
“Justamente depois do carnaval, com as coisas come�ando a engatar, veio a decreta��o da pandemia. Dias antes do decreto, alguns shows j� come�avam a cair. Em 15 dias, caiu tudo que t�nhamos”, relembra. “De todas as datas, s� o Ita� Cultural honrou o cach�. Assinamos um aditivo para fazer o show quando pudermos. Ningu�m honrou cach�, a entrada de grana foi para o saco.”
Em situa��es tensas assim, Amanda tenta ser equilibrada e n�o perder as estribeiras. Mas ela come�ou a ficar aflita por n�o saber quando voltaria a trabalhar com o que ama, a m�sica. O desespero em rela��o � quest�o financeira bateu ao imaginar como ficariam os colegas da �rea t�cnica. “Vivemos no perrengue, mas essa galera enfrenta perrengues piores. Eles realmente vendem o almo�o para comprar a janta”, afirma.
Muito antes de ter plano B e constatando a in�rcia do poder p�blico em rela��o ao setor, Amanda procurou um jeito de ser �til ao meio musical naquele momento t�o delicado. Colabora��o dada, percebeu que havia chegado a hora de se mexer para n�o pirar dentro de casa, onde cumpria rigorosamente o isolamento social.
O caminho veio da cozinha. “Fa�o minha comida, gosto de bolo, mas nunca havia feito p�o na vida. Resolvi fazer p�o”, conta. Os primeiros passos vieram com a ajuda de tutoriais no YouTube. Foi ent�o que ela descobriu a fermenta��o natural. “Achei magn�fico, complexo, lindo, mas muito dif�cil. Apanhei muito.”
Mesmo assim, n�o desistiu. Quanto maior o desafio, mais ela estudava. “Os primeiros p�es com uma cara legal sa�ram em agosto. Demorou e eu resistia a vend�-los, n�o me achava pronta. Em setembro, a ficha caiu. Todas as fontes de m�sica secaram”, diz a produtora, que participou de lives e shows organizados pelo Sesc S�o Paulo.
De l� para c�, a Absurda Padaria Artesanal (@absurdapadaria) � um sucesso. Amanda, que mora em S�o Caetano, no ABC Paulista, reserva de um a dois dias s� para atender pedidos que chegam de S�o Paulo.
A produtora cultural garante que n�o vai trocar a m�sica pela padaria artesanal, mas agora tem outro of�cio. “Aprendi um novo caminho, que me d� prazer e dinheiro. Trabalho muito mais para ganhar um ter�o do que ganhava antes. N�o estou falando em tom de reclama��o, melhor isso do que ficar sem receber R$ 1.”
Ao comentar o futuro nesta era da pandemia, Amanda prev� um cen�rio complicado. “Estamos atrasados em rela��o ao mundo, n�o sabemos quando chegar�o os insumos por conta da inabilidade diplom�tica com a China. O governo, por absoluta incompet�ncia e um projeto genocida, n�o comprou vacina”, critica. E garante: “2022 ser� um ano muito dif�cil. Tenho a consci�ncia de que ainda vou amassar muito p�o.”