(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CINEMA

Longa da Guatemala, 'La llorona' briga pelo Oscar e o Globo de Ouro

Militarismo, viol�ncia, machismo, intoler�ncia, desprezo por pobres e �ndios s�o temas abordados pelo diretor Jayro Bustamente no filme


14/02/2021 04:00 - atualizado 14/02/2021 07:58

María Mercedes Coroy é Alma, mulher assassinada num conflito armado que volta ao mundo para assombrar os vivos(foto: La Casa de Production/divulgação)
Mar�a Mercedes Coroy � Alma, mulher assassinada num conflito armado que volta ao mundo para assombrar os vivos (foto: La Casa de Production/divulga��o)

Embora Druk – Mais uma rodada (Another round), do dinamarqu�s Thomas Vinterberg, seja o favorito ao Globo de Ouro de melhor filme em l�ngua estrangeira, chegando ao Brasil em 25 de mar�o, o pr�mio dado anualmente pela Associa��o de Imprensa Estrangeira de Hollywood tem chances de vir para a Am�rica Latina, via Guatemala, gra�as � pot�ncia tr�gica de La Llorona.

Candidatos ao Globo de Ouro, que ser� entregue em 28 de fevereiro, La Llorona, Druk – Mais uma rodada e o franc�s N�s duas tamb�m foram pr�-selecionados para disputar uma vaga para concorrer ao Oscar de melhor filme internacional.

Em La Llorona, Jayro Bustamante, diretor guatemalteco de 43 anos, revelado em 2015 com Ixcanul (Pr�mio de Inova��o de Linguagem na Berlinale), fala dos fantasmas pol�ticos de seu pa�s e do ran�o do militarismo latino.

“Vivemos a cultura do �dio desde a base da forma��o da nossa na��o, o que se agrava com as intoler�ncias mais diversas. Como em qualquer pa�s latino onde o machismo impera, voc� ser gay, �ndio e/ou simpatizante da esquerda na Guatemala te torna um exclu�do. A maneira que a gente encontra de reagir, na arte, � investir em express�es est�ticas que fujam da expectativa, da norma”, diz Bustamante.

''O cinema que fa�o � uma forma de dar visibilidade � brutalidade que sofremos''

Jayro Bustamante, diretor guatemalteco


BRASIL

O cineasta diz que seu prop�sito � levar a Guatemala para o mundo. “Tem muita coisa desajustada nele que reflete o que se passa no Brasil e com outros hermanos”, observa o cineasta. Em 2019, quando colhia louros por Tremores, drama sobre a viol�ncia chamada “cura gay”, lan�ado na Mostra Panorama do Festival de Berlim, Bustamante conseguiu terminar La llorona e lev�-lo � Giornate degli Autori, no Festival de Veneza. Saiu de l� com os pr�mios de melhor filme e dire��o.

Pouco depois, o longa sobre um fantasma chor�o passou pelo Festival de San Sebasti�n, na Espanha, de onde saiu com o pr�mio de excel�ncia em coprodu��o, feita entre Guatemala e Fran�a.

“N�o h� mais lugar para hist�rias manique�stas diante de uma plateia com tanto acesso � informa��o como temos hoje. O �nico ponto que dispensa a necessidade de explica��es � o fato de a discrimina��o ser o grande mal dos pa�ses latinos”, afirma Bustamante.

“As popula��es ind�genas de nosso continente s�o desapropriadas de suas posses, invisibilizadas. Na Guatemala, a pessoa que resolve ‘sair do arm�rio’, assumir-se, precisa passar por um psic�logo para ter certeza de que n�o est� confusa. O cinema que fa�o � uma forma de dar visibilidade � brutalidade que sofremos”, explica o diretor guatemalteco.

Adaptada por Hollywood em filmes de terror, La Llorona � uma entidade associada � maternidade, que busca justi�a por meios metaf�sicos. Em sua releitura para a figura do folclore fant�stico latino, Bustamante faz uma esp�cie de “f�bula pol�tica”.

Tudo parte de um assassinato.  Alma (Mar�a Mercedes Coroy, estrela de Ixcanul) � morta  ao lado dos filhos em um conflito armado. Trinta anos depois, um processo criminal � movido contra Enrique (Julio Diaz), general aposentado que supervisionou a matan�a. Mas ele � absolvido no julgamento e o esp�rito de La Llorona � libertado para aterrorizar os vivos.

� noite, Enrique come�a a ouvir o lamento de La Llorona. A esposa e a filha acreditam que ele sofre de dem�ncia. “Numa realidade em que o Estado liga pouco para seu povo, as fam�lias ganham mais poder e as mulheres, sobretudo elas, que sempre foram oprimidas, t�m uma nova dimens�o de poder. Meus filmes falam muito do feminino, pois acredito que o mundo ser� outro, bem melhor, quando as mulheres se empoderarem”, explica o diretor.

DISPUTA

Al�m de Druk – Mais uma rodada, Bustamante vai enfrentar o franc�s N�s duas (Deux), de Filippo Meneghetti; o italiano Rosa e Momo (La vita davanti a s�), com Sophia Loren sob a dire��o de Edoardo Ponti; e Mirari, produ��o americana de Lee Isaac Chung conduzida em coreano, que ganhou Sundance em 2020.

“A gente precisa lutar para ter voz e visibilidade, sendo de uma Am�rica Hisp�nica t�o assolada pela pr�tica de vulnerabiliza��o das diferen�as. Antes de Ixcanul, nenhum longa de fic��o nosso havia tido visibilidade em um festival europeu de tamanha import�ncia como Berlinale. Levamos a realidade ind�gena para as telas da Europa”, diz Bustamante.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)