N�o � de hoje que a internet � usada como ferramenta para produ��o e divulga��o de obras musicais. Na rede de computadores, � poss�vel colocar trabalhos de qualquer natureza, como os de um garoto de 14 anos com aspira��es art�sticas s�rias e talento de sobra. Esse � o caso do mineiro Kaike.
Nascido em Nova Lima e morando em Belo Horizonte, ele come�ou a chamar a aten��o quando lan�ou, no final do ano passado, sua primeira m�sica, Lojinha do Z�. Desde ent�o, o cantor e compositor liberou outras duas can��es que o colocam no time das apostas da m�sica mineira.
E a hist�ria dele segue o roteiro cl�ssico da ascens�o de artistas que surgiram virtualmente. Kaike come�ou publicando covers no YouTube. Pouco tempo depois, ganhou a aten��o da cantora pernambucana Duda Beat, que compartilhou o v�deo nas redes sociais e fez crescer o n�mero de seguidores do mineiro. Um deles era uma produtora de Bras�lia, que apresentou Kaike a Clara Borges.

''Ela entrou em contato comigo dizendo que queria investir em mim. Me perguntou se eu tinha algumas m�sicas, e eu enviei algumas letras para ela dar uma olhada. Conversei com meus pais, e eles apoiaram. Depois disso, a Clara montou uma equipe linda, e a gente come�ou a colocar o projeto em pr�tica'', conta ele.
Em agosto de 2020, Kaike viajou para Bras�lia, onde gravou uma s�rie de m�sicas, al�m dos clipes que servem de apoio para a divulga��o de cada uma. Ao longo de uma semana, tomando os devidos cuidados que a pandemia da COVID-19 requer, ele trabalhou em singles, alguns j� lan�ados e outros ainda na fila de divulga��o.
Lojinha do Z� saiu em outubro passado. Nela, o cantor j� demonstrava talento para a composi��o, mesmo num estilo exigente como o da m�sica pop e rom�ntica. A qualidade se manteve em Crime, que saiu em novembro. Ambas flertam com diferentes ritmos e partem de uma base eletr�nica bastante comum no pop alternativo brasileiro.
Mas a m�sica que efetivamente promete ser o hit de Kaike � a rec�m-lan�ada Rosa. Com uma mistura de samba, MPB e pop, a faixa produzida por Igor Suarez, assim como as demais, � cheia de suingue e versa sobre o amor.
� curioso pensar que um garoto de apenas 14 anos tenha o h�bito de escrever sobre esse assunto. ''Eu me inspiro muito no que est� acontecendo � minha volta. Observo muito os meus colegas de escola que sofrem por amor, mas, em geral, essas letras nascem da minha imagina��o sobre um casal que eu crio na minha cabe�a'', conta.

''Sempre que eu componho a m�sica para esse 'casal', eu tamb�m crio a hist�ria deles na minha mente e, a partir disso, eu vou criando. J� compus um �lbum s� sobre esse casal imagin�rio. A minha imagina��o flui muito nesse momento da composi��o. Quando eu tento compor uma letra que n�o fala de amor, acaba que eu n�o me vejo nela'', comenta.
Como refer�ncias, ele cita artistas como a colombiana Kali Uchis e o norte-americano Tyler, the Creator, al�m de artistas brasileiros, como a pr�pria Duda Beat, Jaloo, J�o e o rapper mineiro Djonga.
Outra caracter�stica marcante do trabalho de Kaike � a concep��o visual. Para cada m�sica, ele lan�ou um clipe. Os de Lojinha do Z� e Rosa foram dirigidos por Pedro Lemos, enquanto Crime foi concebido e dirigido pelo pr�prio artista, em casa.
''Para mim, essa � a parte mais divertida do lan�amento e eu opino em todos os processos da produ��o. Acho muito importante ter o meu dedo em tudo, porque o trabalho � meu, tem o meu nome'', pondera.
Para quem antes cantava e dan�ava somente na igreja e em festivais na escola, Kaike vivencia um salto grande numa carreira ainda em constru��o. Ligado � dan�a e � m�sica – o que n�o � uma influ�ncia direta da fam�lia –, ele conta que sempre gostou de escrever poemas, mas s� recentemente se deu conta de que os versos tamb�m poderiam ser musicados.
''As professoras sempre diziam o quanto eu escrevia bem. Para os saraus na escola, elas me chamavam para produzir e declamar os meus poemas'', conta.
"Eu me inspiro muito no que est� acontecendo � minha volta. Observo muito os meus colegas de escola que sofrem por amor, mas, em geral, essas letras nascem da minha imagina��o sobre um casal que eu crio na minha cabe�a"
Em virtude da pandemia do novo coronav�rus, ele n�o teve aulas presenciais ao longo de 2020, o que lhe deu mais tempo para se dedicar ao trabalho musical. Ainda assim, ele diz que sempre foi bom aluno e conseguiu conciliar o hor�rio que tinha para fazer as tarefas e estudar com o tempo reservado para compor.
Apesar de pertencer a uma gera��o que consome m�sica de uma maneira diferente, Kaike tem vontade de lan�ar um �lbum completo ou um EP. ''Quando eu componho, eu j� penso no disco. Ent�o sonho demais em poder produzir um'', afirma.
Por ora, ele se contenta com os singles. O pr�ximo chega �s plataformas digitais em 11 de fevereiro.
A despeito da pouca idade, Kaike se mostra determinado em seguir a carreira art�stica e j� conta com o apoio da fam�lia. ''Quero continuar nisso que eu estou fazendo e aprender cada dia mais. Me encher de arte. E quem sabe um dia fazer uma apresenta��o na TV, na MTV ou no Multishow''.
"Quero continuar nisso que eu estou fazendo e aprender cada dia mais. Me encher de arte. E quem sabe um dia fazer uma apresenta��o na TV, na MTV ou no Multishow"
Kaike, cantor e compositor
O sonho, que parece cada vez menos distante, tamb�m inclui apresenta��es ao vivo, coisa que o artista nunca fez, j� que estreou num momento em que os shows com p�blico est�o suspensos. ''J� sei exatamente como ele vai ser'', afirma. E essa � outra hist�ria que Kaike constr�i em sua mente com grande potencial para se tornar realidade.
