
A trama se passa numa metr�pole onde quatro n�cleos familiares est�o confinados. A morte de alguns pets os leva a crer que a doen�a que gerou a pandemia tem origem animal. Isoladas, as pessoas precisam lidar com o colapso iminente do mundo como o conhecem.
''A arte tem isso de contar o futuro, sem saber. Claro que a Stef [Smith] n�o previa que a gente ia chegar num coronav�rus. Ela fala de uma pandemia em que as autoridades culpam os bichos, ent�o � um pouco diferente da que estamos vivendo. Mas esse estado dist�pico, pr�-apocal�ptico, eu diria que � o mesmo'', afirma Michelle Ferreira.
O primeiro contato que ela teve com o texto foi quando participou de uma resid�ncia de dramaturgia na Esc�cia. Por l�, conheceu a autora de ''Human animals'', que foi convidada para vir ao Brasil, em 2020, e trabalhar na adapta��o da pe�a junto com a diretora e o elenco – composto pelos atores Noemi Marinho, Lu�s M�rmora, Clayton Mariano, Flow Kountouriotis, Debora Gomez e R�ggis Silva. A pandemia (a real) impediu a viagem, e todo o trabalho foi transferido para o ambiente virtual.
Transmiss�es on-line causaram reinven��o nas artes c�nicas
Por ser roteirista com experi�ncia no audiovisual, Michelle conta que teve facilidade para adaptar o texto para o on-line. ''A obra teatral merece uma roteiriza��o para esse novo universo. E esse meu tr�nsito por outras linguagens me ajudou a ter uma vis�o ampliada. Foi um caminho de muitos desafios, mas quando voc� tem uma equipe profissional que sabe trabalhar, tudo fica mais divertido'', diz.A diretora tamb�m aposta que o p�blico vai se identificar com os personagens. ''Cada um lida com o confinamento de um jeito. Tem gente que bebe, tem gente que transa, dorme, l� um livro e etc. S�o v�rios espectros, cada um vive esse momento de uma maneira. E apesar de ser um pouco dist�pico, a gente procurou manter a beleza e passar uma certa esperan�a.''
Em cartaz at� o pr�ximo dia 26, de ter�a a sexta-feira, ''Human animals'' ser� encenada em tempo real, captada por meio da plataforma Zoom. Durante a transmiss�o, o videoartista Flavio Barollo ir� realizar interven��es visuais nas imagens. ''Por isso a montagem flerta com a videoarte nessa mescla de imagem, som e narrativa'', explica a diretora.
Para ela, as falhas que podem ocorrer durante a transmiss�o, bastante comuns em chamadas de v�deo, s�o o que aproxima o teatro virtual do presencial. ''Muitas coisas podem dar errado, assim como no palco, diante do p�blico. E isso � adrenalina tamb�m. � o risco inerente ao teatro.''
�s v�speras de a pandemia completar um ano no Brasil, Michelle Ferreira avalia como positiva a maneira como as artes c�nicas se reinventaram durante esse per�odo, por meio de lives e grava��es de pe�as para serem transmitidas pela internet.
''Nasceu uma nova forma de dramaturgia e de trabalhar. Uma vez que elas foram descobertas, n�o tem volta. S�o novas linguagens. E eu n�o me preocupo em dar nome. Eu me preocupo em fazer o meu trabalho e comover o p�blico de alguma maneira. Nem que seja na tela do celular.''
Ainda assim, ela n�o acredita que o teatro presencial tenha acabado e espera poder encenar diante da plateia o quanto antes poss�vel. ''Quando for seguro aglomerar de novo, o teatro vai mostrar mais uma vez que tem uma responsabilidade civilizat�ria muito importante, ainda mais em um pa�s em peda�os como o nosso. Vai ser um frisson gigante. Eu mal posso esperar.''
“HUMAN ANIMALS”
Estreia nesta quarta-feira (10/03), �s 22h, no canal da Metropolitana Gest�o Cultural. A pe�a segue em cartaz at� o pr�ximo dia 26, de ter�a a sexta-feira, sempre �s 22h. Dura��o: 55min. Gratuito.