Olhar atrav�s do outro e n�o se olhar para ver a si mesmo � o objetivo de Rita Clemente quando pensou no projeto Centr�o BH, que come�a nesta segunda-feira (30) e prossegue at� 25 de outubro, de segunda a sexta, das 13h �s 19h, em uma loja/galeria no Centro da capital mineira. Dentro do projeto, a atriz anuncia ainda a finaliza��o de sua pesquisa de dramaturgia – Bala perdida –, levando ao p�blico que passar pela Rua S�o Paulo trechos do espet�culo Para desencadear reviravoltas na Indon�sia, que tem estreia prevista para fevereiro de 2020. Segundo Rita, Centr�o BH � uma instala��o art�stica que tem suas bases na linguagem teatral.
Ela conta que at� 25 de outubro os trechos de Para desencadear reviravoltas na Indon�sia ser�o apresentados em tr�s atos, intitulados �peras urbanas, com atua��o, dire��o e dramaturgia da pr�pria atriz mineira. “A cada dia, o p�blico conhecer� um dos atos, com dura��o de 15 minutos cada. O ator M�rcio Monteiro integra o projeto, atuando e assinando a cria��o da trilha sonora. Al�m das apresenta��es dos atos, haver� exposi��o, que reunir� elementos dos quatro anos do processo da pesquisa Bala perdida, incluindo instala��o audiovisual e material dramat�rgico”, esclarece.
Rita Clemente explica que n�o se trata de uma experimenta��o, pois s�o dois trabalhos distintos: a exposi��o sobre Bala perdida e os trechos de Para desencadear reviravoltas na Indon�sia. “Com o Centr�o BH, finalizo a pesquisa que come�ou em 2015, fechando com a estreia do espet�culo no ano que vem. Levar o projeto para o Centro da cidade � uma forma de fazer o p�blico tamb�m se apropriar da obra. Queremos que as pessoas percebam a loja/galeria como algo que faz parte daquele universo, mesmo com sua especificidade, mesmo diante de sua diferen�a.”
A atriz ressalta que o projeto n�o � uma extens�o da rua, mas faz parte dela. “Sempre percebi que algumas pessoas que n�o v�o ao teatro pensam: 'Teatro n�o � pra mim'. N�o pretendo diminuir o valor daquilo que desenvolvo para que outras pessoas entendam, prefiro dizer que o que crio � para elas e que n�o � necess�rio entender, n�o precisa fazer prova depois, responder a question�rio. � necess�rio fruir, criar perguntas, ter curiosidade, espantar-se ou querer saber sobre, pois detestar � melhor que sair sabendo tudo sem ter sido tocado. Por isso, criamos um lugar/loja que receba a obra com dignidade e mostre ao cidad�o que por ali transita que essa obra de arte, um tanto diferente, � para ele”.
Rita lembra que o Centr�o BH surgiu de uma pergunta que ela fez a si pr�pria, quando come�ou a trabalhar a pesquisa de dramaturgia Bala perdida. “� como se um monte de gente de classes diferentes, profiss�es, vidas, estivessem entrela�adas com uma rede de acontecimentos que, a princ�pio, chamamos de acaso, inconfid�ncia. H� quem n�o acredite nas duas coisas e n�s n�o queremos dizer o que existe e o que n�o existe. Queremos s� lidar com a ideia e brincar com ela, no sentido de fazer com que ela nos proporcione uma imers�o na alma humana, que � o que nos interessa na exist�ncia.”
Ela conta que pensar na exist�ncia no dia a dia a fez criar quatro hist�rias –19h45, Ricochete, Antes do fim e a in�dita Para desencadear reviravoltas na Indon�sia. “Isto fez com que eu tratasse essas hist�rias pensando nas cidades, nas metr�poles. Embora BH tenha um ar provinciano, o Centro � de uma metr�pole, barulhento, diverso e, fundamentalmente, o que mais me interessa � essa diversidade, a diferen�a convivendo ali naqueles trajetos, em cada cal�ada, cada cruzamento, os sons que envolvem, essa ambi�ncia, essa geografia toda, tudo isso me estimulou”, revela.
A atriz afirma que sempre se perguntou quem s�o essas pessoas do Centro, quem trafega por ali. “Em minha costura dramat�rgica, tentei lidar com gente de classes e profiss�es diferentes, tentando, de alguma maneira, abarcar essa diversidade. Ent�o, agora que estou finalizando essa pesquisa, estreamos a �ltima pe�a no in�cio do ano que vem e tamb�m lan�aremos a tetralogia completa em livro, em 2020.”
ARTE POL�TICA
Rita ressalta que � uma pessoa ligada aos acontecimentos pol�ticos, econ�micos e sociais de BH e do pa�s, mas tem como premissa o exerc�cio de sua profiss�o, que acha que � t�o mais politizante, socializante, transformador, quando � arte, cria��o. “Quando elaboramos alguma coisa para que o outro possa interpretar e n�o interpretar ou falar por ele, e n�o dar aula para ele. Tenho esse compromisso assim com o meu trabalho e ofere�o isso com muita curiosidade. Quero saber como que essa loja ali, no Centr�o, vai receber essas pessoas, e como elas v�o se comportar com uma obra de arte alojada naquele local de consumo, naquele lugar efervescente no sentido comercial da palavra”, esclarece a atriz.
Rita ressalta que � uma pessoa ligada aos acontecimentos pol�ticos, econ�micos e sociais de BH e do pa�s, mas tem como premissa o exerc�cio de sua profiss�o, que acha que � t�o mais politizante, socializante, transformador, quando � arte, cria��o. “Quando elaboramos alguma coisa para que o outro possa interpretar e n�o interpretar ou falar por ele, e n�o dar aula para ele. Tenho esse compromisso assim com o meu trabalho e ofere�o isso com muita curiosidade. Quero saber como que essa loja ali, no Centr�o, vai receber essas pessoas, e como elas v�o se comportar com uma obra de arte alojada naquele local de consumo, naquele lugar efervescente no sentido comercial da palavra”, esclarece a atriz.
“Como essa obra alien�gena vai ser vista? Como vai ser fru�da pelo observador?” s�o perguntas feitas pela pr�pria atriz, cujas respostas todos saber�o somente a partir desta segunda-feira (30), quando trechos de Para desencadear reviravoltas na Indon�sia come�ar�o a ser apresentados ao p�blico que passar pelo Centro de BH.
Centr�o BH
Abertura nesta segunda (30) e prossegue at� 25 de outubro, sempre de segunda a sexta-feira, das 13h �s 19h, na loja/galeria da Rua S�o Paulo, 1.225, Centro. Os trechos do espet�culo Para desencadear reviravoltas na Indon�sia, em tr�s atos, intitulados �peras urbanas, ser�o apresentados �s segundas, quartas e sextas, sempre �s 13h15, �s 15h15 e �s 18h15. Entrada franca.