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Estado de Minas

G�nio ou v�ndalo? Conhe�a mais sobre a arte de Banksy

Exposi��o em Lisboa re�ne 70 obras de Banksy, um dos mais controversos artistas contempor�neos. Mostra n�o tem aval do brit�nico, cuja identidade n�o � revelada


postado em 20/07/2019 04:15 / atualizado em 22/07/2019 18:28


Lisboa – Aos primeiros passos no espa�o montado na Cordoaria Nacional, em Lisboa, j� � poss�vel responder � pergunta do t�tulo desta reportagem, por sinal a mesma que d� nome � exposi��o: Banksy: g�nio ou v�ndalo?

“As situa��es parecem destrutivas, chocam �s vezes, mas essa � a realidade do mundo.” � assim que a portuguesa Maria dos Anjos descreve e elogia os 70 trabalhos de Banksy, um dos mais influentes e controversos nomes da arte contempor�nea, exibidos no antigo pr�dio da Marinha portuguesa. Pela primeira vez, as obras originais do artista, provenientes de cole��es particulares e com a colabora��o da Lilley Fine Art, s�o apresentadas no pa�s lusitano. Entre as atra��es est�o obras originais, esculturas, instala��es, v�deos e fotografias.

Serigrafia original O amor está no ar(foto: Everything is New/Divulgação)
Serigrafia original O amor est� no ar (foto: Everything is New/Divulga��o)


Assim como a maioria dos visitantes ouvidos pela reportagem do Estado de Minas, Alexander Nachkebiya, curador da exposi��o, tamb�m bate o carimbo de g�nio para o artista de Bristol, cuja identidade ele mant�m em segredo. 

“Considero-o um g�nio, mas existem pessoas com opini�es diferentes”, declarou. Nachkebiya destaca a precis�o e a sagacidade do brit�nico. “Ele usa sua arte para abordar problemas de uma maneira que seus desenhos conseguem penetrar diretamente em nossas almas, em nossas consci�ncias. Estamos sempre muito ocupados e, frequentemente, n�o prestamos aten��o a certas coisas. Banksy nos pega pelo pesco�o e nos faz prestar aten��o. �s vezes, ele chega a ser grosseiro. Mas, de outra forma, seria muito dif�cil atrair nossa aten��o”, acrescenta o curador.

Banksy: g�nio ou v�ndalo?, como praticamente todas as exposi��es que foram dedicadas anteriormente ao brit�nico, n�o � autorizada pelo artista, cujo trabalho surge do dia para a noite nas ruas das cidades de seu pa�s e em outras capitais europeias. No Instagram, Banksy chegou a debochar da mostra: "N�o cobro para as pessoas verem a minha arte, a n�o ser que haja uma roda-gigante", escreveu ele, defendendo seu anonimato e “independ�ncia do sistema”. Exibida em Moscou, S�o Petersburgo e Madrid, a mostra j� foi vista por mais de 600 mil pessoas.

Entre as obras mais reconhecidas e admiradas da exposi��o est� a serigrafia original da s�rie Menina com bal�o, sua obra mais conhecida e cuja vers�o impressa, leiloada pela Sotheby’s no ano passado, se autodestruiu parcialmente logo ap�s o lance final, numa a��o do artista da qual a casa de leil�es afirma n�o ter tido conhecimento pr�vio. 

“O interessante � que ele est� protestando contra o mercado da arte contempor�nea, ao mesmo tempo em que � uma figura importante nesse mesmo mercado, cujas obras s�o vendidas para milhares de pessoas. E, mesmo sendo parte importante desse mercado, ele ainda se mant�m rebelde”, disse Nachkebiya.

Protestos


Anticonsumismo, Holocausto, pol�tica como forma de manipular a consci�ncia p�blica, guerra, confrontos, cr�ticas � fam�lia real brit�nica, ao capitalismo e a militares est�o escancarados nas obras de Banksy. Por�m, o “ativista” brit�nico chama a aten��o pela sutileza. “O que mais me impressiona � a sutileza de como ele retratas as coisas, como, por exemplo, as crian�as-pol�cias”, destaca a aposentada Fernanda Cardoso. 

“Na exposi��o de Banksy, vemos a realidade do mundo em que vivemos e que n�o conseguimos mudar”, acrescenta a visitante. Aos 17 anos, a estudante Mariana Santos saiu comovida da mostra em Lisboa. “Levo v�rias mensagens, mas principalmente o impacto que a arte pode ter para nos sensibilizar para quest�es do dia a dia.” Mariana, entretanto, n�o deixa de questionar a venda de suvenires ao final da mostra. “O artista se posiciona contra isso, contra o capitalismo, o consumismo”.

Conhecido principalmente como artista de rua, Banksy n�o trabalha s� nos muros. Ele tamb�m cria em tela, papel, madeira e metal, junto com serigrafias. Grandes murais seus podem ser vistos em Londres, Paris, Sidney e Nova York. 

Em seus grafites, o brit�nico (sempre) desafia a �tica, protesta contra dogmas ou at� mesmo sobre modos de viver das pessoas, com ironia e sarcasmo, como j� declarou em seus trabalhos com as ratazanas: “Elas existem sem autoriza��o. Vivem num desespero silencioso na imund�cie, e ainda assim conseguem p�r de joelhos civiliza��es inteiras. Se for uma pessoa suja, insignificante e mal-amada, as ratazanas s�o o seu modelo.”

* A jornalista viajou a convite da EDP Brasil


Tr�s perguntas para...
Alexander Nachkebiya, curador da exposi��o Bansky Pensa Al�m do Normal


A exposi��o n�o tem a autoriza��o de Banksy. Como � fazer uma mostra sem o aval do artista?
Ir�amos adorar ter a participa��o direta do Banksy em nossa exposi��o. No entanto, precisamos respeitar seu posicionamento: ele optou pelo anonimato e isso � um lado marcante da sua personalidade art�stica. O lado positivo dessa decis�o de permanecer an�nimo � que o v�u misterioso que ele criou em torno de si mesmo consegue atrair as pessoas. Estamos sempre na expectativa de conhecer seus novos trabalhos. Vejo muitas pessoas em todo o mundo tentando descobrir esse v�u para conhecer sua verdadeira identidade. Contudo, esse enigma possui um outro lado: Banksy tem que ficar dentro desse inv�lucro que ele coloca ao redor de si pr�prio, o qual n�o permite que ele participe das mostras dos seus trabalhos.

Em declara��es anteriores, o senhor considera Banksy um g�nio. A exposi��o quer mostrar o talento do artista ou deixar que os visitantes decidam sobre isso?
Mostramos sua arte �s pessoas e damos a elas a oportunidade de decidir sozinhas se ele � realmente um g�nio ou simplesmente pichador. At� hoje existem pessoas que consideram o grafite e outras formas de arte urbana atos de vandalismo. Nosso papel � informar as pessoas sobre seu trabalho. Considero o Banksy um g�nio, mas existem pessoas com opini�es diferentes.

Banksy faz duras cr�ticas ao consumismo em suas obras, mas no final da exposi��o vendem-se suvenires e outras lembran�as. Isso n�o vai na contram�o do que o artista defende?
Bansky � bem duro com o consumismo em suas obras art�sticas e nas entrevistas. Uma vez ele disse: “Direitos autorais s�o para os perdedores”. E, mesmo assim, sua empresa – Pest Control – faz o registro de direitos autorais de suas obras. Sim, ele � contra o consumismo. Mas, mesmo usando muitos de seus trabalhos, ele tentou atrair a aten��o para o problema das grandes redes de lojas que destroem os neg�cios de pequenos comerciantes. Sempre digo: Banksy � mais intenso, pensa al�m do normal. Pessoalmente, acho que seu protesto contra o consumismo n�o est� direcionado � mercadoria em si ou � ideia de vender presentes – acredito que ele quer que n�s entendamos que estamos perdendo nossa liberdade. Perdemos nossa liberdade quando tomamos decis�es, quando nossas prefer�ncias s�o impostas por algu�m...


Banksy: G�nio ou v�ndalo?
At� 27 de outubro. Cordoaria Nacional (Avenida da �ndia, 1.300-598, Lisboa). Entrada: 13 euros. Informa��es: www.banksyexhibition.pt.

• Veja v�deo sobre a exposi��o de Banksy no uai.com.br


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