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Estado de Minas TRANSPLANTE

Macaco recebe rim de porco e sobrevive por mais de 2 anos

Resultado obtido por cientistas dos Estados Unidos refor�a a esperan�a de que, um dia, os xenotransplantes ser�o vi�veis para humanos


12/10/2023 06:00 - atualizado 12/10/2023 10:24
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Xenotransplante feito na Universidade de Nova York. Após a cirurgia, rins passaram a produzir urina
Xenotransplante feito na Universidade de Nova York. Ap�s a cirurgia, rins passaram a produzir urina (foto: (Joe Carrotta/Divulga��o))

Animais poder�o, no futuro, ser a principal fonte de transplantes de �rg�os para humanos. Em um estudo publicado na revista Nature, pesquisadores de Cambridge, nos Estados Unidos, descrevem um macaco que sobreviveu por dois anos com rins retirados de porcos. No primeiro experimento do grupo, a taxa de sobreviv�ncia foi de dois dias. O que possibilitou a longevidade foi uma tecnologia de edi��o gen�tica que aumentou a compatibilidade entre as diferentes esp�cies, aliada a um medicamento imunossupressor.

A expectativa � de que, um dia, a estrat�gia seja bem-sucedida para reduzir a longa espera de humanos por um �rg�o vital. No �ltimo ano, houve avan�os nos chamados xenotransplantes (entre diferentes esp�cies), com rins e cora��es de porcos transplantados em pessoas por cientistas das Universidades de Maryland e do Centro M�dico NYU Langone, mas as t�cnicas ainda s�o embrion�rias.

No caso dos rins, os tr�s receptores estavam mortos e foram mantidos por aparelhos, para verificar a viabilidade do procedimento. O primeiro homem a receber um cora��o sobreviveu dois meses ap�s a opera��o e morreu infectado por um v�rus que estava no organismo do animal. H� um m�s, a Universidade de Maryland realizou um transplante coronariano no qual um paciente tamb�m j� com morte cerebral recebeu o �rg�o de um porco.

Tanto nos experimentos anteriores com humanos quanto os com macacos, os �rg�os dos doadores passaram por edi��o gen�tica. No estudo atual, a ferramenta utilizada pelos cientistas foi a chamada Crispr. Com essa "tesoura", os pesquisadores manipularam os genes dos porcos antes de transplantar para os macacos. As altera��es foram feitas para prevenir a rejei��o de �rg�os e remover v�rus que, como no paciente norte-americano que recebeu um cora��o de su�no, poderiam ser ativados no receptor.

Vinte e um macacos tiveram os rins removidos e receberam um �nico �rg�o, retirado do porco geneticamente modificado. Ao desativar apenas tr�s genes que evitam a rejei��o, os animais sobreviveram por 24 dias. Por�m, quando os cientistas adicionaram no �rg�o sete prote�nas humanas que reduzem a coagula��o sangu�nea e a inflama��o — rea��es t�picas do sistema imunol�gico —, eles viveram sete vezes mais (176 dias). Essa metodologia foi, ent�o, combinada a um tratamento de imunossupress�o. Um dos animais do experimento alcan�ou mais de dois anos (758 dias) de vida.

Ensaios cl�nicos

Em uma coletiva de imprensa transmitida on-line, Mike Curtis, presidente executivo da empresa de biotecnologia eGenesis, que trabalhou com a Universidade de Harvard na edi��o gen�tica, destacou que a ag�ncia regulat�ria Food and Drug Administration (FDA) exigiu a sobreviv�ncia dos animais de ao menos 12 meses antes de se come�ar um estudo com humanos. Por isso, ele acredita que, em breve, os pesquisadores receber�o autoriza��o para a primeira experi�ncia cl�nica da tecnologia. Para Curtis, a quantidade de pacientes que precisam de �rg�os — especialmente rins, os mais requisitados —, exige novas op��es terap�uticas.

Nos Estados Unidos, contou, 89 mil pessoas aguardam um transplante renal. No Brasil, segundo o Minist�rio da Sa�de, mais de 60 mil est�o na fila e, desses, mais de 37 mil necessitam de rins. "Simplesmente n�o h� rins suficientes para todos", disse o presidente Mike Curtis. "Muitos morrer�o em di�lise. O transplante entre esp�cies � a �nica solu��o vi�vel a curto prazo para resolver essa enorme escassez na disponibilidade de �rg�os."

Na coletiva de imprensa, Tatsuo Kawai, que liderou o estudo na Faculdade de Medicina de Harvard, contou que os cientistas usaram porcos miniatura de Yuacat�n como doadores porque seus rins, quando maduros, t�m o tamanho aproximado ao de uma pessoa adulta. Para ele, o desempenho da t�cnica dever� ser melhor ainda em humanos porque os �rg�os s�o mais compat�veis com os dos su�nos.

Chefe da equipe de transplantes do Centro M�dico Langone da Universidade de Maryland, Muhammad M. Mohiuddin, que realizou xenotransplantes in�ditos na institui��o, explicou que os porcos s�o os doadores mais promissores "devido � disponibilidade da tecnologia necess�ria para modificar o seu genoma, a seu curto per�odo de gesta��o, a seu r�pido crescimento at� um tamanho compat�vel com o ser humano e � semelhan�a anat�mica de seus �rg�os com os dos humanos".

Em um editorial publicado na Nature, o cirurgi�o destacou que "superar a complexa rejei��o dos �rg�os su�nos pelo sistema imunol�gico humano representou um desafio por mais de 40 anos". Para Mohiuddin, a melhoria da edi��o gen�tica gra�as � t�cnica Crispr e de novos imunossupressores "revigorou o campo". "Mas ser�o ensaios cl�nicos, envolvendo pessoas que foram exclu�das de todas as outras esperan�as de tratamento, que realmente ampliar�o nossa compreens�o sobre esse procedimento not�vel, ajudando a perceber o potencial dessa tecnologia."

 


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