�via sugerem que esse “ajuste p�s-glacial”, em combina��o com a atividade das placas tect�nicas da regi�o, desencadeou diversos terremotos entre 11 mil e 7 mil anos atr�s.

Alguns desses terremotos passaram da magnitude 8 na escala Richter, o que indica grave destrui��o e perda de vidas. Agora existe a preocupa��o de que o derretimento continuado de geleias hoje possa causar efeitos similares em outros locais.


Foto aerea de formação geológica elevada na praia
Fal�sias na Esc�cia, onde atividade s�smica gerou praias elevadas (foto: Getty Images)

E a atividade vulc�nica?

Pesquisas tamb�m encontraram correla��o entre mudan�as na carga de massa glacial na crosta da Terra e a ocorr�ncia de atividade vulc�nica.

H� aproximadamente 5,5 mil e 4,5 mil anos, o clima da Terra esfriou brevemente e as geleiras na Isl�ndia come�aram a aumentar. An�lises de dep�sitos de cinzas vulc�nicas pela Europa sugerem que a atividade vulc�nica na Isl�ndia reduziu neste per�odo.

Houve um aumento subsequente na atividade vulc�nica ap�s o final deste per�odo de resfriamento, embora com um atraso de v�rias centenas de anos.

Esse fen�meno pode ser explicado pelo peso das geleiras comprimindo tanto a crosta da Terra quanto o manto abaixo dela (a camada de rocha semi-s�lida que sustenta a crosta). Isso manteve esse material espesso que comp�e o manto sob grande press�o, impedindo que ele se tornasse menos denso e formasse o magma, material que � expelido em erup��es vulc�nicas.

No entanto, o posterior derretimento de geleiras e a perda de peso sobre a superf�cie da Terra gerou um fen�meno chamado de derretimento por descompress�o — quando a press�o menor facilita o derretimento do manto. Esse derretimento resultou na forma��o de magma l�quido, que foi o “combust�vel” da atividade vulc�nica subsequente na Isl�ndia.

At� hoje esse processo � respons�vel por gerar alguma atividade vulc�nica na Isl�ndia.

Erup��es em dois vulc�es, Gr�msv�tn e Katla, com frequ�ncia ocorrem durante o ver�o, quando as geleiras diminuem.

�, portanto, prov�vel que o recuo glacial em curso devido ao aquecimento global possa potencialmente aumentar a atividade vulc�nica no futuro. No entanto, o intervalo de tempo entre as mudan�as glaciais e a resposta vulc�nica � tranquilizador por enquanto.

Os impactos das altera��es clim�ticas est�o se tornando mais evidentes, com acontecimentos clim�ticos incomuns se tornando a norma e n�o a exce��o.

Apesar de tudo, os impactos indiretos das altera��es clim�ticas no solo sob os nossos p�s n�o s�o amplamente conhecidos nem discutidos. Isso tem de mudar se quisermos minimizar os efeitos das altera��es clim�ticas que j� s�o uma realidade.

*Matthew Blackett � professor de geografia f�sica e desastres naturais na Universidade de Coventry, na Inglaterra.

Este artigo foi publicado no site de divulga��o cient�fica The Conversation e reproduzido aqui sob a licen�a Creative Commons. Clique aqui para ler a vers�o original em ingl�s.


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