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Estado de Minas M�SICA

'A mediocridade sempre volta', diz Ivan Lins sobre a situa��o pol�tica

Cantor e compositor viu sucessos que gravou, como'Desesperar jamais', 'Cartomante' e 'Deixa eu dizer', ressurgirem em cita��es nas redes sociais


01/03/2021 04:00 - atualizado 01/03/2021 07:17

(foto: TV Cultura/Divulgação)
(foto: TV Cultura/Divulga��o)
N�o � dif�cil ver versos de m�sicas de Ivan Lins em posts de redes sociais. A obra do compositor, que em 2020 completou 50 anos de carreira e 75 de vida, permanece pungente e induzindo a reflex�es. 
Gravado por Elis Regina, Nana Caymmi, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Sting, Ivan Lins n�o se cala diante de quest�es que o atormentam, como o governo Jair Bolsonaro, a corrup��o e a demoniza��o da classe art�stica. "Os fatos que essas letras trazem se repetem. A corrup��o, o mau pol�tico, a grosseria, a estupidez e a mediocridade sempre voltam", diz.
O compositor, que atualmente se divide entre Lisboa e Petr�polis, no Rio de Janeiro, estava na capital portuguesa quando a pandemia do novo coronav�rus come�ou, em mar�o do ano passado. Teve de esperar para voltar ao Brasil e, aos poucos, retomar as atividades.

Um disco s� com m�sicas em parceria com Vitor Martins est� em compasso de espera. A turn� que comemoraria as cinco d�cadas de atividade, tamb�m.

''Os fatos que essas letras (de Vitor Martins) trazem se repetem. A corrup��o, o mau pol�tico, a grosseria, a estupidez e a mediocridade sempre volta''

Ivan Lins, cantor e compositor

 

Acompanhado apenas pelo tecladista Marco Brito, ele se apresentou na sexta-feira passada (26/2) num teatro de S�o Paulo, para uma plateia reduzida a 40% da capacidade, de acordo com os protocolos sanit�rios. No repert�rio, can��es como “Vieste”, “Bilhete” e “Iluminados”.

Segundo o cantor e compositor, � isto o que "o momento pede: can��es mais l�ricas, de letras mais intensas. O povo brasileiro tem uma car�ncia afetiva imensa".

Voc� n�o fez live, apenas uma participa��o na que comemorou seu anivers�rio. Por qu�?
Fiz pouca coisa neste tempo de pandemia. Dois ou tr�s shows em Portugal. Alguns passaram pela internet. Em dezembro, fiz uma apresenta��o com a Jazz Sinf�nica de S�o Paulo, metade dela, e o MPB4, que foi linda. Foi o �nico show com p�blico que fiz no Brasil at� agora. Preciso sentir o calor humano, a respira��o das pessoas. Isso � essencial para a arte.

O brasileiro est� carente?
Sim. Estamos precisando demais de amor. O povo brasileiro � carente. Tem uma car�ncia afetiva imensa.

Os versos de m�sicas suas como “Cartomante” e “Deixa eu dizer” passaram a ser usados nas redes sociais para expressar a insatisfa��o pol�tica e social no Brasil. Voc� acompanha?
Sim, “Desesperar jamais”, “Bandeira do divino”, “Novo tempo” tamb�m. A hist�ria � c�clica, igual � moda. Essas letras todas s�o do Vitor Martins. Ele sempre escreveu com essa atemporalidade, sabe que os fatos que essas letras trazem se repetem. A corrup��o, o mau pol�tico, a grosseria, a estupidez e a mediocridade sempre voltam. “Formigueiro”, de 1978, � outra que casa direitinho todos os anos. Ela fala da corrup��o na �poca da ditadura, quando se roubava muito, e os militares faziam vistas grossas para manter a maioria no Congresso e aprovar os projetos dentro daquela democracia aleg�rica que o pa�s tinha.

Voc� estava preparando um disco chamado “Can��es de rua, can��es de amor'', com letras do Vitor Martins. Ele est� pronto? 
Est� parado. Esta coisa da pandemia nos tira um pouco o �nimo. Quem tem 35, 40 anos, at� se anima em produzir mais. Quando voc� bate nos 50 anos de carreira, como eu, acha que j� fez muito, quer selecionar mais. Embora tenha composto muita coisa nesse per�odo. Inaugurei uma parceria nova com Joyce e Marcos Valle, outra com Valle e a Z�lia Duncan. Estou batendo bola com outros parceiros. Esse disco com o Vitor, vou esperar. Gosto de compor presencialmente. Ir com o Vitor para uma fazenda para fazer as can��es juntos, como sempre fizemos.
Ivan Lins e Vitor Martins em registro de 2004. Os músicos compõem em parceria desde 1974(foto: Divulgação)
Ivan Lins e Vitor Martins em registro de 2004. Os m�sicos comp�em em parceria desde 1974 (foto: Divulga��o)

Voc� tem atuado na defesa dos direitos autorais. O meio digital tem sido correto com autores e int�rpretes?
O direito autoral se modernizou e est� respondendo muito bem � classe musical. Por�m, h� um problema que as sociedades de classe e o Escrit�rio de Arrecada��o de Direitos (Ecad) sofrem, que � a arrecada��o nos meios digitais. Com a internet, ela caiu drasticamente. Vivemos de show, do direito de execu��o. Com a pandemia, sem apresenta��es ao vivo, ficou tudo muito complicado. As plataformas digitais nos pagam uma cocada e uma mariola. � totalmente injusto. O compositor ficou no final da fila. Todo mundo ganha dinheiro e, no final, o que sobra vai para o compositor. Deveria ser o contr�rio. Os compositores deveriam ganhar mais que todo mundo e n�o ficar pobres. Somos n�s que geramos a riqueza das plataformas, editoras e gravadoras, enfim, de todo o mercado. 

Mesmo com todos os seus discos nas plataformas e com tantas m�sicas gravadas por outros cantores voc� recebe pouco?
Sim. Mesmo das minhas m�sicas mais gravadas. O que chega s�o 5 centavos. Uma vergonha. N�o s� comigo, mas com todos os compositores


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