Disco traz 11 can��es in�ditas de Adoniran Barbosa
�lbum � fruto do empenho de Lucas Mayer, que garimpou partituras esquecidas numa editora de SP. Elza Soares, Zeca Baleiro e Francisco, El Hombre participam do projeto
�lbum resgata can��es desconhecidas de Adoniran Barbosa, �cone do samba paulista (foto: Acervo Adoniran Barbosa)
A hist�ria do �lbum Onze, que ser� lan�ado nesta quinta-feira (6), � t�o boa quanto o resultado. Onze can��es in�ditas de Adoniran Barbosa (1910-1982) v�m � tona no Spotify em grava��es realizadas durante a quarentena no dia em que o ator, cantor, radialista e compositor completaria 110 anos.
Autor da trilha sonora do curta D� licen�a de contar (2015) – filme baseado nas letras do compositor de Trem das onze, Saudosa maloca e Tiro ao �lvaro, com Paulo Miklos interpretando o pr�prio Adoniran –, o produtor e m�sico Lucas Mayer, da DaHouse �udio, sabia, desde aquela �poca, da exist�ncia de m�sicas nunca gravadas e esquecidas do sambista paulista.
CORISCO
O material estava guardado na Corisco, antiga editora paulistana. Com o projeto engavetado, no in�cio da pandemia, Mayer, em parceria com o selo Coala.Lab, conseguiu que ele fosse patrocinado pela marca de cerveja Eisenbahn. Teve poucos meses para analisar partituras e letras e reunir um time – Zeca Baleiro, Elza Soares, Francisco, El Hombre, Lu� e Z� Ibarra est�o entre os int�rpretes – para gravar, remotamente, cada m�sica.
“Foi um trabalho de garimpo, pois ao ler as partituras, tinha que ver como a letra encaixava com as notas. Foram enviadas 13 m�sicas, mas duas t�m partituras ileg�veis. Ent�o ficamos com 11”, conta ele. As can��es foram compostas de 1961 a 1980. Uma vez decifrado o material, Mayer criou uma guia e com um grupo de pessoas definiu quem ia cantar o qu�.
Onze come�ou a ser gravado em 14 de junho. Mayer convidou alguns instrumentistas para criar as bases – o baixista Meno Del Picchia, o violonista Gabriel Selvage, o percussionista Kab� Pinheiro e o cavaquinista Ricardo Perito. Cada um fez o registro em sua pr�pria casa.
“Quase todos j� tinham est�dio. Mas no caso do Kab�, por exemplo, tivemos de montar um na casa dele. Foram v�rios telefonemas para desenvolver a melhor ac�stica para o local”, conta o produtor.
A dist�ncia, via Skype ou Zoom, Mayer dirigiu as grava��es. Bases prontas, chegou a vez de trabalhar a melhor maneira de os int�rpretes registrarem suas vozes. “Tivemos dificuldade em definir o timbre da voz e montar os microfones para registrar da melhor forma. O Rubel (que gravou Bolso de fora) est� em B�zios. Ele usou um microfone RE20, que o Stevie Wonder usou muito nos anos 1970. J� que estava na beira da praia, ficamos com medo de pegar o chiado de mar. Escolhi um microfone que tem poucos agudos, n�o capta muito as notas altas.”
Os kits de grava��o foram enviados para cada artista. Illy, que registrou Como era bom, est� em Salvador. Foi dif�cil conseguir alugar o microfone adequado. J� Elza Soares, que colocou seu vozeir�o � prova em Vaso quebrado, gravou no seu quarto, no Rio de Janeiro. Juliana Strassacapa, vocalista do Francisco, El Hombre, teve de ir para dentro do arm�rio de casa para conseguir a ac�stica necess�ria para Bebemorando.
Al�m dos m�sicos respons�veis pelas bases, as faixas contaram com outros instrumentistas, de acordo com o desejo de cada int�rprete. Tuco Marcondes, m�sico da banda de Zeca Baleiro, gravou mandolin (uma esp�cie de bandolim americano) e gaita em Bares da vida. Cantor e compositor recifense, Barro incluiu viola caipira (a cargo de Hugo Lins) em Debaixo da ponte, para dar uma onda mais nordestina ao registro.
FRONTEIRAS
Ainda que Adoniran Barbosa seja um dos maiores s�mbolos do samba paulistano, sua obra, h� muito, extrapolou as fronteiras de seu estado natal.
Onze, que apresenta o compositor para um novo p�blico, � prova disso. A banda Francisco, El Hombre, por exemplo, colocou Adoniran em ritmo de cumbia. “Como � um ritmo de (compasso) 2 por 4, como o samba, foi f�cil um conversar com o outro”, finaliza Mayer.