
Fechados desde mar�o passado, teatros, cinemas e casas de espet�culo ganharam, na �ltima sexta-feira (16), uma data para reabrir em BH. A publica��o no Di�rio Oficial do Munic�pio definiu o pr�ximo 31 como o dia em que esses estabelecimentos estar�o autorizados a receber o p�blico novamente.
Apesar de p�r fim a uma longa espera pela reabertura, a medida de flexibiliza��o n�o deve significar, de imediato, o reencontro entre artistas e seu p�blico.
A publica��o do executivo municipal na sexta-feira n�o trouxe um protocolo sanit�rio definido para o funcionamento desses espa�os. Por�m, a Prefeitura de BH disponibiliza em seu portal uma proposta que recomenda capacidade m�xima de ocupa��o limitada a 50% dos assentos, al�m de outras medidas, como escalonamento da sa�da por fileiras, uso de m�scara e venda de ingressos para assentos sem distanciamento somente para grupos de at� quatro pessoas, desde que os ingressos sejam adquiridos por um mesmo indiv�duo.
As recomenda��es tamb�m miram equipes t�cnicas e art�sticas, propondo, por exemplo, proibi��o de contato entre artistas e p�blico, como os tradicionais cumprimentos no palco, e controle de uso dos camarins, com medidas de distanciamento.
"A gente tem uma conversa com produtores, mas s�o conversas muito iniciais, porque n�o temos data efetiva de abertura do teatro. Temos algumas demandas, j� estudadas, sobre equil�brio financeiro, e do ponto de vista da programa��o interna, dos corpos art�sticos da funda��o, ainda estamos com eles em teletrabalho, pela complexidade das atividades"
Eliane Parreiras, presidente da Funda��o Cl�vis Salgado
No caso das equipes t�cnicas, os cronogramas e o n�mero de profissionais presentes em cada espet�culo tamb�m dever�o ser revistos e adequados. Fatores que podem afetar diretamente no custo e na log�stica das montagens c�nicas, o que ainda � avaliado cuidadosamente pelo setor.
Alguns espa�os ainda trabalham na adequa��o de suas estruturas, para s� ent�o planejar a efetiva volta dos espet�culos. "Estamos dedicados aos preparativos, para que isso ocorra o mais breve poss�vel. Neste momento, a dedica��o � para que espa�os estejam aptos, com condi��es de trabalho e seguran�a para p�blico, artistas e tamb�m com os funcion�rios", afirma Aline Vila Real, diretora de Promo��o das Artes da Funda��o Municipal de Cultura, sobre os teatros de administra��o municipal, como o Mar�lia, o Francisco Nunes e o Raul Bel�m Machado, que passam por essa fase de adapta��o.
"Estamos retomando as conversas com o setor. Acabamos de ter um edital importante, o Cena Plural, e outro do Fundo Municipal de Cultura. Tudo isso gera novas produ��es art�sticas. A maioria dessas atividades est� prevista para ocorrer virtualmente, mas elas precisar�o de produ��o, ent�o estamos come�ando a trabalhar para disponibilizar os espa�os para elas"
Aline Vila Real, diretora de Promo��o das Artes da Funda��o Municipal de Cultura
PROTOCOLOS
Situa��o semelhante se verifica no Pal�cio das Artes, equipamento estadual, que est� "acabando de compatibilizar protocolos, com governo do estado e munic�pio, e preparando a implanta��o", segundo a presidente da Funda��o Cl�vis Salgado, Eliane Parreiras.
O Pal�cio das Artes j� havia estruturado a reabertura de suas galerias de arte dentro das normas exigidas. Por�m, para as salas de espet�culos, Grande Teatro e Cine Humberto Mauro, o processo ainda n�o est� conclu�do.
"J� fizemos a estrutura��o das galerias e �reas comuns e agora estamos preparando o restante da sinaliza��o relacionada aos teatros e cinema. Estamos fechando quest�es de natureza mais burocr�tica, mas de impacto direto no desenho dos espa�os, como tabela de pre�os, que ter� que ser novamente estudada pela limita��o da capacidade, reorganizando bilheteria e bloqueio de cadeiras para respeitar o volume de capacidade apresentada pelo protocolo da PBH, de 50% da ocupa��o", diz Parreiras. Ela comenta que a nova organiza��o ainda ter� que ser levada para o sistema eletr�nico de ingressos, para controle dos assentos.
Mesmo com os esfor�os citados, a presidente da Funda��o Cl�vis Salgado n�o acredita que haja alguma opera��o com p�blico t�o rapidamente, pois "dependem tamb�m de produ��es externas". Al�m disso, o protocolo para retorno das atividades presenciais dos corpos art�sticos do Pal�cio ainda est� em desenvolvimento.
"A gente tem uma conversa com produtores, mas s�o conversas muito iniciais, porque n�o temos data efetiva de abertura do teatro e estamos fazendo junto com a Secult (Secretaria de Estado de Cultura e Turismo). Temos algumas demandas, j� estudadas, sobre equil�brio financeiro, e do ponto de vista da programa��o interna, dos corpos art�sticos da Funda��o, ainda estamos com eles em teletrabalho pela complexidade das atividades", diz a presidente.
"Tudo est� sendo negociado. Primeiros contatos j� foram feitos e ser� um per�odo de transi��o, para vermos a aceita��o do p�blico, a viabilidade com capacidade reduzida e qual ser� a possibilidade financeira disso para quem n�o tem patroc�nio. Mas, no que toca nossas produ��es, nossa ideia � que j� tenhamos espet�culos presenciais ainda neste ano"
Andr� Rubi�o, diretor do Centro Cultural Minas T�nis Clube
CONVERSAS
No caso da Funda��o Municipal de Cultura, Aline Vila Real comenta que os teatros municipais podem voltar a abrigar atividades art�sticas em breve, mas n�o necessariamente com o p�blico. "Estamos retomando as conversas com o setor. Acabamos de ter um edital importante, o Cena Plural, e outro do Fundo Municipal de Cultura. Tudo isso gera novas produ��es art�sticas. A maioria dessas atividades est� prevista para ocorrer virtualmente, mas elas precisar�o de produ��o, ent�o estamos come�ando a trabalhar para disponibilizar os espa�os para elas", afirma.
A diretora tamb�m revela um planejamento com vistas � realiza��o da Campanha de Populariza��o do Teatro e da Dan�a, prevista para o in�cio do ano que vem. "Estamos trabalhando tamb�m para o primeiro trimestre (de 2021), pensando na Campanha. Antes, n�o t�nhamos nenhuma garantia ou previs�o. Hoje temos, mas depende de uma observa��o de como a cidade vai se comportar at� o fim do ano. Estamos em constante troca de informa��es com o comit� de sa�de da Prefeitura e n�o h� uma programa��o ainda. O que posso garantir � que estamos mobilizados na prepara��o desses espa�os", afirma Vila Real.
A cautela em rela��o � reabertura faz o Centro Cultural Minas T�nis Clube entender o novo momento como uma fase de transi��o. Segundo o diretor Andr� Rubi�o, o teatro local n�o ter� dificuldades para se adequar aos protocolos sanit�rios para recebimento do p�blico pela expertise adquirida pela equipe na reabertura do clube social, h� um m�s.
No entanto, ainda n�o h� grandes defini��es em rela��o � programa��o. "Tudo est� sendo negociado. Primeiros contatos j� foram feitos e ser� um per�odo de transi��o, para vermos a aceita��o do p�blico, a viabilidade com capacidade reduzida e qual ser� a possibilidade financeira disso para quem n�o tem patroc�nio. Mas, no que toca nossas produ��es, nossa ideia � que j� tenhamos espet�culos presenciais ainda neste ano", afirma.
Um deles pode ser o retorno da S�rie de Concertos do Minas T�nis Clube. Rubi�o diz que um concerto dever� ser realizado at� dezembro, mas que as condi��es ainda s�o discutidas internamente. "Seria um retorno para n�o passar o ano em branco, mas ainda estamos trabalhando quem vir� e como ser�. Possivelmente algu�m local", diz.
"Todo mundo com a vida destro�ada, sem pagar aluguel, devendo contas de �gua e luz, sem estrutura. Temos a Lei Aldir Blanc, que, por uma s�rie de injun��es, saiu s� agora no estado. Sem que as pessoas possam realmente receber esses recursos emergenciais, n�o h� condi��o de voltar ao trabalho agora"
Magdalena Rodrigues, presidente do Sated
ON-LINE
A certeza, por enquanto, se resume aos bons resultados das transmiss�es on-line, que devem continuar sendo realizadas pelo Centro Cultural MTC, mesmo com o retorno do p�blico autorizado. "� tudo muito recente. Manter o on-line � uma ideia. A pandemia foi um aprendizado sobre o potencial desse formato que atrai muito p�blico de fora. A live 4 Irm�os (com Fl�vio e Cl�udio Venturini, L� e Telo Borges) teve 60 mil acessos na transmiss�o. Estamos comprando equipamento, e a tend�ncia � que exploremos isso ainda mais", afirma Rubi�o.
Alexandre de Sena, um dos coordenadores do Teatro Espanca!, refer�ncia para a cena independente na capital mineira, disse que ainda est� tentando compreender as possibilidades e que o grupo respons�vel pelo espa�o s� se pronunciar� ap�s reuni�o, j� que o teatro estava fechado e n�o trabalhava com a possibilidade de reabertura para p�blico no momento.
Se para os teatros a situa��o n�o � das mais f�ceis, mesmo com essa nova possibilidade, para os artistas o cen�rio pode ser ainda mais complicado.
Magdalena Rodrigues, atriz e presidente do Sindicato dos Artistas e T�cnicos em Espet�culos de Divers�es do Estado de Minas Gerais (SATED/MG) enfatiza que "muitos artistas est�o empobrecidos, sem nenhuma condi��o de produzir nada agora". Segundo ela, depois de tantos meses de incertezas, falta de receitas e suspens�o das atividades que demandam aglomera��es, como � pr�prio do teatro, o momento � de tentar se reestruturar, via programas emergenciais, para s� depois pensar na volta aos palcos.
"Todo mundo com a vida destro�ada, sem pagar aluguel, devendo contas de �gua e luz, sem estrutura. Temos a Lei Aldir Blanc, que, por uma s�rie de injun��es, saiu s� agora no estado. Sem que as pessoas possam realmente receber esses recursos emergenciais, n�o h� condi��o de voltar ao trabalho agora", afirma Magdalena.
Ela cita outro aspecto que pode dificultar a volta das plateias. "Tamb�m precisamos saber se o p�blico ter� a confian�a necess�ria para voltar �s salas de espet�culo, se elas ter�o condi��es de cumprir os protocolos. Em 15 dias n�o h� como preparar nada sem dinheiro, a n�o ser o que j� estava pronto antes."
CCBB-BH SEM PREVIS�O
O Banco do Brasil divulgou na semana passada o resultado de seu edital de patroc�nio Centro Cultural Banco do Brasil 2021/2022. Foram selecionados 138 projetos, que poder�o compor a programa��o das unidades do CCBB em Belo Horizonte, Bras�lia, Rio de Janeiro e S�o Paulo nos pr�ximos dois anos. Desse total, 41 s�o de artes c�nicas, 34 de cinema, 22 exposi��es, 15 de ideias, 21 de m�sica e cinco do programa educativo. Procurado pela reportagem, o CCBB-BH informou que ainda est� em fase de verifica��o e adequa��o aos novos protocolos sanit�rios e n�o tem previs�o de reabertura do espa�o e agenda estabelecida para eventos presenciais neste ano. No resultado do edital consta a aprova��o dos projetos mineiros A margem da vida (artes c�nicas), Encontro das �guas, Encontro do viol�o brasileiro, Tributo a Luiz Bonf� por Juarez Moreira, P�rolas de Minas (m�sica), Yara Tupynamb� - 70 anos de carreira (exposi��o). A lista completa de selecionados est� disponivel em www.bb.com.br/patrocinios.
(Frederico Gandra, estagi�rio sob a supervis�o da editora Silvana Arantes)