
Acostumado a rodar o mundo para mostrar ao p�blico os avan�os da sociedade global, o especialista em tecnologia Ronaldo Lemos viveu uma experi�ncia totalmente diferente para apresentar a quarta temporada do Expresso futuro, que estreia nesta segunda-feira (19), no Canal Futura. Isolado em uma bela casa, na Serra da Mantiqueira, ele conversou, a dist�ncia, com personalidades de v�rias �reas para tentar explicar quest�es relacionadas �s mudan�as que a pandemia do novo coronav�rus poder�o provocar em nossas vidas.
Em oito epis�dios, de aproximadamente 30 minutos cada um, o advogado e diretor do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) participa de conversas sobre o futuro das rela��es de trabalho, das atividades culturais, do meio ambiente, da globaliza��o e das organiza��es sociais.
A lista de entrevistados inclui o escritor de fic��o cient�fica chin�s Liu Cixin; o professor Jeffrey Sachs, especialista em meio ambiente e globaliza��o; Stephen Wolfram, criador da plataforma de intelig�ncia artificial Wolfram-Alpha; Gideon Lichfield, editor da revista MIT Technology Review; a professora transg�nero Sasha Constanza-Schock, tamb�m do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Lemos ainda conversa com os brasileiros Kondzilla, produtor musical com mais de 1 bilh�o de visualiza��es no YouTube; Celso Athayde, empres�rio e fundador da CUFA (Central �nica das Favelas); a economista Laura Carvalho; a cientista da computa��o Nina da Hora; a urbanista Tain� de Paula e a influenciadora digital Camila Coutinho.
REFLEX�O
As grava��es come�aram em abril e foram conclu�das neste m�s. “Enxergarmos que havia necessidade de discutir o que acontecia neste momento e fazer uma reflex�o enquanto estava acontecendo”, afirma. A adapta��o do formato para as condi��es impostas pela pandemia j� originou as primeiras respostas, que guiaram o desenrolar da produ��o.
“Chegamos � conclus�o de que o mundo desacelerou, do ponto de vista de integra��o global f�sica, mas essa integra��o global permaneceu do ponto de vista virtual. �amos gravando o programa e not�vamos que pessoas estavam em situa��es semelhantes, de isolamento, e, ao mesmo tempo, essa pequena parcela da popula��o mundial que pode trabalhar conectada estava mais conectada do que nunca. N�o havia fluxo de corpos, mas o fluxo de ideias e de trocas permanecia”, diz o apresentador.
Segundo Lemos, “um aprendizado da pandemia � que, para pensar o futuro, a gente precisa sair das categorias tradicionais”. Ele diz ainda que “n�o houve um economista capaz de prever, no fim de 2019, que o ano de 2020 seria um desastre econ�mico. N�o havia uma proje��o nesse sentido, nenhum banco foi capaz de fazer essa previs�o. Isso significa que os modelos que utilizamos para prever o que vamos fazer no futuro est�o muito pobres. Por isso � importante conversar com gente da filosofia, cultura, urbanistas, soci�logos, e os diversos tipos de forma��o. Somente com uma vis�o mais ampla conseguimos planejar o futuro”, argumenta.
Logo no primeiro epis�dio ele explora um tema que reaparece nos outros cap�tulos: a desigualdade social. “Percebemos o quanto o mundo � desigual e o quanto um pa�s como o Brasil enfrenta desafios de desigualdade profundos. Enquanto muita gente passou a quarentena, como eu, numa casa bem estruturada, a maior parte no Brasil enfrentou condi��es de grande dificuldade, casas prec�rias, falta hist�rica de saneamento, de recursos e apoio, tornando o problema da desigualdade ainda mais central”, diz ele, no in�cio do epis�dio. E acrescenta: “No mundo que nos espera, n�o � poss�vel viver com essa desigualdade".
Ao longo do epis�dio � explicado como a tecnologia pode ajudar nesse contexto, a gravidade da inefic�cia dos programas governamentais de cadastramento de dados da popula��o com vistas a programas sociais e os impactos desse problema em rela��o � pandemia. Em entrevistas registradas por videochamada, participam Jeffrey Sachs, Laura Carvalho e Celso Athayde.
O apresentador afirma que “o recado que o Expresso futuro sempre d�, desde suas primeiras temporadas, � que o futuro n�o chega, ele precisa ser constru�do. Esse � o objetivo da s�rie como um todo. � uma busca das pessoas pelo conhecimento necess�rio para construir esse futuro”.