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Estado de Minas M�SICA

Ant�nio Neves refor�a a obra autoral sem abonar os cl�ssicos

Em 'A pegada agora � essa', o multi-instrumentista carioca re�ne m�sicos de peso e sinaliza que o princ�pio da arte � a liberdade


24/02/2021 04:00 - atualizado 24/02/2021 07:16

Aos 30 anos, o artista interpreta sua assinatura musical como 'uma espécie de funk-carioca-jazzístico-psicodélico'(foto: LUCAS VAZ/DIVULGAÇÃO)
Aos 30 anos, o artista interpreta sua assinatura musical como 'uma esp�cie de funk-carioca-jazz�stico-psicod�lico' (foto: LUCAS VAZ/DIVULGA��O)
Procurar uma defini��o �nica que explique a m�sica feita pelo multi-instrumentista e arranjador carioca Ant�nio Neves � uma tarefa ingrata. M�sica ambiente? Talvez. Instrumental? Majoritariamente. Experimental? Por que n�o? Nenhuma est� errada nem certa. O m�sico produz na fronteira de diversos g�neros e n�o poupa quem est� disposto a ouvi-lo. Por isso, o nome de seu rec�m-lan�ado disco, ''A pegada agora � essa'' (Far Out Recordings), j� dispon�vel nas plataformas digitais, � t�o sugestivo quanto ambicioso.

''Essa frase � um jarg�o que uso muito com meus amigos. � um neg�cio meio motivador, na brincadeira'', explica. Us�-la como t�tulo de seu segundo �lbum foi a forma que ele encontrou de deixar o trabalho com uma cara menos s�ria e mais amig�vel, o que guarda rela��o com seu disco de estreia, ''Pa 7'' (2017).

''Nos dois, eu gravei como trombonista e mantive o clarone da Joana Queiroz, mas fiz algumas mudan�as. Troquei o baixo el�trico pelo ac�stico, os teclados e synths pelos piano ac�stico e rhodes. Tamb�m variei os percussionistas em cada uma das faixas, para buscar a identidade ideal das m�sicas. E acrescentei uma rapaziada da pira��o'', explica.

Ou�a a faixa "A pegada agora � essa"


Esses s�o m�sicos de peso, como Hamilton de Holanda, Leo Gandelman, Marcos Esguleba, Ana Frango El�trico, Alice Caymmi e Eduardo Neves, pai de Ant�nio. A ideia de convid�-los surgiu ap�s o carioca assistir ao document�rio ''Quincy'' (2018), de Rashida Jones e Alan Hicks, que conta a hist�ria do lend�rio produtor norte-americano Quincy Jones.

''A forma como ele sempre trabalhou com outras pessoas, principalmente amigos, foi a gota d'�gua para eu chamar esses artistas que admiro tanto e considero g�nios. Eles dividem comigo afinidades, ang�stias e projetos. A proposta era que eles tivessem total liberdade para se expressar a partir das m�sicas que eu estava propondo, criando um espa�o de autoria'', conta.

Ou�a o disco


� por isso que cl�ssicos como ''Summertime'', de George Gershwin, ''Luz negra'', de Nelson Cavaquinho e Am�ncio Cardoso, e ''Noite de temporal'', de Dorival Caymmi, soam t�o diferentes e desconstru�dos. Ant�nio Neves e os m�sicos que trabalharam com ele no disco olharam para essas m�sicas sem o peso que elas carregam.

O mesmo vale para as faixas que s�o de autoria do m�sico carioca: ''Forte apache'', ''Lamento de um perplexo'', ''Jongo no feudo'', ''A pegada agora � essa'' e ''Simba''. Elas s�o registros de um compositor que preza pela liberdade, n�o se prende � tradi��o e se deixa levar pela intui��o.

Dos 30 anos que tem de vida, Ant�nio Neves passou mais da metade como m�sico profissional. Come�ou como baterista, aos 14 anos, em shows de samba de gafieira no bairro da Lapa, no Rio. A experi�ncia o levou a tocar em bandas dos artistas Moreno Veloso e Kassim, al�m de gravar nos disco ''Jobim, orquestra e convidados'' (2017) e ''Elza Soares canta e chora Lupi'' (2017). Ele assina tamb�m o arranjo do �timo ''Little electric chicken heart'' (2017), de Ana Frango El�trico.

Das experi�ncias com essa variedade de m�sicos ele tenta tirar o melhor. ''Aprendo muito a ouvir, pesquisar e lidar com a m�sica dessas pessoas. E contribuo da melhor maneira, tentando entender onde elas querem chegar. O resultado disso � sempre uma rela��o de amizade e aprendizado'', avalia.
Ainda que seja lan�ado neste in�cio de 2021, ''A pegada agora � essa'' n�o resulta da quarentena. A produ��o come�ou em 2018 e a previs�o inicial era de que o disco sa�sse em 2020. Por conta da pandemia, o m�sico foi aconselhado a adiar o lan�amento.

''Foi um trabalho bem lento. Ainda mais porque eu tamb�m dependia da disponibilidade das outras pessoas que convidei para participar. Quando veio a pandemia, todo mundo deu aquela dica para segur�-lo mais um pouco. At� que chegamos em 2021'', explica.

Apesar desse longo tempo 'de gaveta' que o disco teve, Ant�nio Neves garante que a vers�o final � a que foi gravada inicialmente. ''Sou um m�sico desapegado. Nesse tempo todo, sempre que pegava para ouvir, at� pensava em acrescentar camadas. Mas a� perdia o prop�sito. Esse disco � o resultado desses encontros, n�o fazia sentido eu mudar para ele parecer mais com o agora'', pontua.

Questionado se consegue definir o pr�prio trabalho, ele tenta se esquivar, como bom m�sico pouco afeito aos r�tulos. Depois de alguma insist�ncia, diz que enxerga a pr�pria m�sica como ''uma esp�cie de funk-carioca-jazz�stico-psicod�lico''. E assim � – ainda que seja tantas outras coisas.

“A PEGADA AGORA � ESSA”

De Ant�nio Neves
Far Out Recordings
Dispon�vel nas plataformas digitais


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