Profissional aplicado, competente e �tima pessoa. � assim que os amigos definem Breno Braga ou Tio Wilson (1985-2020), como se tornou conhecido o baterista da banda Lagum. O m�sico teve uma parada cardiorrespirat�ria no s�bado (12), durante o intervalo entre dois shows do grupo em um drive-in montado no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH. No palco pela primeira vez desde o in�cio da pandemia, a Lagum foi contratada para se apresentar �s 21h e �s 23h, no evento Go Dream, no estacionamento da Faculdade Milton Campos.
Entretanto, o segundo show foi interrompido pela morte de Tio Wilson. Antes de entrar em definitivo para a Lagum, o baterista chegou a tocar com v�rios m�sicos e fez parte de bandas como Na moral, Circular 01 e Gabi Mello & Banda. De acordo com o guitarrista e amigo Pedro Cassini, integrante do Jota Quest, o apelido Tio Wilson surgiu porque ele havia tocado em um grupo que tinha esse nome.
Cassini lembra que, em 2008, fazia parte da Circular 01. “Na �poca, a banda ganhou um concurso para se apresentar no palco principal Pop Rock Brasil daquele ano, realizado no Mega Space. Tio Wilson ainda n�o era um dos nossos integrantes, por�m coincidiu que est�vamos � procura de um baterista e o convidamos para tocar conosco.”
O guitarrista lembra que Tio Wilson era um instrumentista aplicado e competente. “Ele entrou para tocar naquele show do Pop Rock e ficou. A partir dali, integrou o grupo por alguns anos at� o seu t�rmino. Com o encerramento da Circular 01, continuei dando sequ�ncia � minha carreira e passei a atuar como instrumentista contratado, chegando a tocar em v�rios grupos.”
Cassini conta que Tio Wilson n�o seguiu o seu rumo, pois queria tocar em uma banda autoral. “Posteriormente, eu e um amigo em comum, o baixista Adriano Aquino, passamos a tocar em v�rios grupos. Como toc�vamos com muita gente, sempre d�vamos um jeito de convid�-lo, embora ele n�o tivesse essa vontade de se tornar um sideman (m�sico contratado). Sua vontade era ser um pop star.”
O m�sico lembra que tanto ele quanto Adriano chegaram a tocar in�meras vezes com Tio Wilson. “Posteriormente, eu, Adriano e Pedro Peixoto nos tornamos s�cios de um est�dio no qual a Lagum foi um dos primeiros clientes. A banda foi at� l� gravar o primeiro disco e estava precisando de um baterista e n�s indicamos Tio Wilson. Como o grupo foi dando certo, ele permaneceu at� o �ltimo dia de sua vida.”
NA MORAL
O guitarrista conta que os dois sempre foram grandes amigos. “Ele at� foi meu padrinho de casamento. Depois, fui tocar com a dupla Vitor & L�o e, posteriormente, com o Jota Quest. Tio Wilson continuou na Lagum, mas nos encontr�vamos pelos palcos da vida. Ele sempre esteve presente na minha vida de m�sico e eu tamb�m na dele. Era meu irm�o de verdade, uma pessoa do bem. Nunca o vi brigar ou discutir com algu�m. Era bem-humorado, um cara da paz, conciliador. Nunca o vi falar mal de algu�m e nem o contr�rio. Tinha sempre um pensamento positivo. Cada um seguiu o seu caminho, mas sempre preservamos a nossa amizade”.
Adriano Aquino lembra que conheceu Tio Wilson em 2007. “Na �poca, eu tinha uma banda que se chamava Na Moral e o nosso baterista se mudou para o Canad�. Est�vamos em reuni�o em um est�dio e havia uma banda ensaiando l�, que se chamava Jamblock. Alguns integrantes eram nossos amigos e o baterista era exatamente o Breno. Conversamos com ele e o convidamos para tocar conosco. Ele aceitou, alegando que poderia tocar nas duas sem problema, desde que as datas n�o batessem.”
O baixista lembra como surgiu o apelido de Breno. “Como ele havia nos dito que Tio Wilson era o nome da primeira banda em que havia tocado, falamos: ‘A partir de agora voc� ser� sempre o Tio Wilson’. E assim ficou. Tocamos juntos na banda de 2008 at� 2014.”
Adriano lembra que sempre indicou Tio Wilson para tocar nas bandas nas quais se apresentava. “Em 2014, ele chegou a ficar um ano sem tocar, mas passei a fazer parte da banda da Gabi Mello. E como o baterista saiu, o indiquei � Gabi para entrar para o grupo. Ela aprovou e o convidou. Ele ficou na banda de Gabi at� aparecer a Lagum.”
TATUAGENS
Gabi Mello conta que Tio Wilson era muito querido. “Acabamos nos tornamos grandes amigos e nossas fam�lias se tornaram uma s�. Em 2016, lancei o disco Pra j� e tocamos muito juntos. Ele sempre me agradecia e chegou a tatuar no bra�o um rel�gio que marcava 2h50, o nome de uma das minhas m�sicas. Dizia que foi a can��o que mais o marcou. Tatuou tamb�m o nome de outras bandas nas quais tinha tocado, como a Circular 01, Tio Wilson e Lagum. S� faltou a Na moral, que, infelizmente, n�o deu tempo de tatuar. Dizia que era eu quem tinha feito ele voltar para a m�sica, porque na �poca havia ficado sem tocar durante um ano, voltando aos palcos com a minha banda.”
A cantora relembra que, para Tio Wilson, a Lagum era um grande projeto e que o interessava muito por ser uma banda autoral. “Ele trabalhou comigo de 2014 at� 2017. Na verdade, nunca saiu, pois continuou tocando nas duas bandas at� onde deu. S� que a Lagum foi crescendo e chegou num momento que n�o foi mais poss�vel continuar se apresentando com as duas. Mas ele nunca disse ‘Gabi, vou sair da banda’. Tio Wilson era um anjo e est� muito dif�cil entender o que houve. Ele vivia a gratid�o, no sentido real da palavra. Era uma pessoa que nunca discutia com algu�m. Era muito especial, al�m de um �timo profissional.”