
Se na l�ngua portuguesa costumamos dizer “tirar do papel” sobre aquilo que pretendemos colocar em pr�tica ou executar, para quem se dedica � escrita o sentido se inverte. Como o caminho da criatividade que leva as palavras at� o papel nem sempre � simples, um grupo de escritores e profissionais da �rea se articulou para facilitar a vida de quem pretende materializar as ideias em publica��es. Na plataforma Vida de Escritor, a ser viabilizada via financiamento coletivo e lan�ada em breve, a proposta � auxiliar desde a produ��o dos textos at� a entrada no mercado editorial."Apesar de o mercado editorial ter parado com a pandemia e enfrentar muitas dificuldades, a quarentena fez com que muita gente esteja querendo publicar, justamente por ter passado mais tempo em casa. Quem tinha projetos antigos teve tempo para retomar e escrever. Al�m disso, novas ideias surgiram nesse per�odo"
Ana Elisa Ribeiro, poeta e professora mineira
“A ideia � ajudar outras pessoas a entrar na vida de escritor, oferecendo oficinas, palestras, mentorias e outros servi�os para uma parcela da popula��o que tem esse interesse”, sintetiza a poetisa e escritora belo-horizontina Ana Elisa Ribeiro, doutora em lingu�stica pela UFMG, professora do Cefet-MG e integrante do projeto, idealizado pelo escritor e roteirista Marne L�cio Guedes. A equipe tem um total de 17 pessoas, entre as quais autores, professores, tradutores e finalistas de pr�mios importantes, como Nelson de Oliveira, M�rcia Barbieri, F�bio Fernandes e Pet� Rissatti.
Ana Elisa Ribeiro observa que, “dos anos 2000 para c�, o independente virou a condi��o mais comum das editoras”, com muitos autores editando o pr�prio livro e depois os de outros. Para a escritora mineira, a atual facilidade ao acesso a recursos t�cnicos para a publica��o de conte�dos liter�rios torna essa produ��o mais complexa.
“Hoje s�o muitos canais, muito mais do que h� 30 anos. Mas essa sensa��o de facilidade pode tornar o cen�rio pior, no sentido de a pessoa achar que � mais f�cil do que realmente �”, argumenta. Segundo ela, “as pessoas podem fazer quase todas as etapas do processo sozinhas, mas, �s vezes, falta no��o do que � produzido. A ideia da plataforma � justamente orientar as pessoas num universo muito complexo e cheio de possibilidades”.
QUARENTENA
Ou seja, o servi�o que ser� oferecido e cobrado pelo Vida de Escritor procura encaminhar a produ��o liter�ria de quem � menos familiarizado com o setor. “� um hub de pessoas com capacidade para dar esse tipo de retorno, desde as mentorias, que ajudam a escrever o texto, a partir da interlocu��o com algu�m mais especializado que vai orientar, sugerir, at� o encaminhamento final para as editoras, com nosso conhecimento do mercado”, diz Ana Elisa, entendendo que essa necessidade cresceu na quarentena, quando mais gente teve a oportunidade de desenvolver o pr�prio trabalho liter�rio.
“Apesar de o mercado editorial ter parado com a pandemia e enfrentar muitas dificuldades, a quarentena fez com que muita gente esteja querendo publicar, justamente por ter passado mais tempo em casa. Quem tinha projetos antigos teve tempo para retomar e escrever. Al�m disso, novas ideias surgiram nesse per�odo. Antes do Vida de Escritor, muita gente me procurou pedindo ajuda e indica��o sobre diagrama��o, revis�o. Esse volume de produ��o gerou um efeito de ‘o que eu fa�o agora?'”, comenta a autora de Dicion�rio de imprecis�es, lan�ado ano passado pela editora Leme, e outras publica��es anteriores.
Ainda neste m�s dever� ser lan�ado um programa de financiamento coletivo para que o Vida de Escritor se viabilize. Quem colaborar ter� como contrapartida a inscri��o em oficinas e acesso a outros servi�os da plataforma. A previs�o � que ela esteja no ar em setembro.
