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Estado de Minas M�SICA

Negro Leo transforma em m�sica o 'Desejo de lacrar'

Em seu novo �lbum, o cantor e compositor questiona a origem do discurso que n�o d� espa�o � argumenta��o contr�ria com um am�lgama de ritmos aparentemente conflitantes


23/07/2020 04:00 - atualizado 22/07/2020 20:41

(foto: YB MUSIC/DIVULGAÇÃO)
(foto: YB MUSIC/DIVULGA��O)
Ingressar no universo musical constru�do por Negro Leo n�o � uma tarefa f�cil. Alguns amigos, segundo ele, at� comparam seus discos a um ouri�o ou a um campo minado. Ou seja, � preciso ter bastante aten��o para captar as mensagens que o artista transforma em m�sica.

Desejo de lacrar, seu novo registro de est�dio lan�ado pelos selos YB Music e QTV, corrobora essa premissa. O trabalho funciona como uma tese sobre a necessidade de se afirmar na internet e como isso se reflete nas rela��es humanas.

“N�o tive o interesse de deixar a coisa clara e tamb�m acho que n�o poderia ser assim. Esses assuntos s�o complexos mesmo”, comenta o m�sico maranhense radicado em S�o Paulo.

Criada pela comunidade LGBTQ+, a g�ria “lacrar” nasceu como sin�nimo de “arrasar”. Mais tarde, instalou-se no campo pol�tico como forma de glorificar uma argumenta��o incontest�vel, sem brecha para cr�ticas ou defeitos. Mas Negro Leo vai al�m e considera o “lacre” uma mentalidade e uma pr�tica discursiva.

“� fundamental ter em mente que j� havia um dispositivo lacrador antes do termo nascer. Ele talvez advenha das novas rela��es sociais que as tecnologias de informa��o e a internet desencadeiam. � um novo modo de vida e o lacre faz sentido nele”, aponta.

“O Brasil � um pa�s transf�bico, homof�bico e racista. A palavra 'lacrar' surge nesse contexto de invisibilidade e assume uma caracter�stica de revolta que, com o tempo, foi se tornando um discurso associado � destrui��o argumentativa do inimigo. Acredito que tenha sido nesse ponto que a ideia, o comportamento e a atitude da lacra��o emergiram em todas as esferas da sociedade brasileira.”

JUNHO 
Para Negro Leo, as chamadas Jornadas de Junho de 2013 foram o primeiro movimento social lacrador em raz�o da difus�o dos protestos, que inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte p�blico, principalmente nas principais capitais do pa�s.

“Depois, a Dilma [Rousseff] foi 'lacrada' injustamente em 2016, num movimento que capturou a forma de vida lacradora e passou a emul�-la. Da� vem Bolsonaro, que � o lacrador negativo”, analisa.

“Hoje ela se tornou uma g�ria interdita, sobre a qual n�o se pode pensar. E por que isso? Por que � imposs�vel admitir que ela carrega tamb�m a for�a disruptiva da revolta. N�o � sobre encerrar o assunto, simplesmente. Lacrar tem raiz que se origina no reconhecimento de que a justi�a � imposs�vel.”

De forma inexata e torta, todo esse conceito est� presente nas 10 faixas do trabalho, que vai do jazz ao experimentalismo eletr�nico, sempre compromissado a expandir as possibilidades dos ritmos que reproduz.

Ao longo do disco, o objeto de desejo destacado no t�tulo � usado � exaust�o, como revelam os t�tulos das faixas Eu lacrei, Absolut�ssimo lacrador e Tudo foi feito pra gente lacrar.

E muito embora ele seja fortemente firmado num conceito, o disco tamb�m guarda momentos divertidos,  como em The big one, exemplar cacof�nico e psicod�lico, e Dan�a erradassa, cujo arranjo revela uma inclina��o vanguardista na constru��o dos versos, aliados ao instrumental quebradi�o.

Para a realiza��o do �lbum, o m�sico contou com a ajuda de  F�bio S� (baixo, arranjo de cordas), Chic�o (sintetizadores, piano), Lello Bezerra (guitarra), Everton Santos (programa��o) e S�rgio Machado (bateria, percuss�o, programa��o e sintetizadores), que tamb�m assina a coprodu��o.

O resultado preserva e ao mesmo tempo perverte o que Negro Leo vinha produzindo em seus trabalhos anteriores, como em Ni�os heroes (2015), �gua batizada (2016) e Action lekking (2017).

DESEJO DE LACRAR
Negro Leo
YB Music e QTV
Dispon�vel nas plataformas digitais 


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