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Estado de Minas

Devasta��o da Amaz�nia � tema do novo livro de Joca Reiners Terron

No romance 'A morte e o meteoro', �ndios isolados que vivem na floresta pedem asilo pol�tico ao M�xico. 'O fato de o Brasil n�o trat�-los como seu maior tesouro me enfurece', diz o escritor


postado em 02/11/2019 04:00 / atualizado em 01/11/2019 18:09

Destruição da Amazônia é tema do novo livro de Joca Reiners Terron (foto: Piu Dip/divulgação)
Destrui��o da Amaz�nia � tema do novo livro de Joca Reiners Terron (foto: Piu Dip/divulga��o)
A Amaz�nia, devastada, n�o tem mais condi��es de abrigar os kaajapukugis, membros de uma tribo isolada e pr�xima da extin��o. Para evitar isso, eles devem ser transferidos para o M�xico, onde ser�o recebidos como refugiados pol�ticos.
 
Os preparativos da miss�o s�o acompanhados com aten��o pelo mundo, tamb�m comovido com os problemas que envolvem uma expedi��o espacial chinesa, cujo paradeiro, muitas vezes, torna-se desconhecido.
 
Apesar de refletir com precis�o problemas modernos, essa trama fict�cia surgiu antes de explodir o drama das queimadas amaz�nicas. “O primeiro cap�tulo nasceu de um conto publicado pela revista Granta”, conta seu autor, Joca Reiners Terron. “Depois, continuei a imaginar o prosseguimento da hist�ria.”

A trama resultou no romance A morte e o meteoro (Todavia), que se passa em um futuro n�o muito distante. Terron criou um ecossistema ficcional, tendo os �ndios kaajapukugi como ponto de partida. Pouco se sabe sobre eles.
 
As informa��es mais relevantes foram coletadas por um sertanista, Boaventura, cuja ambi��o em ajud�-los se confunde com a resolu��o de problemas pessoais – mistura que se revela, muitas vezes, prejudicial.

Boaventura � um dos dois pilares do romance. O outro � um colega encarregado de completar a transfer�ncia dos �ndios para o M�xico, depois da morte misteriosa do sertanista. Ambos acabam fascinados pelo clima m�stico que marca a vida dos kaajapukugis, que inclui de insetos alucin�genos � cren�a em um esp�rito do mal.

Tradutor renomado, organizador de importantes colet�neas e cole��es de literatura latino-americana Terron firma-se, a cada livro, como um s�lido ficcionista. “Foi um romance n�o planejado, ao contr�rio dos anteriores”, diz.
 
“Ele surgiu num jorro de raiva e urg�ncia causado por minha exaspera��o com a atualidade. A revista Granta me pediu um conto, cujo tema era 'futuro'. O primeiro cap�tulo � o conto que a revista publicou em abril”, revela. Ataques a popula��es ind�genas brasileiras – “estimulados pelo governo”, segundo Joca – o fizeram prosseguir.

FAKE NEWS 

Na trama, com ares de romance policial, surgem v�rias pistas falsas. Mas Joca evita compar�-las �s fake news, t�o em voga ultimamente. Consider�-las assim, acredita, seria “diminuir o mist�rio liter�rio, que tem outra ess�ncia.”
 
O papel da literatura � questionar a realidade por meio da fic��o. “Ao escritor, cabe aprofundar o mist�rio, n�o diminu�-lo. Quanto ao pol�tico, ao servidor p�blico e ao jornalista, isso n�o lhes cabe, pois se configura como crime. N�o estou certo de que existam pistas falsas na hist�ria, pois est� tudo ali, o leitor descobre o que acontece ao mesmo tempo que o narrador”, comenta Joca.

“Fake news s�o fic��es que t�m resultados bastante reais, ao contr�rio do que acontece com a literatura. Veja s� a tentativa do governo de desacreditar o trabalho do Inpe com a demiss�o do Ricardo Galv�o. � o pior exemplo daquilo que as fake news podem causar”, afirma ele, referindo-se ao imbr�glio envolvendo informa��es do Instituto de Pesquisas Espaciais sobre o desmatamento no pa�s.

Joca Reiners diz que os kaajapukugis de seu livro t�m algo dos suruwahas – comunidade que vive em quase total isolamento na floresta. “A exist�ncia de povos isolados na Amaz�nia assombra minha imagina��o. O fato de o Brasil n�o trat�-los como seu maior tesouro me entristece e enfurece”, afirma.


A MORTE E O METEORO
. De Joca Reiners Terron
. Editora Todavia
. 120 p�ginas
. R$ 49,90 e R$ 29,90 (e-book)





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