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Estado de Minas TRA�OS DE OPINI�O

Humor e arte para tratar de coisa s�ria

Desenhista e quadrinista Andr� Dahmer explica por que "nunca foi t�o f�cil e t�o dif�cil trabalhar com charge no Brasil"


04/03/2021 04:00 - atualizado 04/03/2021 07:32

(foto: Bruno Stock/Divulgação)
(foto: Bruno Stock/Divulga��o)
Pioneiro do humor gr�fico na internet, Andr� Dahmer iniciou a carreira numa �poca em que tirinhas eram consideradas mero entretenimento. Com o passar dos anos, o g�nero ganhou abordagem editorial e import�ncia de forma��o de opini�o para leitores brasileiros, tend�ncia que o desenhista e quadrinista j� seguia antes de passar a produzir para ve�culos impressos.

Nesta quinta-feira (04/03), �s 10h, ele usa dessa experi�ncia para participar de mesa de discuss�o no 1º Festival Liter�rio Infantojuvenil da Casa (Fliic). Ao lado do cartunista Antonio Juni�o e a chargista Triscila Oliveira, vai refletir sobre a import�ncia da interliga��o entre texto e imagem em hist�rias em quadrinho, tiras e textos ilustrados. O debate ser� mediado por Martin Smit.

“Atualmente, acredito que o trabalho dos cartunistas � muito semelhante ao dos colunistas. � muito opinativo”, avalia Dahmer, de 46 anos. “Nunca foi t�o f�cil e t�o dif�cil trabalhar com charge e quadrinhos no Brasil. Mas, particularmente, eu n�o vejo nada de bom nisso. Um pa�s bom para cartunista trabalhar � um pa�s ruim de morar.”

Para ele, o papel desses profissionais � “remar contra a mar�”. “Todo dia a gente acorda e l� not�cias que v�o al�m da realidade. Fazer humor com isso n�o � f�cil, mas precisamos fazer oposi��o ao terraplanismo e ao negacionismo instalados que no Brasil de tantas maneiras.”

Na ativa desde o in�cio dos anos 2000, ele assistiu a uma verdadeira revolu��o no mercado de quadrinhos e HQ’s, que s�o cada vez mais valorizados. “As pessoas come�aram a entender que quadrinho n�o � uma coisa de crian�a, pelo menos n�o exclusivamente. Claro que o Brasil ainda tem muito a aprender, principalmente com a Argentina, mas as coisas melhoraram muito por aqui. O mercado agora � outro. Temos uma nova gera��o muito bonita e a cada dia eu vejo mais quadrinistas fazendo um trabalho muito interessante”, afirma.

Ele tem ci�ncia da import�ncia do pr�prio trabalho no contexto educacional, ainda que n�o tenha isso em mente quando est� produzindo. Pai de duas meninas, Andr� Dahmer confessa que hoje o trabalho n�o � mais sua maior prioridade, e sim as filhas. Por isso, parte importante do processo � ter em mente os boletos que chegam todo m�s.

“Existe uma glamouriza��o do trabalho art�stico, como se os anjos soprassem para mim o que devo fazer. A tira � publicada diariamente, ent�o precisa ser feita custe o que custar. Com o tempo, fui ganhando mais experi�ncia. Assunto nunca falta”, pontua.

Quando a COVID-19 come�ou a se alastrar pelo Brasil, ele e as duas filhas se mudaram para o interior do Rio de Janeiro e s� voltaram oito meses depois. Nesse intervalo, n�o tiveram qualquer contato com o mundo externo, a n�o ser para pegar as compras. Ao retornar para a capital, imaginava que a pior parte j� tinha passado.

“Eu realmente achei que teria um pouco de paz, mas estamos a� batendo recordes di�rios de mortes e enfrentando o pior momento da crise. Estamos vivendo sem governo, sem orienta��o do que fazer e de como agir. Conversei com um amigo gringo esses dias, e ele ficou bastante impressionado com a maneira como os brasileiros est�o encarando a pandemia. L� fora, governos tomam uma decis�o e a popula��o acata. Aqui a gente tem que ficar indo atr�s da informa��o, checar, ver se � real, para ter certeza de qual medida tomar”, afirma.

A realidade que se apresentou no �ltimo ano tamb�m se transformou em uma barreira para o trabalho do cartunista. “Todo dia � uma prova dura para quem faz o que eu fa�o. Assim como muita gente, eu perdi parentes e amigos. A sa�da � tentar cuidar da cabe�a e da sa�de. E ficar em casa.”

Quando Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito presidente da Rep�blica em 2018, muitos amigos de Andr� Dahmer o aconselharam a deixar o pa�s, o que ele recusou com veem�ncia. Apesar do estilo do chefe do Executivo e seus seguidores, o cartunista n�o se sente afetado por ataques � liberdade de express�o.

“N�o me sinto acuado. Sou um homem branco, trabalho nos dois maiores jornais do pa�s e tenho uma situa��o financeira bastante confort�vel. N�o sou eu que vou reclamar agora. Quem mais sofre s�o os negros e pobres, para quem nunca existiu democracia”, afirma.

M�os dadas tamb�m com livros e poesia

Autor dos livros “Vida e obra de Ter�ncio Horto” (2014), “Quadrinhos dos anos 10” (2016) e “Malvados” (2019), Andr� Dahmer lan�ar� em abril seu terceiro livro de poemas, desta vez relacionados com mem�rias de inf�ncia e adolesc�ncia. Em “Impress�o sua: poemas”, editado pela Companhia das Letras, ele fala sobre paix�o, morte, sexo e amor, tudo com toques de melancolia, humor e sensibilidade.

“Esse livro foi feito em tr�s ou quatro anos e passa por diversas fases da minha vida, mas � focado principalmente na inf�ncia”, conta. “O desenho � o lugar em que me sinto mais confort�vel, por isso h� uma inseguran�a nesse trabalho. Mas hoje sinto que ele diz muito sobre mim”, conclui.

AGENDA 

Ap�s a mesa de discuss�o com a participa��o de Andr� Dahmer, o Fliic segue at� o pr�ximo domingo (7/3), com transmiss�o ao vivo e gratuita via YouTube. O festival, que come�ou na �ltima ter�a-feira (2/3), re�ne convidados de �reas variadas que dialogam sobre temas como literatura infantil, media��o de leitura, direitos humanos, escola digital, adolesc�ncia, quest�es �tnico-raciais e acessibilidade.

PROGRAMA��O

1º FESTIVAL LITER�RIO INFANTOJUVENIL DA CASA

   Quinta-feira (4/3)

>> Mesa de discuss�o: HQs, tiras e ilustra��o editorial
>> Hor�rio: das 10h �s 12h
>> Com Andr� Dahmer, Antonio Juni�o e Triscila Oliveira
>> Media��o: Martin Smit

Oficina educativa: Imagem e narrativa
>> Hor�rio: das 14h �s 15h
>> Com Jonas Meirelles, que mostrar� como a imagem acompanha o texto, em hist�rias em quadrinhos ou livros ilustrados.

Mesa de discuss�o: Saraus e slams
>> Hor�rio: das 16h �s 18h
>> Com Cibele Toledo Lucena, Cristina Assun��o e Rodrigo Cir�aco
>> Media��o: Luiza Rom�o

Performance po�tica: Preparo para arena
>> Hor�rio: das 19h �s 20h
>> Com Caetano Rom�o e Natasha Felix, que sugerem um jogo experimental entre poesia falada e m�sica.

Programa��o completa em ccparque.com


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